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Em grampo da polícia, empresário fala sobre resolver negócio com “RR”

Para a Polícia Civil e o Ministério Público, Augusto Diniz, investigado na Operação (12:26), faz referência a Rodrigo Rollemberg

atualizado

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Augusto Franco Diniz
1 de 1 Augusto Franco Diniz - Foto: Reprodução

Um dos alvos do Inquérito n° 386/2018, o qual subsidiou a Operação (12:26), o representante comercial Augusto Franco Diniz demonstrava ter influência com servidores do GDF, incluindo o próprio governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

Em uma das conversas grampeadas com autorização judicial, Augusto Diniz (foto em destaque, retirada do inquérito) fala a um interlocutor que “vão ver se resolvem esse negócio”. Caso a questão não seja concluída, “nós vamos conversar com o ‘RR'”, diz. Para os investigadores, a referência seria ao governador. No entanto, não se sabe qual seria esse “negócio”.

Augusto Diniz foi flagrado em conversas interceptadas pela apuração da Polícia Civil em parceria com a 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep), do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). O empresário é acusado de “diversas ingerências”, ao lado de uma suposta organização criminosa que praticava advocacia administrativa e tráfico de influência no Palácio do Buriti.

Segundo relatório da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes Contra a Administração Pública (Cecor), ao qual o Metrópoles teve acesso com exclusividade, o grupo buscava usar de prestígio com gestores do GDF para resolver questões privadas.

Conforme descreve o texto policial, em 21 de junho de 2018, o investigado recebeu ligação de uma pessoa identificada como José Rui. No bate-papo, o homem questiona se Augusto Diniz conhece alguém ou “se dá bem” com a Administração Regional do Plano Piloto, mas o empresário afirma que não. José Rui, então, “comenta que a licença de funcionamento de seu escritório foi indeferida pelo GDF”. Contudo, não há menção sobre a natureza do empreendimento nem sobre quem seria José Rui.

Nesse momento, destaca o documento, Augusto Diniz orienta José Rui a “mandar pelo WhatsApp o material, pois vai repassá-lo a uma pessoa que é bem resolutiva para ver isso”. Alguns minutos depois, de acordo com o inquérito, ele retorna o telefonema e fala que redigiu uma mensagem para José Rui “mandar à técnica de nome Valéria e que depois Augusto ligará para ela”.

Braço direito
Segundo o relatório, Augusto Diniz explicou que a mulher é “uma secretária do GDF” que já “resolveu dois assuntos desses” para ele. Possivelmente, conforme apontam as investigações, a servidora em questão é Maria Valéria Lemos Vasconcelos, secretária-adjunta de Gestão e Operação da Secretaria das Cidades.

Pessoa de estrita confiança de Rollemberg, Valéria trabalhou diretamente com o socialista no Congresso Nacional, nos mandatos de deputado federal e senador, e na campanha dele para governador. Nos dois primeiros anos da atual gestão, ela foi chefe-adjunta do gabinete da Governadoria.

“Dicas”
Segundo o relatório policial, o assunto abordado por Augusto Diniz foi tratado novamente em 27 de junho de 2018, seis dias depois do primeiro diálogo grampeado. Na ocasião, o investigado conversou com Josmar Fernandes da Costa Júnior sobre “alguma autorização inicialmente indeferida”.

Logo depois, conforme consta na página 48 do Inquérito nº 386/2018, Augusto Diniz pediu para José Rui entrar em contato com Josmar “e, se for o caso, ir pessoalmente até ele, que vai ‘dar as dicas'”. Embora os investigadores não especifiquem quem é Josmar, o Portal da Transparência do Distrito Federal o mostra como assessor da Secretaria das Cidades.

Naquele mesmo dia, Augusto Diniz foi flagrado, segundo a polícia, falando sobre a ajuda que poderia ter, supostamente, de Rodrigo Rollemberg. “Firme em praticar as ingerências, em 27 de junho de 2018, Augusto fala com José Rui que vão resolver esse negócio. ‘E se não resolver desse jeito, nós vamos conversar com o RR’, fala, possivelmente se referindo ao governador do DF”, descreve o documento.

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Augusto Diniz teria articulado junto a servidores da Secretaria das Cidades para obter licença para um homem chamado José Rui, conforme aponta o inquérito da Operação (12:26)

 

Inquérito nº 386/2018
A partir de uma série de diligências, como escutas telefônicas, campanas que flagraram encontros, análise de documentos e depoimentos colhidos, a Polícia Civil concluiu que há envolvimento de 10 pessoas no suposto esquema de tráfico de influência, advocacia administrativa, além de indícios de prática de corrupção. Augusto Diniz está entre esses alvos.

De acordo com o processo que soma 195 páginas, “cada um em seu campo de atuação, em clara divisão de tarefas, praticou diversos atos visando beneficiar particulares perante a administração pública”. A peça segue salientando que o esquema se estrutura “em grupo central relativamente rígido para administração das atividades criminosas”.

A versão de Augusto Diniz
Ao Metrópoles, Augusto Diniz diz que “a conversa não tem nada de ilícito, referindo-se apenas a um alvará que estava e continua pendente de expedição no GDF”. “Se a autoridade policial tivesse me chamado para prestar informações, já estaria tudo esclarecido.” O empresário sustenta ainda que não tem nenhum contrato público com o governo.

Em nota, a Secretaria das Cidades informou que “como se trata de um inquérito sigiloso, nenhum dos citados se pronunciará”.

GDF nega irregularidades
No último dia 7, data na qual foi deflagrada a Operação (12:26), mesmo sem ainda ter conhecimento da íntegra das investigações, o GDF emitiu nota para esclarecer pontos específicos divulgados até então pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.

No documento, o governo nega as acusações feitas pelos investigadores de ter havido prática de advocacia administrativa e tráfico de influência.

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