Equivocadamente transparente. Sistema do GDF erra contracheque de secretário
O Siga Brasília e o Portal da Transparência apontavam que Igor Tokarski teria recebido dois salários quando ainda era administrador. No entanto, a informação era um erro de alimentação dos sistemas
atualizado
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O sistema que deveria apontar, acima de qualquer suspeita, as movimentações financeiras do governo registrou um erro grosseiro. O Siga Brasília, defendido pelo Executivo como a maior inovação em transparência da gestão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), errou a remuneração de um dos principais secretários.
Os demonstrativos salariais do atual secretário adjunto de Relações Institucionais, Igor Tokarski, de junho a novembro de 2015, apontavam remunerações referentes a dois cargos: o de administrador, que exerceu até o fim de outubro, e o de subsecretário, também concluído no mesmo período. Pelo primeiro, ele ganharia R$ 13 mil líquidos e, pelo segundo, R$ 9,5 mil. Junção proibida pela Lei Complementar nº 840, que veda a acumulação de cargos. A legislação diz que ele não poderia receber pelas duas funções.
E, de fato, não recebia. Pelo menos, não em uma série de documentos apresentados à reportagem do Metrópoles. O secretário levantou contracheques, comprovantes, demonstrando que recebia somente o referente ao antigo salário de quando era administrador de Brasília, um CNP 4, de R$ 14.430,49 brutos.
A controladoria geral do DF, que gerencia o Portal, emitiu uma ordem pedindo a correção no sistema. De um dia para o outro, foi realizada uma alteração manual dos valores recebidos. Nesta quarta-feira, passou a constar no sistema a remuneração de Tokarski com os recebimentos de R$ 1.756,46 pela Administração Regional do Plano Piloto e R$ 9.597,58 pelo vínculo com a Secretaria de Estado de Relações Institucionais e Sociais. O que daria R$ 11.354,04, valor líquido com todos os descontos.
Essa transação não seria ilegal por um valor completar o outro, sem sobrepor a maior remuneração exercida.
Erro no sistema
De acordo com o Governo do Distrito Federal (GDF), o Siga é um espelho dos sistemas dos órgãos responsáveis. O erro, então, foi na alimentação. No caso específico do secretário adjunto de Relações Institucionais, foram feitos os lançamento de dois salários, mas, na hora de alimentar o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Humanos (SIGRH), não foi realizado o lançamento do estorno.
Segundo o governo, o sistema mostrou só os lançamentos e não houve prejuízo ao erário, mas sim nas informações. “Diagnosticamos um problema e foi corrigido. Isso não coloca em xeque tudo o que é lançado. Temos os dados de mais de 200 mil servidores no sistema”, disse a assessoria do Governo do Distrito Federal. Em xeque não, mas em contracheque, talvez.