Em plena crise, Câmara Legislativa vai trocar 340 cadeiras
Cada assento custará R$ 946,50. CLDF afirma que tem déficit de 600 unidades e cobra de fabricante reposição de produtos danificados
atualizado
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A Secretaria-Geral da Câmara Legislativa homologou a licitação para a compra de 340 cadeiras que serão destinadas apenas aos funcionários da Casa. Cada unidade custará R$ 946,50. Em setembro do ano passado, a mesma concorrência foi cancelada pelo então secretário-geral da Casa Eduardo Dualibe, devido ao alto valor dos assentos: eles custariam, em média, R$ 1.573 cada.
Ao todo, foram homologados dez lotes de 170 cadeiras cada, mas apenas dois serão adquiridos pela Câmara. Isso significa que, mesmo em tempo de contenção de despesas públicas, o Legislativo do DF gastará um total estimado de R$ 322 mil com a renovação do estoque de assentos para servidores.Segundo o atual secretário-geral, André Peres, o déficit na Câmara Legislativa é de 600 cadeiras. Cerca de 200 já foram recolhidas e serão substituídas. Outras 400 ainda se encontram paradas nos gabinetes por estarem relacionadas como patrimônio.
Vamos fazer a substituição das cadeiras com a nova compra, e o restante passará por uma perícia. Apesar de já ter acabado a garantia, mandaremos fazer uma análise nas cadeiras quebradas para saber por que tantas apresentaram defeitos, se foi mau uso ou defeito de fabricação. Em caso de defeito, pediremos a compensação por elas
André Peres, secretário-geral da CLDF
A Câmara Legislativa possui aproximadamente 650 cargos ativos, segundo o Portal da Transparência da Casa. São os servidores quem mais reclamam da falta de assento. Segundo um deles, há nos gabinetes funcionários que são obesos e acabam sem lugar para sentar por conta da fragilidade do material. Em outras salas, até banquinhos chegaram a ser adquiridos para tentar amenizar o problema.
Economia
A aquisição das novas cadeiras está dividida em três partes. O valor dos assentos para os parlamentares foi negociado e passou de R$ 3.525,58 a unidade para R$ 2.450 cada, mas ainda não há autorização de compra. Os valores unitários para as cadeiras dos chefes de gabinete, que também não serão compradas agora, caíram de R$ 2.286 para R$ 1.049.
Em setembro do ano passado, a licitação número 1.863/2015, que previa a compra de 2.150 cadeiras por R$ 3,3 milhões, foi anulada. A média de preço era de R$ 1.573 por unidade. A justificativa foi econômica. Segundo a Secretaria-Geral, à época, não seria viável que, em um momento de crise, a Casa fizesse gastos daquele porte.
O cancelamento da compra recebeu duras críticas de representações dos servidores. “A Mesa tampão (interina), por motivos políticos, havia sobrestado a concorrência, mas nós analisamos se existiam irregularidades e não encontramos nada”, afirmou o presidente do Sindicato dos Servidores da CLDF e do TCDF (Sindical), Jeizon Silvério.
De acordo com a entidade, a compra é absolutamente necessária. “Nossa posição é que se não houver sobrepreço e se a qualidade das cadeiras for boa, que se faça a compra o quanto antes, pois servidores estão trabalhando em cadeiras quebradas”, afirma Jeizon.
Segundo ele, o temor da categoria é que sejam adquiridos produtos de baixa qualidade que, em médio prazo, também apresentem defeitos, o que resultará em prejuízo à Câmara. “São, sim, muitas cadeiras, mas muitas pessoas trabalham na Casa, que é o Poder Legislativo do DF, e elas precisam sentar”, conclui o sindicalista.