Emenda teria sido alterada depois de sair da vice-presidência da CLDF
Documento elaborado pelo Setor de Execução Orçamentária (SEO) afirma que texto aprovado em plenário não era o mesmo que saiu de coordenadoria da vice-presiência
atualizado
Compartilhar notícia
Novas contradições sobre a origem da emenda que serviria para pagar propina a distritais foram apresentadas pelo Setor de Execução Orçamentária (SEO) da Câmara Legislativa nesta segunda-feira (29/8) à CPI da Saúde. No documento de seis páginas, os responsáveis pela reprogramação dos recursos afirmam que a emenda de autoria de Liliane Roriz (PTB) — apontada como pivô da crise política que resultou na Operação Drácon — foi alterada depois de deixar o gabinete da vice-presidência da Casa, na época, ocupado pela petebista.
Segundo o documento, a decisão sobre como o remanejamento de sobra orçamentária do Legislativo foi tomada em uma reunião com Genésio Vicente, assessor-diretor da Diretoria de Administração Financeira (DAF); Alexandre Cerqueira, secretário executivo afastado da Terceira Secretaria; José Adenauer Aragão, ex-secretário executivo da vice-presidência; e Valério Neves, ex-secretário-geral da Câmara Legislativa. A resposta diz ainda que a Coordenadoria de Planejamento e Elaboração Orçamentária não possuía autonomia para alterar a proposta de remanejamento sem que a decisão passasse pela Mesa Diretora.
Entenda o caso
O escândalo veio à tona após a divulgação de grampos feitos por Liliane. Ela teria começado a gravar conversas com colegas no fim de 2015, quando os parlamentares decidiam sobre o que fazer com uma sobra orçamentária da Casa. Em um primeiro momento, os recursos seriam destinados ao GDF para custear reformas nas escolas públicas. De última hora, no entanto, o texto do projeto de lei foi modificado e o dinheiro — R$ 30 milhões de um total de R$ 31 milhões — acabou realocado para a Saúde. O valor foi destinado ao pagamento de serviços vencidos em UTIs da rede pública.
Na ocasião, Liliane teria questionado a presidente da Câmara sobre a mudança na votação. No áudio, é possível ouvir Celina Leão falando que o “projeto” seria para um “cara” que ajudaria os deputados. A presidente da Casa disse ainda que Liliane não ficaria de fora: “Você (Liliane) tá no projeto, entendeu? Você tá no projeto. Já mandei o Valério (Neves, ex-secretário-geral da CLDF) falar com você.”
Outros parlamentares
As denúncias feitas por Liliane atingem outros distritais, como o Bispo Renato Andrade e Julio César. Segundo é possível ouvir nas gravações, os dois teriam tentado fazer uma negociação com Afonso Assad, presidente da Associação Brasiliense de Construtores. De acordo com o que Valério Neves diz em um dos áudios, o empresário poderia intermediar contratos com a Secretaria de Educação. Mas Assad não teria levado a cabo o “compromisso”. “O Afonso disse que não poderia garantir nada”, diz Valério Neves em um dos trechos.
Com a negativa do empresário de participar do tal “compromisso”, segundo explica Valério nos áudios, o deputado Cristiano Araújo teria conseguido o “negócio” das UTIs. Ao dizer o quanto os “hospitais iam retornar”, Valério sussurra que seria “em torno de 7%”. E diz ainda que todos os integrantes da Mesa Diretora tinham conhecimento do acordo. Celina, por sua vez, diz que se fosse para eles receberem algum tipo de ajuda, teria de ser para todos os integrantes da Mesa