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Ibaneis: crise entre André Clemente e Rafael Parente está pacificada

Um dia após “treta virtual” envolvendo secretários em grupo de WhatsApp, governador diz que situação foi contornada

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Renato Alves/Agência Brasília
rafael Parente e andré Clemente
1 de 1 rafael Parente e andré Clemente - Foto: Renato Alves/Agência Brasília

No dia seguinte à briga, em um grupo de WhatsApp, entre os secretários André Clemente (Fazenda, Planejamento, Orçamento e Gestão) e Rafael Parente (Educação), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que o problema foi superado.

“Em toda casa há esse tipo de embate. Passaram um pouco do limite, mas já se desculparam e estão trabalhando juntos. Isso é parte de uma equipe bastante unida. Os debates são necessários para que os ajustes ocorram. Mas são duas pessoas maduras, têm a minha confiança e já estão conversando normalmente”, comentou Ibaneis Rocha.

Nesta quarta-feira (3/4), o Governo do Distrito Federal (GDF) mobilizou uma tropa de choque para conter o desconforto gerado. Dentro do Palácio do Buriti, especulou-se que Parente pudesse entregar o cargo. Contudo, o núcleo do Executivo entrou em campo para acalmar os ânimos do secretário, que permanecerá à frente do órgão, segundo confirmou ao Metrópoles.

Na avaliação de Ibaneis, o Educa DF, o ponto de ignição da “treta virtual” entre os secretários, é um “belíssimo projeto” que precisa de ajustes pontuais.

Mesmo com o peso da crise financeira deflagrada por recente decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), Ibaneis considera que o GDF será capaz de captar recursos do governo federal e de instituições financeiras para custear o programa educacional de Parente – que inclui computadores disponíveis para estudantes e professores.

O governador lembrou que o GDF já negocia uma ampliação do financiamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para o projeto dos colégios com gestão compartilhadas com a PM e o Corpo de Bombeiros, popularmente conhecidos como escolas militarizadas. “Vamos buscar os recursos e vamos efetivar o Educa DF”, prometeu.

A confusão
O climão começou na terça (2), com uma postagem de André Clemente no grupo Secretários de Governo, que reúne todo o primeiro escalão do Poder Executivo. Clemente compartilhou um PDF do Programa Educa DF com os seguintes dizeres:

“Muito bonito! Mas quero saber de onde vai vir o dinheiro. Vai anunciar, criar expectativa e depois jogar a culpa na Fazenda, porque não recebeu orçamento e o dinheiro. Computador para cada professor, computador para cada estudante?”, questionou.

Sob os olhares curiosos de mais de duas dezenas de colegas, Rafael Parente, para quem o ataque foi direcionado, respondeu longamente no grupo. Entre seus argumentos, o seguinte:

“Você já me questionou publicamente uma vez e eu me coloquei à sua total disposição para explicar. Criamos um plano de estratégias para serem executadas nos próximos quatro anos. Apresentamos o mesmo para os distritais, federais e senadores. Eles prometeram emendas. Há R$ 4 milhões da Inframerica para isso, nosso governador orientou que o FAP [Fundo de Amparo à Pesquisa] ajude com recursos. Já temos também o apoio de instituições do terceiro setor… Questionamentos públicos, desta forma, não vão ajudar nem a você, nem a mim, nem contribuir para o clima de cooperação, respeito e admiração em nosso time.”

Ao final do textão, Parente se despede com dois emojis: um sorrisinho e as mãozinhas do “bate aqui”.

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Código Penal
O efeito foi de espalha-brasas. Clemente, o dono das chaves do cofre, seguiu na linha dura da repreensão pública. “Você não vai expor o governo e a Secretaria de Fazenda e Planejamento. Não mesmo. Você não tem orçamento e financeiro nem para pagar as suas contas. Resolva as suas despesas sem contrato e, depois, venha falar nestas novas despesas”, disse o secretário de Fazenda. E sugeriu a Parente: “Dê uma lida no Código Penal, artigo 359-D”.

O trecho citado por Clemente trata das sanções jurídicas sobre ordenamento de despesas não autorizadas por lei: pena de 1 a 4 anos de reclusão.

A temperatura máxima atraiu a atenção do corregedor do DF, Adelmário Castro. “Existe previsão orçamentária que suporte a compra de computadores? Ou as aquisições dependem de recursos de terceiros?”, questionou.

Foi então que o chefe da Casa Civil, Eumar Novacki, entrou no debate: “Importante que haja planejamento! Só devemos anunciar aquilo que, com certeza, temos condições de entregar”. Momento em que Clemente arrematou: “Você tem 406 pessoas na sua Suag [Subsecretaria de Administração-Geral] recebendo 1.000 concursados, gratificação de diretores e ainda pede aumento de estrutura. Surreal”.

Rafael Parente marcou o corregedor e o respondeu: “Existe previsão para a compra de kits de robótica. Como expliquei, combinamos o envio de emenda. Há, também, recursos do FNDE para computadores destinados ao ensino médio”.

Clemente manteve-se no ataque: “Amanhã vou convocar uma reunião com a Controladoria, Deco [uma delegacia especializada em crime organizado contra a administração pública] e TCDF [Tribunal de Contas local] para começar. Ou se enquadra, ou responde”.

A treta seguiu, mas Rafael Parente preferiu encerrar o barraco e não mais responder às provocações. As farpas foram trocadas horas antes da grande reunião convocada por Ibaneis Rocha com o objetivo de pedir que os secretários recorressem à criatividade para tocar suas pastas: “Não existe dinheiro”, cravou.

Clemente aproveitou o momento de reunião com todos os secretários e pediu desculpas públicas a Parente. Diante dos colegas, ele admitiu que exagerou e retratou-se com o titular da Educação.

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