Ibaneis pede à Controladoria análise sobre nomeação de Rogério Ulysses
Ficha suja condenado na Pandora, ele foi nomeado como diretor de Programas e Operações da Subsecretaria de Desenvolvimento Regional
atualizado
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O governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou, nesta segunda-feira (14/1), à Controladoria-Geral do DF que analise a situação jurídica do ex-deputado distrital Rogério Ulysses, condenado em segunda instância por improbidade administrativa e denunciado por corrupção no âmbito da Caixa de Pandora. Na semana passada, ele foi nomeado pelo emedebista como diretor de Programas e Operações da Subsecretaria de Desenvolvimento Regional e Operações nas Cidades, da Secretaria Adjunta das Cidades, da Casa Civil do Distrito Federal. O cargo de CNE-07 oferece remuneração de R$ 4.684,66.
Ficha suja, o ex-parlamentar está com os direitos políticos suspensos e proibido de ocupar cargo público até 2022. Assim, não poderia assumir o posto. Também na semana passada, Ibaneis disse que não voltaria atrás em nenhuma nomeação.
Trata-se do sexto ex-deputado distrital a ganhar espaço na estrutura do GDF. Derrotado nas urnas em 2018, Cristiano Araújo (PSD) foi indicado para a Diretoria de Administração do Metrô-DF; Wellington Luiz (MDB) comanda a Codhab; Raimundo Ribeiro (MDB) está na diretoria da Adasa; e Bispo Renato (PR) ficará na articulação política com a Câmara Legislativa. Washington Mesquita (PTB) ficou com a Subsecretaria do Idoso.
Rogério Ulysses foi condenado após as investigações da Caixa de Pandora, operação que levou ao afastamento do então governador José Roberto Arruda, em 2009. O ex-deputado distrital foi denunciado pelo Ministério Público por supostamente ter recebido uma “mesada” de R$ 60 mil durante 35 meses para apoiar o governo Arruda (2006 a 2009).
A defesa alegou que não existem provas de favorecimento financeiro por parte do ex-parlamentar, mas os argumentos foram rejeitados pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) e a condenação mantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O ex-deputado também é acusado de corrupção passiva.
Depois do escândalo da Pandora, Rogério Ulysses saiu da política. Ao Metrópoles, o ex-distrital disse que não foi informado dessa decisão pelo governador: “Mas se for verdade, não há problema algum. Para este governo, trabalho até de graça. É o melhor governo que o DF poderia ter”. Ele ainda não tomou posse no cargo. “O ato tem validade de 30 dias. Até lá, vamos ver se sou efetivado ou não”, completou.
O outro lado
No dia da nomeação, em nota, a assessoria de comunicação do GDF disse que a indicação do ex-deputado “não fere o compromisso de campanha do governador”. Afirmou, ainda, não haver condenação transitada em julgado.
“Ademais, trata-se de uma pessoa que tem profunda ligação com a comunidade, conhece os problemas das cidades do DF e é reconhecido até hoje como o melhor administrador de São Sebastião”, destacou o comunicado.
Rogério Ulysses afirma que o processo não chegou ao fim. “O Ibaneis, como uma pessoa do direito, sabe que só há condenação quando há sentença transitada em julgado”, assinalou.
O ex-parlamentar lembra que é servidor público concursado e agora foi convidado para assumir uma função diferente da sua, de professor. “O que o governador Ibaneis está fazendo é entender que posso ser mais útil na posição que ele me designou.”
O ex-deputado recorreu da condenação e sustenta, ainda, que há erros e falhas em seu processo e acredita que “muito em breve” será “absolvido integralmente”.
“Não entendi, até hoje, por que falaram no meu nome em uma conversa na qual eu não estava. O MP fez um documento, um relatório sobre a minha vida, e a conclusão é que nunca houve movimentação atípica. Estamos questionando a retirada desse documento dos autos”, acrescentou. Segundo ele, o delator do caso Caixa de Pandora, Durval Barbosa, admitiu que não o conhece.
Na nova função, Rogério Ulysses explica que não ficará responsável por orçamento: irá colaborar com o SOS DF, primeira medida de intervenção nas cidades anunciada pelo novo governador.