Em defesa, Sandra Faraj diz que pagou despesas suspeitas “em cash”
Distrital diz que guardava R$ 150 mil em casa e, com esse valor, quitou dívidas com a NetPub. Colegas devem arquivar processo contra ela
atualizado
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Após quase um mês sangrando com a denúncia de desvio de verba indenizatória, a deputada Sandra Faraj (SD) apresentou, nesta quinta-feira (9/3), a sua defesa à Mesa Diretora da Câmara Legislativa. No documento com mais de 100 páginas, a distrital disse, entre outras coisas, que usou dinheiro em espécie para pagar a empresa NetPub.
A peça de defesa de Sandra Faraj foi confeccionada em cima dos questionamentos da ONG Adote um Distrital, que entrou com representação contra a deputada depois que as denúncias sobre ela vieram à tona. Os advogados da parlamentar afirmam que Sandra Faraj tinha em casa R$ 150 mil em espécie e que, com esse recurso, quitou as dívidas relativas aos serviços prestados pela NetPub, empresa do ramo de informática e de propriedade da esposa de Filipe Nogueira Coimbra, ex-funcionário do gabinete dela.
O mais provável é que o conteúdo da defesa não seja objeto de contestação dos colegas, que já eles ensaiam nos bastidores um acordão para arquivar o processo contra a deputada. A Casa tem um histórico de proteger seus pares. Os únicos distritais cassados até hoje foram Carlos Xavier, em 2004; e Raad Massouh, em 2013, que não tinha a simpatia dos demais deputados.
A expectativa da Mesa arquivar o processo contra Sandra coincide com o apoio público do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) à distrital. Em almoço com a base na última segunda-feira (6), ele manifestou solidariedade à deputada, que está grávida e se mostrou abatida no encontro. O comando da Câmara se reúne no dia 13 de março para definir o destino da deputada.
A idoneidade e a legitimidade dos documentos apresentados pela defesa da distrital, portanto, só serão comprovadas após investigação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). No dia 24 de fevereiro, a vice-procuradora-geral de Justiça, Selma Sauerbronn, cobrou da Mesa Diretoria explicações sobre a transação feita entre Sandra Faraj e a NetPub. A distrital foi ao MP nesta quarta (8), onde prestou depoimento de forma espontânea. A expectativa é de que a promotoria peça à Justiça a quebra do sigilo bancário de Sandra.
A ONG Adote uma Distrital, responsável pela representação, não se convenceu com as explicações dadas por Sandra Faraj. O coordenador da organização não governamental, Olavo Santana, afirmou que, caso a Mesa arquive o processo, vai entrar com recurso contra a Casa.“Nós temos os extratos bancários do Filipe Nogueira e vamos anexar com nosso recurso. A deputada não comprovou claramente que realizou o pagamento. Vamos entrar com ação para que as investigações sejam aprofundadas”, declarou Olavo Santana.
O caso
Sandra Faraj é suspeita de ter desviado verba indenizatória no valor de R$ 174 mil. As notas fiscais do serviço prestado pela NetPub foram todas lançadas no sistema da Câmara Legislativa e o dinheiro da verba indenizatória ressarcido à parlamentar, inclusive como mostram os cheques apresentados pela defesa da distrital. A NetPub, porém, confirma que recebeu as notas, mas nega ter recebido os recursos dos serviços prestados entre fevereiro de 2015 a fevereiro do ano passado.