Infiltrações ameaçam destruir quase 30 anos de arquivos da CLDF
A cada chuva forte servidores precisam se desdobrar para evitar que documentos históricos sejam destruídos
atualizado
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Quase 30 anos de história documental da Câmara Legislativa está ameaçada por infiltrações e vazamentos localizados em duas extremidades do arquivo central da Casa. O problema não é novo e se arrasta desde que a sede do parlamento local, orçada em R$ 120 milhões, foi transferida para o Eixo Monumental, há cerca de 10 anos.
O arquivo central da CLDF fica localizado no 2º Subsolo da Casa, no mesmo andar onde estacionam os parlamentares. Lá, estão armazenadas 7.560 caixas com documentos, o equivalente a 1.080 metros lineares de papel, como projetos de lei, requerimentos, processos administrativos, informações sobre cada um dos servidores, entre outros. Tudo está arquivado desde 1991, quando a sede ainda ficava no Setor de Áreas Isoladas Norte.
Estão guardadas, ainda, outras 392 caixas de 56 metros contendo mídias de várias naturezas documentais.
Instalado abaixo de um dos jardins externos do parlamento local desde a inauguração do atual prédio, sempre que chove forte os servidores precisam se mobilizar para não deixar os documentos serem atingidos pela água.
“Há o risco de destruição, sim. Sempre que a chuva é mais forte, informamos o que está acontecendo. Várias intervenções já foram realizadas, consertos, mas nunca, em 10 anos, conseguiram resolver o problema. Eles vêm, fazem um reparo paliativo, mas na próxima chuva a água desce de novo”, conta um servidor que preferiu não se identificar.
O problema é conhecido da Divisão de Serviços Gerais (DSG), ligada à Segunda Secretaria. De acordo com a chefia da DSG, uma equipe de engenheiros da CLDF estuda formas de resolver o problema, mas “sempre que consertam ele aparece em outro local”.
Em um dos casos, de acordo com a chefia da própria repartição, o conserto foi feito em um dia, mas na chuva seguinte foi visto a quatro metros do primeiro.
Destruição
Não são apenas as infiltrações que preocupam os guardiões da história do Legislativo. O encanamento do sistema central de ar-condicionado passa na outra extremidade do arquivo e foi o responsável por despejar água sobre as caixas.
“Não tem muito tempo que esse cano estourou e lançou água em cima das caixas. Tivemos de correr para salvar os documentos e, ainda bem, nenhum foi destruído. Depois, tivemos que secar tudo”, conta o funcionário público que prefere não mostrar o rosto.
Anteriormente, ouve pedido para que os canos sejam, ao menos, isolados, mas não haviam sido atendidos até sexta-feira (06/03).
Apesar de a Câmara Legislativa ter entrado na era da digitalização de documentos, os trabalhadores do arquivo explicam que o material guardado não deve passar pelo processo. O receio é que esse material, por alguma falha técnica, acabe sumindo no futuro.
O que diz a DSG?
De acordo com Divisão de Serviços Gerais da CLDF, diversas medidas foram tomadas para contornar o problema, porém, sem sucesso. Além da equipe de servidores que acompanha o caso, uma empresa terceirizada de engenharia foi contratada e está prestes para ir à CLDF quando ocorrerem chuvas mais intensas a fim de identificar e sanar o problema.
Nesta segunda-feira (09/03), novos reparos e análises serão realizadas no local.
A DSG informou ainda estudar a mudança de local do arquivo para evitar perdas de documentos. Não há um espaço definido, pois a principal dificuldade é a instalação dos armários, que são móveis e de grande porte.
Problemas
O prédio da Câmara Legislativa está às vésperas de completar 10 anos de inauguração. Neste período, acumulou muitos problemas estruturais mostrados anteriormente pelo Metrópoles. São infiltrações, vazamentos, pias e filtros quebrados, além do piso do 3º andar solto.
Há pouco mais de um mês, a reportagem mostrou que a falta de zelo vai além. Mesmo recebendo centenas de pessoas diariamente, a sede do Legislativo está com todos os extintores de incêndio com validade vencida.
A Procuradoria-Geral da Casa autorizou a recomposição dos extintores sem licitação, mas um mês depois, o material não foi substituído.