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Grupo de mulheres do PT cobra “medidas” no caso Wilmar Lacerda

Indiciamento do petista por favorecer prostituição divide partido. “Machismo que permeia sistema político está também no PT”, critica grupo

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Alessandro Dantas/PT
Wilmar Lacerda
1 de 1 Wilmar Lacerda - Foto: Alessandro Dantas/PT

Dez dias depois de o Metrópoles revelar que o ex-secretário de Administração do DF Wilmar Lacerda era alvo de uma investigação policial por favorecimento à prostituição, o PT, legenda à qual é filiado, decidiu analisar o caso em reunião agendada para esta segunda-feira (27/11). A tímida reação inicial, tomada após a notícia te sido veiculada, dividiu a sigla. A Secretaria de Mulheres da agremiação criticou a ação do político e exigiu análise imediata do caso pela cúpula petista.

“O machismo que permeia o sistema político está também no PT e nossa luta é incansável contra as relações de poder que sustentam a supremacia masculina. Seja dentro ou fora do partido”, justificou o colegiado em nota. Lacerda foi indiciado pela 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), semana passada,  por “submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos”. Ele é acusado de ter transado com uma jovem de 17 anos em troca de lanches.

O delito estabelece pena de 4 a 10 anos. A denúncia provocou constrangimento ao senador Cristovam Buarque (PPS), que decidiu suspender o licenciamento do cargo para fazer pré-campanha pelo país. Caso se licenciasse, Lacerda, primeiro suplente, assumiria a cadeira no Senado.

A nota destaca, ainda, a bandeira do partido contra a violência e a discriminação: “A disputa política não pode secundarizar uma questão tão central para nós, mulheres, como o combate ferrenho ao machismo em todos os espaços. O PT, historicamente, atua na luta pela vida das mulheres, contra as violências que nos atingem, a exploração sexual e os assédios”.

Para a secretária de Mulheres do PT-DF, Andrezza Xavier, embora o caso seja grave, houve uma divisão interna na legenda, já que alguns creditam a denúncia aos adversários: “Chegamos a esse entendimento que agradou algumas mulheres e outras não gostaram. Mas, trata-se de um posicionamento coletivo, que deve ser respeitado porque foi tirado democraticamente. A maior preocupação tem que ser com a adolescente”.

Impunidade
A presidente do PT-DF, deputada federal Érika Kokay, nega qualquer intenção de deixar o caso de lado. A dirigente afirma que, a partir da discussão da executiva, um grupo pode ser criado para acompanhar a questão ou o próprio Wilmar Lacerda pode ser chamado para prestar esclarecimentos.

“O partido vai estar acompanhando o processo para garantir que não fique nenhum vestígio de impunidade. Temos uma posição clara de defesa dos direitos das mulheres e combate à violência contra a criança. A executiva vai acompanhar todas as investigações sem negar presunção de inocência”, disse.

Uma das questões levantadas pelas mulheres petistas é a continuidade de Wilmar como chefe de gabinete na liderança do PT no Senado. Sobre isso, Érika Kokay explicou que talvez não seja um assunto para a executiva regional deliberar: “Ele não assumiu esse cargo por uma orientação nossa. De qualquer forma, não posso especular qualquer tipo de orientação, porque será uma decisão coletiva.”

Relação afetiva
Em sua defesa, Wilmar Lacerda confirmou que manteve “uma relação afetiva” com a jovem, porém, desconsiderou a idade dela. Segundo ele, à época (final do ano passado), estava separado da esposa. “O relacionamento não ocorria às escondidas ou por meio de pagamento de qualquer espécie”, disse. O político ressaltou que os encontros eram de conhecimento da mãe da adolescente. “Portanto, não foi ilegal a relação que tive”, justificou.

A versão, entretanto, foi desmentida pela mãe da menina, em entrevista ao Metrópoles. Ela disse que só tomou conhecimento do assédio do político porque leu mensagens enviadas por ele para sua filha via WhatsApp.

A mulher contou que, além de Lacerda, outros homens ofereciam vantagens para sair com a menina. Quando não iam apanhá-la na própria residência, em Planaltina, a garota era levada por uma suposta agenciadora de jovens bonitas da cidade. “Ela ficava horas e horas no celular, conversando. Daí, saía e, quando voltava, estava drogada, bêbada e nervosa”, relatou.

Em depoimento à polícia, a adolescente afirmou que a relação com o político teria sido intermediada por uma agenciadora chamada Rebeca. O primeiro encontro entre os dois ocorreu em um bar da Quadra 5 da cidade. Em outro, os dois teriam almoçado no Torre de Pisa, no Shopping Conjunto Nacional.

Após a refeição, o petista teria convidado a jovem para o apartamento dele, ocasião em que aconteceu a primeira relação sexual entre os dois. Apesar das promessas de Rebeca de que seria bem remunerada, segundo relato da adolescente, Wilmar se recusava a lhe dar dinheiro.

“A declarante manteve relação sexual com Wilmar Lacerda por cinco vezes, o qual nunca pagou em espécie, pois dizia que não tinha dinheiro, mas sempre pagava um lanche”, consta num dos trechos do boletim policial.

Após o primeiro encontro, Wilmar e a menina trocaram mensagens pelo WhatsApp e teriam saído outras quatro vezes. Ela conta que, apesar de seus pedidos, o futuro senador se recusava a usar camisinha.

“Recorda que Wilmar não gostava de usar preservativo e dizia que não havia risco de a declarante engravidar, pois havia feito um procedimento de retirada de sêmen e guardado em uma clínica”, descreve a garota, em outra parte da ocorrência.

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