GDF ainda gasta R$ 40 milhões por ano com a extinta SAB
O governo local não conseguiu finalizar o processo de liquidação da antiga Sociedade de Abastecimento de Brasília
atualizado
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Em processo de liquidação há 15 anos, a Sociedade de Abastecimento de Brasília (SAB) ainda custa caro aos cofres públicos e consome, anualmente, mais de R$ 40 milhões apenas com a folha de pagamento e serviços de manutenção. Na tentativa de se livrar da dívida, o governo lançou, em outubro do ano passado, um plano de demissão voluntária para algumas empresas públicas do Distrito Federal, incluindo a SAB. Dois meses depois, sancionou a Lei nº 5.565, que liquidava a sociedade e incorporava 13 terrenos da estatal ao patrimônio do GDF. A ideia era vender as áreas e arrecadar pelo menos R$ 96 milhões. Mas o Executivo não conseguiu compradores, o processo de liquidação não chegou ao fim e a fatura recai sobre o colo do contribuinte.
O servidor Jefferson Boechat foi designado para agilizar a liquidação dos 13 lotes postos à venda pelo governo. Segundo Boechat, entre os terrenos mais valiosos está um localizado na QI 5 do Lago Sul, onde funcionava um supermercado (foto principal). Segundo apurou o Metrópoles, o local está fechado há mais de cinco anos. “Este é chamado de joia da coroa, porque fica perto do Gilberto Salomão”, disse Boechat.
Apesar de o terreno do Lago Sul estar em uma das áreas mais valorizadas do Distrito Federal, o Executivo local não consegue vendê-lo. O GDF também tem dificuldade para atrair compradores interessados nos outros terrenos. “No caso dos lotes vazios, pouca gente se interessou”, informa Boechat.
Servidores
Ao mesmo tempo em que os terrenos seguem à espera de compradores, o GDF desembolsa recursos para pagar os salários dos 338 servidores remanescentes da SAB, que estão distribuídos em várias repartições públicas. Boa parte deles, 160, foi lotada na Secretaria de Saúde. Mas quem arca com os vencimentos é a Secretaria de Planejamento.
O Metrópoles teve acesso ao quadro detalhado de despesa entre 2013 e março de 2016. Nesse período, a SAB consumiu R$ 136,9 milhões aos cofres públicos. De acordo com o detalhamento, a maior parte desses recursos foi para pagar despesas com administração de pessoal: R$ 133 milhões.
Em 2013, a SAB recebeu, de repasse do governo, R$ 40 milhões. Já em 2014, esse montante foi elevado para R$ 43 milhões. No ano seguinte, o valor foi praticamente o mesmo: R$ 43,7 milhões. E, nos três primeiros meses de 2016, o GDF já pagou R$ 9,8 milhões.
Histórico
A SAB foi criada em 1962 com a finalidade de abastecer a população da nova capital. Eram vendidos principalmente produtos do Distrito Federal. Na década de 1980, com a chegada das grandes redes de supermercados a Brasília, a empresa pública perdeu força. A primeira tentativa de liquidação ocorreu em 2000, mas o processo nunca havia avançado.