Ibaneis recua e torna nomeação de Rogério Ulysses sem efeito
Ex-deputado distrital condenado nos desdobramentos da Caixa de Pandora havia sido indicado para a Casa Civil. “Trabalho até de graça”, disse
atualizado
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O governador Ibaneis Rocha (MDB) recuou e tornou sem efeito a nomeação do ex-deputado distrital Rogério Ulysses. Ele havia sido indicado para ocupar uma diretoria dentro da estrutura da Casa Civil, órgão considerado estratégico no governo. A decisão foi publicada em edição extraordinária do Diário oficial nessa segunda-feira 914/1).
Na semana passada, ele foi nomeado pelo emedebista como diretor de Programas e Operações da Subsecretaria de Desenvolvimento Regional e Operações nas Cidades, da Secretaria Adjunta das Cidades, da Casa Civil do Distrito Federal. O cargo, de CNE-07, oferece gratificação de R$ 4.684,66.
A nomeação acirrou o embate entre o emedebista e integrantes do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Os promotores questionavam a legitimidade de o ex-distrital ocupar o cargo, visto que sentença em segunda instância cassou os direitos políticos de Rogério Ulysses. Professor concursado, ele ficou impedido também de ocupar funções públicas.
O impasse fez com que Ibaneis Rocha consultasse a Controladoria-Geral e a Procuradoria-Geral do DF. “A situação já foi analisada e a nomeação será tornada sem efeito”, informou o governador ao Metrópoles. Na prática, o ato que nomeou o ex-deputado perde a validade tão logo a correção for publicada no Diário Oficial do Distrito Federal.
Antes de saber da confirmação dada pelo chefe do Executivo, Rogério Ulysses conversou com a reportagem. “Se for verdade, não há problema algum. Para este governo, trabalho até de graça. É o melhor governo que o DF poderia ter”. De férias na Secretaria de Educação, ele ainda não havia tomado posse no cargo.
Condenação
Ficha suja, o ex-parlamentar está com os direitos políticos suspensos e proibido de ocupar cargo público até 2022. Assim, não poderia assumir o posto. Também na semana passada, Ibaneis disse que não voltaria atrás em nenhuma nomeação.
Ulysses havia sido o sexto ex-deputado distrital a ganhar espaço na estrutura do Governo do Distrito Federal (GDF). Derrotado nas urnas em 2018, Cristiano Araújo (PSD) foi indicado para a Diretoria de Administração do Metrô-DF; Wellington Luiz (MDB) comanda a Codhab; Raimundo Ribeiro (MDB) está na diretoria da Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa); e Bispo Renato (PR) ficará na articulação política com a Câmara Legislativa. Washington Mesquita (PTB) ficou com a Subsecretaria do Idoso.
Rogério Ulysses foi condenado após as investigações da Caixa de Pandora, operação que levou ao afastamento do então governador José Roberto Arruda, em 2009. O ex-deputado distrital foi denunciado pelo Ministério Público por supostamente ter recebido uma “mesada” de R$ 60 mil durante 35 meses para apoiar o governo Arruda (2006 a 2009).
A defesa alegou que não existem provas de favorecimento financeiro por parte do ex-parlamentar, mas os argumentos foram rejeitados pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) e a condenação foi mantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ex-deputado também é acusado de corrupção passiva.