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Ex-funcionários de Hermeto o denunciam ao MPDFT por “rachadinha”

Cobranças teriam ocorrido entre fevereiro e junho, de acordo com documento entregue ao MPDFT. O distrital e o chefe de gabinete negam

atualizado

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Andre Borges/Especial para o Metrópoles
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1 de 1 Rachadinha-Denuncia-3 - Foto: Andre Borges/Especial para o Metrópoles

Pelo menos quatro ex-funcionários do deputado distrital Hermeto (MDB) o denunciaram ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), nesta quarta-feira (06/11/2019), por supostas irregularidades no gabinete do parlamentar, entre elas a  prática de “rachadinha”. O recolhimento seria feito após o dia 20 de cada mês, variando de acordo com os salários das pessoas.

Segundo a denúncia entregue ao MPDFT, o chefe de gabinete de Hermeto na Câmara Legislativa (CLDF), Licérgio Souza, mensalmente chamaria os funcionários em uma sala e recolheria o dinheiro. De acordo com os servidores, a verba seria usada para a reforma do escritório de apoio do distrital, que fica na Candangolândia.

As cobranças, segundo os denunciantes, teriam começado em fevereiro deste ano e seriam uma forma de contribuir com o mandato do parlamentar. “Todos os meses, sempre depois do dia 20, dependendo de quando o salário caía, não tinha conversa: as pessoas entravam no gabinete e entregavam parte do salário. Eu até perguntei se podia transferir, mas ele [Licérgio] disse: ‘De jeito nenhum’”, contou ao Metrópoles Sara dos Santos Maia (foto em destaque), uma das funcionárias.

O marido dela, o sargento do Corpo de Bombeiros Márcio Alan dos Santos Maia, Ronaldo Rocha e Denubia Amorim, dois ex-servidores da Administração Regional do Núcleo Bandeirante/Candangolândia/Park Way, completam o quarteto de denunciantes.

Os ex-funcionários citam que a ex-mulher de Hermeto, Vanusa Lopes, os teria alertado sobre a irregularidade do repasse. Vanusa e Hermeto estão em briga conjugal devido a uma separação. Na semana passada, ela entrou na Justiça alegando ser vítima de violência doméstica e conseguiu medida protetiva contra o parlamentar. O distrital, por sua vez, argumenta que pediu o divórcio há mais de um mês e, desde então, tem sido alvo de difamação da ex-parceira.

Encontro

Na denúncia ao MPDFT sobre o suposto esquema de “rachadinha” Sara e o marido disseram ter sido procurados em junho por Vanusa Lopes. De acordo com o casal, ela comentou que o repasse seria irregular.

“Quando voltamos de uma viagem, eu procurei o outro chefe de gabinete do Hermeto, Márcio Bittencourt, e falei sobre o que Vanusa tinha dito. Ele repassou para o deputado, que mandou me chamar em um café na Asa Sul”, contou Márcio Alan.

No dia 6 de julho, após participar de um programa de rádio, Hermeto teria ido ao local marcado. “Ele mandou todos colocarem os celulares em cima da mesa para ninguém gravar. Estávamos eu, a Sara e os chefes de gabinete Licérgio e Márcio. Hermeto perguntou se estávamos do lado dele ou da Vanusa. Respondemos que com ele. Entretanto, depois disso, eles deixaram de cobrar a ‘rachadinha’”, afirmou Márcio Alan.

A partir desse ponto, segundo os denunciantes, Sara passou a ser isolada. Primeiro, com a retirada de funções dentro do gabinete. Em seguida, com a redução do salário e a transferência para o escritório de apoio na Candangolândia. A ex-funcionária conta que a intenção do deputado era mandá-la para a Administração Regional do Núcleo Bandeirante, mas ela não aceitou e pediu a exoneração.

Mensagem trocada entre Márcio Alan e Vanusa sobre a situação de Sara:

Andre Borges/Especial para o Metrópoles

Entre fevereiro e junho, as contribuições teriam evoluído de acordo com o salário recebido por Sara. Quando ela ganhava um CL-05, o valor mensal era de R$ 350. Ao ser promovida ao CL-07, teria passado para R$ 450. Toda movimentação, segundo Sara, está em extratos bancários até o mês de junho, que foram apresentados anexados à denúncia ao qual o Metrópoles teve acesso.

Extrato com suposto desconto da “rachadinha”:

André Borges/Especial para o Metrópoles

 

Porém, depois de ter parado de contribuir com a suposta “rachadinha”, o salário dela teria caído para um CL-06. “Disseram para ela que a redução era para compensar o valor que deixei de pagar”, completou Márcio Alan.

Proximidade

Ronaldo Rocha e Denubia Amorim, dois ex-servidores da Administração Regional do Núcleo Bandeirante/Candangolândia/Park Way, dizem ter sido exonerados porque se aproximaram da ex-mulher de Hermeto.

“Havia projetos sociais que eram cuidados por Vanusa. Por isso, ela sempre me chamava para fazer imagens. Daí, veio a ordem para que eu não fosse mais com ela. Mesmo assim, ele preferiu me exonerar”, explica Ronaldo. Já Denubia ficou apenas nove dias no cargo. Ela acredita que o motivo da saída tenha sido o mesmo. “Para mim, apenas disseram que precisavam do cargo para uma composição política.”

Confira o protocolo de recebimento do MPDFT:

Reprodução

O outro lado

À reportagem, o deputado Hermeto mandou uma nota. “Não satisfeita com o salário de R$ 6.520,99 mais auxílios de R$ 1.356,08, pertinente ao cargo CL 06, pelo qual era nomeada, a ex-servidora Sara Maia, almejando um cargo de chefia para o qual não tinha qualificação suficiente, passou a criar problemas no grupo político, motivo pelo qual foi exonerada”, afirma o parlamentar.

Hermeto, entretanto, não se manifestou sobre o suposto esquema de “rachadinha”.

Licérgio Souza, chefe de gabinete de Hermeto, disse que eles estão tranquilos em relação à denúncia: “Se tiver algo, que soltem, mas precisa estar tudo bem embasado e com provas. Nunca teve nada disso dentro do nosso gabinete. Desde o início, não aceitamos isso”. “Quanto ao escritório de apoio [na Candangolândia], tudo foi bancado pelo próprio Hermeto. Estamos tranquilos, e espero que tudo seja investigado.”

O MPDFT não se manifestou sobre a denúncia apresentada.

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