Não bastasse a doença que aflige quem procura uma unidade pública de saúde do Distrito Federal, os brasilienses que buscam atendimento são submetidos à falta de remédios e materiais básicos, equipamentos quebrados, risco de caírem de macas e até obrigados a dividir espaço com esgoto. A situação de calamidade em 12 hospitais e seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) consta em relatório entregue ao governador Ibaneis Rocha (MDB). O caos no setor fez o emedebista decidir decretar estado de emergência na área.
O decreto será assinado nesta segunda-feira (7/1), durante lançamento do programa SOS DF Saúde, e vai permitir ao GDF contratar serviços e comprar insumos sem licitação, chamar concursados e ampliar a carga horária dos servidores. A estratégia também foi utilizada pelos ex-governadores Agnelo Queiroz (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB).
Recheado de fotos e descrições sobre as condições prediais, materiais, de manutenção, além do quadro deficitário de profissionais, o relatório que embasou a decisão de Ibaneis Rocha aponta problemas que reduzem a capacidade e a qualidade de atendimento. O diagnóstico foi produzido durante os primeiros dias 2019 e concluído em 3 de janeiro.
Um dos obstáculos mais comuns nas unidades é a falta de manutenção, responsável por deixar prédios em situação decadente e equipamentos importantes escanteados, como monitores cardíacos, ecógrafos e camas elétricas. No Hospital Regional do Paranoá (HRPa), as macas quebradas podem ocasionar a queda de pacientes.
Alguns locais se encontram em tal estado de ausência de cuidados que desafiam as regras vigentes, além de colocar em xeque a saúde dos enfermos. A central de material esterilizável no Hospital Regional de Samambaia (HRSam) está em desacordo com as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na UPA de Ceilândia, a sala de medicamentos foi interditada pela vigilância sanitária por falta de ventilação.
Também vítimas do descaso, os funcionários públicos sofrem. No posto de enfermagem do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), uma infiltração no teto oferece risco de choque aos servidores. Quem passa pelo Hospital Regional da Asa Norte (Hran) convive com esgoto vazando por vários setores, o que ameaça, inclusive, arquivos.
Insatisfação
Sem condições, às vezes mínimas para o trabalho, servidores lançam mão de gambiarras a fim de amenizar a dor das pessoas atendidas. No pronto-socorro do HRPa, uma caixa de papelão foi usada como suporte para que uma cama ficasse inclinada (foto em destaque). Para manter o único eletrocardiograma funcionando, trabalhadores utilizaram uma caneta e um frasco de medicamento como sustentação.
No Hospital Regional de Taguatinga (HRT), os cabos de internet cortam do teto até o chão. “Fazer cabeamento de rede de internet estruturado. Hoje, são gambiarras por todo o hospital”, sugere o relatório.
A assessoria da Secretaria de Saúde informou que o material foi produzido pela pasta, insatisfeita com as informações recebidas do governo anterior, o qual escondia a real situação dos equipamentos do GDF. “A coleta foi feita em dois dias, quando foram vistoriadas todas as unidades da rede”, completou.
Confira o que mostra o relatório:
Hospital Regional da Asa Norte (Hran)
A situação no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) é grave. Problemas vão desde a falta de manutenção para equipamentos que se encontram há anos parados até o vazamento de esgoto em vários setores da unidade, ameaçando, inclusive, o arquivo físico do hospital. Até mesmo a câmara frigorífica onde são colocados os cadáveres está com o funcionamento comprometido devido a defeitos nas portas.
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Banheiros do Hran também enfrentam problemas com falta de manutenção e vazamentos
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Portas de câmaras frigoríficas do Hran não fecham corretamente ou estão emperradas
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Tubulações estão corroídas e colocam em risco o funcionamento do Hran
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Vazamento de esgoto é constante no Hran e se tornou uma ameaça ao arquivo físico
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Mamógrafo digital do Hran está quebrado há dois anos, pois não há contrato de manutenção
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Sem contrato de manutenção, esgoto vaza em vários setores do Hospital Regional da Asa Norte (Hran)
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Hospital Regional de Brazlândia (HRBz)
As mazelas enfrentadas por pessoas que dependem do Hospital Regional de Brazlândia (HRBz) são muitas. O pronto-socorro opera acima da capacidade máxima, o que obriga os profissionais de saúde a alocarem pacientes nos corredores da unidade. O atendimento funciona de forma improvisada, em um corredor, nas áreas de pediatria, cirurgia e clínica médica.
A situação de penúria no hospital da cidade não livra nem mesmo os recém-nascidos. As cubas onde os bebês são colocados estão remendadas e sem a função de aquecimento há anos, devido à falta de manutenção.
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Hospital Regional de Brazlândia (HRBz) tem problemas como falta de servidores e superlotação do pronto-socorro
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Atendimento da pediatria, clínica médica e cirurgia funcionam de forma improvisada em corredor do HRBz
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Equipamentos estão sem uso e alocados indevidamente em corredores do HRBz
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Cubas de berços para recém-nascidos estão remendadas. Além disso, os berços não são aquecidos há anos por falta de contrato de equipamentos
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Hospital Regional de Ceilândia (HRC)
A falta de médicos no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) – problema comum a praticamente todas as unidades de saúde do Distrito Federal – prejudica os usuários e dificulta a recuperação dos pacientes.
A falta de anestesistas limita e, não raro, impede a realização de cirurgias ortopédicas. Sem leitos para onde possam ser alojados, corredores se transformam em enfermarias para abrigar pessoas em recuperação.
Outro drama é a falta de pediatras, o que compromete o atendimento aos pequenos em épocas de grande demanda, como a seca brasiliense, quando aumentam os casos de doenças respiratórias.
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Falta de pediatras compromete atendimento a crianças no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Atualmente, 80 profissionais aguardam nomeação
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Falta de contrato de manutenção predial no HRC bloqueia cinco leitos da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal
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Falta de manutenção também bloqueia leitos de UTI adulto no HRC
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Falta de anestesiologista limita, e não raro impede, a realização de cirurgias ortopédicas no HRC
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Quiosques em funcionamento na área externa do HRC depositam lixo com restos de comida, o que atrai possíveis vetores transmissores de doenças
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Hospital Regional do Gama (HRG)
No Hospital Regional do Gama (HRG), o cenário de descaso atinge desde equipamentos ao trato com os pacientes. Aparelhos de raio-X e escopia estão estragados há anos e sem previsão de voltarem a funcionar, pois não há contrato de manutenção.
Atualmente, a unidade conta com apenas um aparelho de escopia que se apresentar defeito terá o mesmo destino do outro: o depósito. A superlotação do HRG faz com que, em média, 40 pessoas sejam internadas em corredores, por falta de leitos. As camas do hospital estão se deteriorando pelo uso frequente e a falta de renovação.
Apesar de estar com a ala pediátrica reformada, o espaço está desativado devido à falta de profissionais. Pais e mães que procuram o HRG em busca de socorro para os filhos são direcionados ao Hospital Regional de Santa Maria (HRSam).
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Aparelhos de raio-X e escopia estão inoperantes há anos por falta de manutenção. O Hospital Regional do Gama possui apenas um aparelho de escopia em funcionamento e sem contrato
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Apenas cinco das oito salas do centro cirúrgico do HRG funcionam. Uma delas é usada como depósito de equipamentos
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Superlotação do pronto-socorro faz com que 40 pessoas sejam internadas por dia em corredores no HRG
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Macas e camas estão se deteriorando no HRG pelo uso frequente, falta de manutenção e renovação
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Ala pediátrica do Hospital Regional do Gama (HRG) foi reformada, mas está desativada por falta de profissionais
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Quiosques em funcionamento na área externa do HRC depositam lixo com restos de comida, o que atrai possíveis vetores transmissores de doenças
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Hospital Regional do Guará (HRGu)
O Hospital Regional do Guará (HRGu) opera com bandeira vermelha na clínica médica, pois só há um clínico para atender os pacientes da enfermaria e do pronto-socorro. Até mesmo o básico, como a falta de lâmpadas elétricas, dificulta o trabalho dos profissionais. Técnicos de enfermagem, por exemplo, têm dificuldade de encontrar veias de pacientes quando a iluminação está ruim.
Idosos com dificuldade de locomoção precisam se submeter à humilhação de utilizar uma cadeira de banho remendada com luvas de látex e em péssimo estado de conservação. Além disso, têm de se revesar, pois há apenas duas dessas cadeiras na unidade.
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Curto-circuito no banheiro da enfermaria pediátrica deixou a ala sem água quente no Hospital Regional do Guará (HRGu)
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Escadaria virou depósito improvisado no HRGu. Também faltam placas no teto da área externa do ambulatório
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Só há duas cadeiras de banho para pacientes do pronto-socorro do HRGu, ambas em péssimo estado
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Falta de luz prejudica atendimento. No laboratório, iluminação ruim atrapalha técnicos a visualizarem veias de pacientes
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Apenas um clínico atende pacientes da enfermaria e do pronto-socorro no HRGu
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Hospital Regional de Planaltina (HRP)
Sem serviço de dedetização, desratização e limpeza de caixa d’água, pacientes do Hospital Regional de Planaltina (HRP) podem ter o quadro de saúde agravado por vetores transmissores de doença. O lixo hospitalar deixado a céu aberto, sem qualquer proteção ou abrigo, é outra preocupação que pode provocar contaminação.
A unidade não vê renovação de equipamentos e estrutura faz tempo; As máquinas da lavanderia, que lavam meia tonelada de roupas por dia, são de 1976. O quadro de energia é da década de 1990 e não suporta grandes cargas, o que impede o funcionamento de mamógrafos e tomógrafos.
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Hospital Regional de Planaltina (HRP) corre risco de contaminação por falta de dedetização, desratização e limpeza de caixa d'água
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Lixo hospitalar fica alocado a céu aberto no HRP, sem qualquer proteção ou abrigo padronizado
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Máquinas da lavanderia são de 1976. Equipamentos lavam, em média, meia tonelada de roupas por dia
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Caldeiras possuem contrato de manutenção, mas falta óleo para funcionar. Apenas 60% da unidade tem chuveiro quente
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Quadro de energia é dos anos 90 e não suporta demanda do HRP. Isso impede a instalação de serviços como mamografia e tomografia
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Hospital Regional de Samambaia (HRSam)
O abandono no Hospital Regional de Samambaia (HRSam) traz prejuízos para além daqueles causados aos pacientes que sofrem com a falta de atendimento, chegando até mesmo ao dano financeiro. Isso por que a unidade está impedida de receber verba do Ministério da Saúde porque a Central de Material Esterilizado descumpre norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Na ala vermelha, o HRSam opera com o dobro da capacidade: há 12 leitos disponíveis, mas 25 pessoas chegam a ocupar o espaço, em locais inapropriados.
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Falta de espaço faz com que servidores armazenem insumos da farmácia e material de almoxarifado nos corredores
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Central de material esterilizável não atende às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim, o Hospital Regional de Samambaia (HRSam) deixa de receber recursos do Ministério da Saúde
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No HRSam faltam emergencistas, cirurgiões gerais e neonatologistas
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Ala amarela do HRSam possui 12 leitos mas opera acima da capacidade, geralmente até 25, que ficam alojados em locais inapropriados
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Com aproximadamente 400 partos por mês, HRSam só possui um ecógrafo na radiologia
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Hospital Regional de Taguatinga (HRT)
Gambiarras nas redes elétrica e de internet são comuns no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), onde fios correm pelo teto sem qualquer proteção. A unidade sofre com a precariedade da estrutura, onde há infiltração e mofo nas paredes. Num cenário comum a outros hospitais públicos do Distrito Federal, pacientes também ocupam os corredores e até o chão no HRT.
Faltam especialistas no pronto-socorro, que opera com pouco mais de 30% do nível ideal de profissionais para a unidade.
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Paredes estão em estado precário, onde há até mofo. Também faltam macas para pacientes e cenário é de superlotação
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Faltam emergencistas no HRT. Segundo portaria de 2018, são necessárias 1 mil horas pra a especialidade, mas unidade conta com apenas 360
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Galerias do HRT, por onde passam tubulações hidráulica e elétrica, estão sem manutenção
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Unidade possui apenas três ecógrafos, sem contrato de manutenção. Há necessidade de mais dois para suprir demanda reprimida
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Fiação de internet no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) é cheia de gambiarras
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Hospital Regional de Sobradinho (HRSb)
A área mais afetada do Hospital Regional de Sobradinho (HRSb) é a unidade de hemodiálise, onde torneiras estão lacradas por problemas na captação do esgoto; infiltração e vazamentos danificam o teto; e o aparelho de filtragem de sangue está quebrado. Nos corredores, equipamentos danificados se acumulam à espera de manutenção.
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Infiltração atinge parede no setor de ortopedia do Hospital Regional de Sobradinho (HRSb)
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Equipamentos quebrados se acumulam em corredores do HRSb à espera de manutenção
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Vazamento e infiltração atingiram o setor de hemodiálise do HRSb
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Torneiras da unidade de hemodiálise estão sem funcionar, pois o sistema de esgoto não está operando normalmente
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Máquina de hemodiálise está quebrada, o que reduz a oferta do serviço
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Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) A situação do pronto-socorro do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) é classificada como crítica. A equipe aponta que há falta de profissionais especializados em emergência, o que prejudica a avaliação dos pacientes em leitos de enfermaria e ainda torna a troca lenta.
Além disso, a unidade opera além da capacidade. “Hoje são 26 leitos, mas o hospital está com 63 pacientes alocados hoje”, acrescentou.
Um dos dois ecógrafos da radiologia está parado há seis meses por falta de contrato de manutenção. O problema alcança, ainda, os recursos humanos. Segundo o relatório, há insuficiência de radiologistas: são nove, mas a demanda é de, ao menos, 18.
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Há falta de emergencistas no pronto-socorro do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), mas não é o único problema. "O quadro é crítico porque não há funcionários suficientes para avaliar os pacientes nos leitos de enfermaria, o que torna o giro de leitos lento. Hoje são 26 leitos, mas o hospital está atualmente com superlotação, já que está com 63 pacientes alocados", descreveu o relatório
O documento aponta que o ideal seria ter aproximadamente 50 leitos para atender sem restrição na emergência. Entretanto, a unidade de Santa Maria tem 26. A superlotação causa insuficiência de equipamentos glicosímetro, estetoscópio, termômetro, respirador, monitores e bomba de infusão
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Recursos humanos no HRSM são escassos. De acordo com o relatório, há falta de médicos ginecologistas e enfermeiros
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Dos dois ecógrafos da radiologia, apenas um está funcionando. O outro está parado há seis meses. Falta contrato de manutenção e profissionais: seriam necessários ao menos 18 radiologistas, mas há apenas nove
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Estão em falta caixas cirúrgicas. Há pacientes aguardando há meses por cirurgia, o que, além de ser prejudicial para quem aguarda pelo procedimento, ocasiona crescimento da fila de espera. O relatório aponta que o principal motivo é a falta de material, como órteses e próteses. As caixas com os equipamentos estão incompletas, com falta de parafusos, por exemplo. O documento revela, ainda, que as pinças utilizadas são "inadequadas"
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No Hospital Regional de Santa Maria, há 385 leitos ativos e 26 bloqueados
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Hospital Regional do Paranoá (HRPa)
A falta de manutenção de aparelhos e de materiais básicos causa riscos aos pacientes no Hospital Regional do Paranoá (HRPa). As macas são instáveis e podem ocasionar a queda de pacientes, segundo o relatório.
As pessoas que buscam atendimento não encontram sequer lençóis e cobertores na unidade e são obrigadas a levar mantas de casa, o que aumenta o risco de contaminação hospitalar.
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No Hospital Regional do Paranoá (HRPa), que atende a região leste do Distrito Federal, há equipamentos sem manutenção, o que restringe o atendimento ao cidadão. Os aparelhos mais problemáticos são as bombas de infusão, monitores cardíacos, oxímetros e falta de suporte para soro
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No box de emergência, há superlotação: foi projetado para acolher duas pessoas, mas havia quatro pacientes internados
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Na emergência há cabeamento elétrico exposto e monitores insuficientes
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Ainda no pronto-socorro, uma caixa de papelão foi usada como suporte para que a cama ficasse inclinada com o paciente
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A falta de manutenção de equipamentos também aflige a unidade. Há apenas um eletrocardiograma, aparelho usado para medir o funcionamento do coração. Com o equipamento apresentando problemas, servidores utilizaram uma caneta e um frasco de medicamento como suporte
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O Hospital Regional do Paranoá também não tem lençóis e cobertores para todos, obrigando os pacientes a trazerem enxoval de casa. A improvisação aumenta o risco de contaminação hospitalar, segundo o relatório
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O foco cirúrgico está com lâmpada quebrada e a estrutura se mexe enquanto deveria ser fixa. A instabilidade apresenta risco ao paciente
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No box de emergência há macas quebradas, o que é avaliado como um risco de queda de pacientes. Por falta de colchão, usaram um cobertor para cadáver a fim de receber um doente
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Hospital Dia
Uma infiltração no corredor de infectologia do Hospital Dia afeta grande parte do teto. A unidade hospitalar apresenta, ainda, piso em “péssimas condições”, equipamentos sem manutenção e necessidade de revisão geral da parte elétrica.
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Há infiltração no corredor de infectologia do Hospital Dia
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O piso está em péssimas condições, de acordo com o relatório
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O roubo de um cabo da fiação externa causou a queima do compressor da odontologia. O equipamento está sem contrato de manutenção
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O levantamento da Saúde aponta que é preciso fazer revisão geral da parte elétrica, principalmente a fiação
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O documento mostra que o prédio do Hospital Dia precisa de pintura e troca de revestimento das paredes
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Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib)
O Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) não tem materiais básicos, como compressas, cateter ou sonda de aspiração traqueal, conforme revela o documento da Secretaria de Saúde. Os cabos elétricos expostos e os extintores de incêndio vencidos há mais de um ano e seis meses ameaçam as crianças, principais pacientes da unidade hospitalar.
Mas as mazelas não são apenas referentes ao abastecimento. O prédio, localizado na Asa Sul, tem infiltrações, mofo e grandes rachaduras.
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O Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) está desabastecido de compressas. Para suprir a demanda, foi enviado material, com qualidade abaixo do ideal, de outra unidade. Também estão com estoques zerados: cateter central, cânula para traqueostomia e sonda de aspiração traqueal, por exemplo
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Há infiltração em diversas alas. Apesar de haver contrato de manutenção, a empresa não iniciou os reparos
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A equipe da Saúde identificou cabeamento elétrico exposto em diversos locais, colocando em risco a segurança dos servidores e dos pacientes, que são crianças, conforme o relatório
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Extintores de incêndio estão vencidos há um ano e seis meses
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Materiais, como macas, estão quebrados e empilhados nos corredores e, por falta de manutenção, não servem mais
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A odontologia do Hmib tem seis consultórios, dos quais dois estão sem funcionar. Infiltrações, mofo e "grandes rachaduras estruturais" foram encontradas
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Apenas metade das quatro salas do centro cirúrgico funcionam. Há duas fechadas por problemas em equipamentos, como os focos (de luz) que não funcionam, além de falta de funcionários
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A UTI Neonatal da unidade está com incubadoras estragadas e outros equipamentos sem manutenção. Faltam monitores cardíacos e ventiladores, entre outros aparelhos
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Hospital de Apoio de Brasília (HAB)
A situação não é nada agradável no Hospital de Apoio de Brasília (HAB). Sem contrato de manutenção, há telhas quebradas que geram infiltrações e acúmulo de água no telhado, transformando-o em “piscina a céu aberto”, conforme o relatório.
O equipamento usado para esterilizar utensílios médicos não funciona desde 2017. Por isso, os materiais são enviados para outras unidades que fazem a limpeza. O HAB até tem um novo aparelho, mas ele não pode ser usado porque a rede elétrica é muito antiga.
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O Hospital de Apoio de Brasília está sem contrato de manutenção há quase três anos, de acordo com o levantamento do novo governo. A ausência de cuidado agrava problemas estruturais: há telhas remendadas e quebradas que geram infiltrações no auditório, corredor do refeitório e na odontologia
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Uma rachadura dentro da caixa d'água da unidade permite que água se infiltre pela parede e destrua as bases de sustentação, segundo o relatório
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Como a estrutura dos telhados é antiga, a água se acumula quando chove, transformando-a em "verdadeira piscina a céu aberto". Além de causar infiltrações, o teto pode ser foco do mosquito da dengue, alerta o levantamento
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O documento aponta que é preciso trocar praticamente toda a estrutura elétrica do hospital, que é antiga. O prédio tem mais de 20 anos
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O autoclave, equipamento usado para esterilizar utensílios médicos, não funciona desde 2017. Os materiais são enviados para outras unidades para serem esterilizados. O documento revela que o Hospital de Apoio tem um novo equipamento, mas não pode ser usado porque a rede elétrica é antiga
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Não têm cadeiras de rodas suficientes para tetraplégicos no HAB. A maioria das existentes foram doações de voluntários e estão velhas, sem manutenção há muito tempo. A lavanderia, câmara mortuária e odontologia estão sem contrato de manutenção de máquinas
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Hospital São Vicente de Paulo (HSVP)
Especialista em tratamento psiquiátrico, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) é vítima do descaso. O relatório da Saúde mostra infiltração que causa risco de choques elétricos a servidores, mobiliário enferrujado, e carrinhos de emergência quebrados.
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Infiltração no posto de enfermagem coloca em risco equipamentos e servidores, que podem sofrer choques elétricos
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O mobiliário precisa ser trocado. Há macas enferrujadas, portas lascadas e sem maçaneta, por exemplo
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O relatório conta que a direção do hospital explicou haver contrato vigente, mas é compartilhado com o Hospital Regional de Taguatinga (HRT), que acaba recebendo mais atenção
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Há falta de manutenção predial no HSVP
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Os dois carrinhos de emergência do hospital estão danificados. Isso impede atendimento emergencial a pacientes, uma vez que o desfibrilador e o balão de oxigênio não funcionam
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UPA de São Sebastião
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Sebastião apresenta falta de cuidado predial e com materiais. A porta da caixa de fusíveis está quebrada e apenas uma fita adesiva a evita de cair.
A unidade dispõe de cadeiras de banho quebradas, enferrujadas e em más condições de uso. O banheiro da sala amarela foi até interditado por problemas como infiltração e forro do piso solto.
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A caixa de fusíveis está em mau estado: porta quebrada e presa apenas com fita adesiva
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Em torno de seis cadeiras de banho para pacientes estão quebradas, enferrujadas ou em más condições de uso
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O banheiro da sala amarela teve de ser interditado por apresentar infiltração e forro do piso solto, entre outros problemas
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Materiais quebrados e inservíveis são amontoados atrás da unidade, a espera para serem recolhidos
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A fachada caiu em dezembro de 2017, depois de uma chuva
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UPA de Sobradinho
A UPA de Sobradinho também apresenta falta de manutenção e ausência de equipamentos. Os medicamentos são guardados em espaço inadequado, e a porta do banheiro masculino está quebrada.
A sala verde está superlotada e abriga pacientes por um período superior ao recomendado. Enquanto uma pessoa deveria ficar até 25 horas em uma UPA, na de Sobradinho os pacientes ficam, em média, 20 dias.
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Sala verde da UPA de Sobradinho trabalha acima da capacidade, e pacientes ficam internados em consultórios porque não há espaço para tanta gente. Um paciente deveria ficar até 25 horas em uma UPA, mas na unidade a média de permanência é por cerca de 20 dias. "Há dificuldade de remoção do paciente para unidades de referência por falta de leitos", explicou o relatório
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A porta do banheiro masculino da UPA de Sobradinho está quebrada
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Espaço inadequado e pequeno para guardar medicamento
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Há falta de bombas de infusão para leitos, usadas para controlar ampliação de medicamento para pacientes. O ideal seria ter quatro para cada paciente, mas há apenas duas para toda a unidade e outra que foi emprestada
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Grande parte do piso da UPA de Sobradinho está descascando ou remendado. Não há contrato de manutenção predial
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UPA de Ceilândia
O cenário é caótico na UPA de Ceilândia, onde pacientes ficam internados por até 60 dias à espera de leito no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), conforme levantou a equipe de Ibaneis.
O piso está em mau estado, há mau cheiro em grande parte das áreas e um buraco no chão da odontologia permite a entrada de baratas e odor. A sala de medicamentos foi interditada pela vigilância sanitária por falta de ventilação.
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Nos banheiros há boxes interditados, portas quebradas e torneiras que não funcionam
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Um buraco no piso permite a entrada de baratas e odor na odontologia
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Os problemas se espalham pelos cômodos da UPA. No hall de ventilação, onde há pacientes em macas e cadeiras no corredor, estão também vidros quebrados e área do fosso estragada
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Uma pessoa em situação de rua dormia dentro da área da recepção
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O piso está em mau estado
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Equipamentos digitais antigos, ar condicionado sem manutenção, porta sem fechamento adequado e falta de roupas limpas para pacientes completam o cenário desastroso da radiologia
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Na sala amarela há pia interditada, ausência de chuveiro, cortina improvisada e ar condicionado com problemas
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O espaço destinado para medicamentos foi interditado pela vigilância sanitária por falta de ventilação. Faltam armários para administração, médicos e outros profissionais, e há mau cheiro na maior parte das áreas. O local de nebulização também está interditado
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Na sala vermelha há monitores e ar condicionado sem manutenção. Também faltam insumos, medicamentos, ventiladores, técnicos de enfermagem e material para realização de exames. Os internados permanecem até 60 dias à espera de leito no Hospital Regional de Ceilândia
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UPA do Núcleo Bandeirante
A situação é de abandono na UPA do Núcleo Bandeirante. O descaso começa pelas cadeiras de rodas sem apoio para os pés, passa por equipamentos importantes encostados e chega aos problemas estruturais, dos quais há até buracos no chão que engolem o pé de uma pessoa.
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Há 15 bombas de infusão para medicamentos defeituosas
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A unidade do Núcleo Bandeirante tem problemas de infraestrutura também: são portas sem trinco, buracos no chão, estofados rasgados, bebedouro com defeito e infiltração no teto. A recepção só atende gente com classificação vermelha
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Na UPA do Núcleo Bandeirante, as cadeiras de rodas estão sem apoio para os pés
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As camas elétricas estão quebradas e sem contrato de manutenção há um ano
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Há dois desfibriladores com defeito
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O sistema à vácuo para aspiração de secreção de pacientes não funciona na sala vermelha, onde há quatro leitos
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UPA de Samambaia
A ausência de manutenção é um problema da UPA de Samambaia. Há macas com ferrugem, cadeiras rasgadas e computadores velhos. Os profissionais também são insuficientes para atender os pacientes.
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Na sala vermelha da UPA de Samambaia os monitores cardíacos e o ar condicionado estão com problemas técnicos e de manutenção
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O ar condicionado também não tem manutenção na sala de medicação. Há cadeiras rasgadas e computadores velhos
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A autoclave, equipamento usado para esterilizar utensílios médicos, é pequena para a demanda
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A sala amarela apresenta problemas com manutenção do ar condicionado e no encanamento dos banheiros. As cadeiras dos acompanhantes estão rasgadas e as camas têm ferrugem
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Faltam cadeiras de rodas, impressoras e recursos humanos para a administração, aponta o documento
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UPA Recanto das Emas
As fotografias e a descrição dos responsáveis pela vistoria revelam que os monitores cardíacos apresentam problemas na sala vermelha, a que abriga pacientes mais graves, da UPA do Recanto das Emas. Não há contrato de manutenção para os equipamentos, segundo o documento.
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Há cadeiras de servidores e acompanhantes desgastadas e rasgadas na UPA do Recanto das Emas
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O levantamento aponta que a unidade precisa de trabalho de jardinagem permanente para controlar pragas
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A sala vermelha necessita de camas novas
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Os monitores cardíacos da sala vermelha estão com problemas técnicos e não há contrato de manutenção para eles, segundo o relatório
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Faltam bebedouros
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Sindicalistas atacam
O presidente do Sindicato dos Médicos (SindMédico), Gutemberg Fialho, diz não ter se espantado com o teor do relatório produzido pela equipe emedebista. “Nós passamos os quatro anos da gestão Rollemberg denunciando a desassistência no aumento de óbitos evitáveis, mas nada foi feito”, ataca.
O sindicalista afirma estar confiante na melhoria da rede durante a gestão de Ibaneis Rocha mas ressalta que o início da resolução dos inúmeros problemas na saúde pública passa pela contratação de mais profissionais. “Só de médicos, o déficit é de 3,5 mil profissionais. Não adianta querer melhorar a saúde sem antes recompor os recursos humanos e o abastecimento remédios”, opina Gutemberg.
Já a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, acredita que o grande erro da gestão socialista foi “abandonar” os investimentos na hospitalização e emergência.
“A saúde primária é fundamental na engrenagem da saúde, mas você não pode sucatear as emergências e os atendimentos ambulatoriais, como fez Rollemberg. Depositamos uma grande confiança para que ele possa fazer diferente e realmente trabalhar para ofertar uma saúde pública digna aos moradores de Brasília.”
Segundo análise do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a execução do orçamento na saúde e em outras cinco áreas consideradas sensíveis foi vista como inadequada.
Na época, a reportagem mostrou que até o primeiro trimestre de 2018 havia autorização para gastar R$ 680 milhões referentes a recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, R$ 361 milhões (53%) não se reverteram em benefícios à população e ficaram represados nos cofres oficiais.