Joe Valle pode voltar à CLDF e virar placar a favor do Uber
Atualmente secretário do GDF, Joe Valle negocia com seu suplente na Câmara Legislativa, Roosevelt Vilela, voto contra o limitador de carros registrados no serviço. Recusa de seu suplente deve fazê-lo retornar à Casa
atualizado
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A votação sobre a regulamentação do Uber pode sofrer uma reviravolta na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Um novo — e surpreendente — personagem deve virar o placar a favor da liberação do aplicativo. Joe Valle (PDT), secretário de Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do DF, pretende deixar o cargo para garantir que o serviço seja liberado na capital sem restrições no número de carros.
A presença de Joe Valle na votação desta terça-feira (28/6) é garantida por uma fonte do grupo do distrital licenciado. Com seu apoio, a virada no placar não dependeria do voto de Liliane Roriz (PTB), deputada que está de licença-médica. Na última quinta-feira (23/6), Liliane disse que apoiaria a liberação completa do serviço, o que fez com que os distritais pró-táxi esvaziassem o plenário da Casa para impedir que a proposta fosse votada.O placar estava em 12 votos pró-táxi e 11 pró-Uber na última sessão. Liliane empataria o jogo. A decisão ficaria nas mãos da presidente da Casa, Celina Leão. Nesta terça, a filha de Joaquim Roriz não deve comparecer à votação. E, com a chegada de Joe Valle, o lado pró-Uber ganharia reforço, ao mesmo tempo em que tiraria o voto de Roosevelt Vilela, seu suplente, que apoia o controle do serviço.
“Eu sou a favor da liberação de aplicativos como o Uber e tenho exposto isso em minhas redes sociais. Mas não sou contra os taxistas. Esperamos que os deputados votem contra o limitador”, diz Joe Valle. Pessoalmente, ele não confirma sua volta à Câmara Legislativa. O secretário conta que teve uma conversa com o deputado Roosevelt para “construir um acordo” e impedir o limitador do Uber.
A negociação é confirmada por Roosevelt Vilela, que ainda não cedeu à pressão do colega. “O Joe me pediu para que votasse contra o limitador, sim. Somos parceiros e eu sou a favor do Uber, mas temos de restringir. Do contrário, o preço vai cair por causa do número de motoristas, cada um vai fazer apenas uma viagem e, depois, eles virão reclamar aqui, alegando que foram enganados pelo Uber”, comenta Vilela.
Segundo Roosevelt, uma possível volta de Joe Valle deveria ser avisada com 48 horas de antecedência e o secretário não teria feito o pedido com prazo suficiente. Ele acredita que vão construir juntos a melhor solução.
A proposta
O PL 777/2015 chegou à Câmara em novembro de 2015 em regime de urgência. Desde então, ficou estacionado nas comissões. Só saiu da garagem quando três irmãos foram agredidos por taxistas, depois de serem confundidos com condutores do Uber. A presidente da Casa, Celina Leão (PPS), então, afirmou que a matéria havia sido discutida amplamente e deveria seguir para o Plenário.
Um acordo para estabelecer consenso nunca se concretizou. Na verdade, a matéria dividiu a Câmara. Depois de criar dois substitutivos e mais de 50 emendas, os parlamentares decidiram aprovar o texto do governo, com algumas mudanças. Entre elas, a emenda 65, que restringia o número de veículos para aplicativos a 1,7 mil e ainda dava prioridade para os taxistas atuarem nesse contingente.
A medida representaria o fim do Uber ou de qualquer aplicativo de transporte privado que pudesse vir a ser criado em Brasília, além de provocar a exclusão de 5 mil postos de trabalho. Depois de manifestação da Ordem dos Advogados do Brasil do DF (OAB-DF) sobre a inconstitucionalidade da medida, os deputados mudaram de opinião. Na última quinta-feira (23), a polarização ficou em torno do número de carros.