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Ibaneis quer transformar residência oficial em centro de tratamento

Próximo governador dispensará imóvel de Águas Claras e direcionará área de 5 mil m² para cuidar de pessoas com deficiência e doenças raras

atualizado

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GDF/ Divulgação
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1 de 1 roac 2 - Foto: GDF/ Divulgação

Com uma área total de 5 mil metros quadrados – e gastos proporcionais a essas dimensões –, a Residência Oficial de Águas Claras (Roac) deixará de ser a casa do titular do Palácio do Buriti. Morador do Lago Sul, o governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), declarou que não usará o imóvel nem mesmo para reuniões oficiais.

A decisão é resultado das constantes críticas aos gastos gerados pela estrutura aos cofres públicos. Apenas em 2018, o governo local reservou R$ 247 mil exclusivamente para abastecer a despensa da mansão do Executivo durante um ano. Por esse valor, estavam previstas compras de bacalhau, chocolate e castanhas, por exemplo.

O emedebista pretende transformar o endereço em centro de convivência e de referência para pessoas com deficiência e portadoras de doenças raras. A estrutura deverá contar com equipes multifuncionais para atendimentos especializados para cada tipo de quadro clínico. O objetivo é oferecer em um mesmo lugar serviços como terapia ocupacional, fonoaudiologia, hidroterapia, equoterapia e psicologia, entre outras especialidades.

A ideia foi herdada de Alírio Neto (PTB), que foi candidato a vice-governador na chapa de Eliana Pedrosa (Pros). O ex-adversário apresentou a proposta como condição para apoiar Ibaneis no segundo turno. “O projeto ainda não está detalhado, mas, quando ele me trouxe a ideia, eu a aprovei imediatamente”, disse o gestor eleito ao Metrópoles.

Segundo Alírio, a proposta é que o local seja autossustentável e não necessite exclusivamente dos recursos do Estado. Para isso, haveria arrendamento de áreas específicas por entidades sociais. “Defendo que o projeto não dependa de um governo ou de outro, o que acaba resultando em remoções de especialistas, o que também atrapalha no tratamento”, explicou o ex-deputado distrital.

“Queremos dar dignidade a todos com esse espaço, mas o detalhamento virá mais à frente. Os valores gastos na manutenção da residência serão bem aproveitados para atender esse segmento, que nunca teve um espaço exclusivo”, completou Ibaneis.

DODF/Reprodução


Histórico de gastos
Embora o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) use o imóvel para promover reuniões políticas e eventualmente o utilize como dormitório, a Roac é um verdadeiro ralo de dinheiro público. De acordo com dados do Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo), em 2017 foram gastos R$ 232.677,39 com alimentação no local; em 2016, foram R$ 205.475,78; em 2015, R$ 235.316,45.

Na gestão de Agnelo Queiroz (PT), as cifras eram bem maiores: R$ 1.331.353,04, em 2014; R$ 1.208.841,34, em 2013; R$ 1.120.486,08, em 2012; R$ 550.396,66, em 2011. O petista ainda fez uma reforma no local, no valor de R$ 1,5 milhão, com a construção de uma sala de reuniões e uma casa de hóspedes com três suítes.

À época, Agnelo informou à Companhia Urbanizadora do DF (Novacap) que o custo incluiu a troca de toda a rede hidráulica e elétrica, a compra de móveis e um novo projeto de paisagismo.

Além de 67 novas cadeiras para a sala de reuniões, foram instaladas persianas controladas eletronicamente e nove sofás para apenas uma das três suítes erguidas. O piso dos cômodos passou a ser de porcelanato e houve instalação de ar-condicionado em todas as dependências. Na ocasião, o Governo do Distrito Federal (GDF) adquiriu dois fogões elétricos, quatro refrigeradores duplex, cinco micro-ondas, um forno elétrico, três refrigeradores frigobar, três cafeteiras industriais e três bebedouros elétricos.

GDF / Divulgação
Uma das dependências da Residência Oficial de Águas Claras: rotatória para desembarque de autoridades

 

História
Com 5.640m², a Residência Oficial de Águas Claras foi construída em 1961. Antes do nome atual, foi chamada de Granja Modelo 5, Residência Vicente Pires e Granja Águas Claras. Atualmente, além de eventos e reuniões oficiais, o local recebe visitantes pré-agendados – grupos de até 30 pessoas – para visitas guiadas. A decisão de abrir o espaço para a comunidade foi da atual primeira-dama, Márcia Rollemberg.

Segundo consta no portal do GDF, “onze governadores residiram na Roac: Elmo Serejo, Aimé Lamaison, José Ornellas, José Aparecido, Joaquim Roriz, Wanderley Vallim, Cristovam Buarque, Maria de Lourdes Abadia, José Roberto Arruda, Agnelo Queiroz e, atualmente, Rodrigo Rollemberg”.

De acordo com o site, “durante todos esses mais de cinquenta anos, a residência tem sido sede de diversos eventos do alto escalão do Governo do Distrito Federal e do Executivo federal, em alguns momentos pontuais”.

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