Em briga acalorada, deputado Fraga manda coronel Leão ir “tomar no cu”
Alberto Fraga e o ex-chefe da Casa Militar do DF discutiram sobre o PL nº 449/2016, que trata dos supersalários dos agentes públicos
atualizado
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O clima esquentou entre o deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) e o coronel Rogério Leão, atual presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do DF (Asof-DF), neste domingo (18/12). Em áudios que circulam pelo WhatsApp, os dois se envolveram em uma discussão acalorada, com trocas de xingamentos e acusações, após Leão pedir que os policiais militares fossem “para cima” dos deputados contra o Projeto de Lei nº 449/2016.
O projeto, aprovado na última terça-feira (13/12) no Senado e que segue para a Câmara, acaba com os supersalários dos agentes públicos, aposentados e pensionistas da União, estados, Distrito Federal e municípios. Segundo as corporações, o PL também limita os direitos dos policiais e bombeiros militares em relação às férias e à licença-prêmio, que deixarão de ser verbas indenizatórias e passarão a compor o limite do teto.
“Tá difícil, tá difícil, para quem não entende de legislação tem que se aprofundar. Agora, a 449 pode entrar, pode foder a gente. Olha, isso é tudo ou é nada, ou é probo ou é improbo, ou é legal ou é ilegal. Vamos para cima, temos que estar todos juntos para manter as prerrogativas de todo o país”, pedia o coronel Leão em uma das mensagens. Ouça:
Logo, o deputado Alberto Fraga respondeu ao presidente da Asof-DF. “Não consigo entender como o coronel Leão, conhecidamente um petista de carteirinha, tem a coragem e o descaramento de falar essas bobagens. Quem mandou esse projeto foi a Dilma, do partido dele, e quem salvou o projeto, fomos nós. Agora vem com essa conversa fiada de responsabilidade, querendo jogar a tropa contra o Congresso. Que conversa é essa, Leão?! Toma vergonha na sua cara! Acho bom você parar com essa palhaçada de ir para cima! Você tem voto? Você tem voto para ficar falando merda? Então, acho bom você acatar para não ficar falando merda”, retrucou. Ouça o áudio:
Teve troco. Coronel Leão, em outro áudio, provocou Alberto Fraga, citando o fato de ele ter se tornado coronel da polícia por força de lei. “Me preocupo o mínimo com o que esse cidadão está preocupado. Tenho mais que fazer. De qualquer forma, senhor deputado, você está falando com um coronel que saiu como coronel da polícia. Respeite os policiais militares. Se o senhor está achando que alguém tem medo de vossa excelência, eu não tenho, passar bem!”. Ouça o áudio:
A partir daí, tudo piorou e Fraga só não chamou Leão de bonito. “Olha, Leão, você é ridículo. Nem vou entrar no mérito de discutir com você. E esse negócio de tenente-coronel e coronel, vai tomar no cu. Você não é ninguém para falar que a gente tem que ir para cima. O assunto que tinha de ser resolvido, eu já resolvi. O resto, cada estado que tem que cuidar. Eu estou cuidando do meu que você e seu partido foderam com a polícia militar, o bombeiro e a cidade. Tô dando essa conversa por encerrado”, bradou Fraga. Ouça:
Mobilização
Procurado pelo Metrópoles, o coronel Rogério Leão, que exerceu o cargo de chefe da Casa Militar do DF no governo de Agnelo Queiroz, disse que não entende qual é o problema de chamar os policiais e bombeiros militares para se mobilizar contra algo que pode prejudicar a carreira. “Estamos lutando como todos os funcionários públicos, batalhando contra essas reformas que alteram uma série de benefícios. Estranho que o Fraga venha com essa ira quando chamei para uma mobilização. Não falei em fazer greve, como ele pediu há pouco tempo em um vídeo. Pedi para que a tropa vá de forma ordeira defender seus direitos”, disse.
Oportunismo
Ao Metrópoles, o deputado Alberto Fraga disse que o coronel Leão está sendo oportunista ao convocar uma mobilização. “Esse coronel petista, quando estava no governo, não fez nada em benefício da PM, e, agora, estamos trabalhando no texto do projeto, que já foi modificado e que já está resolvido”, afirmou. Segundo Fraga, Leão está sendo irresponsável ao convocar um protesto. “Esse idiota fica incentivando a tropa a ir para cima dos deputados. Não aceito esse tipo de coisa, é puro oportunismo.”
Segundo o site da Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei nº 449/2016, que se transformou em Projeto de Lei nº 6726/2016, foi recebido em 15 de dezembro, mas não consta da pauta de votação da Casa.