Em audiência na CLDF, moradores reclamam de falta de diálogo do GDF e descaso nas derrubadas da Orla do Lago
Em encontro na Câmara Legislativa, governo e comunidade tentaram chegar a um acordo sobre o melhor modelo de ocupação da área
atualizado
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A desobstrução da orla do Lago Paranoá ainda deve render muita polêmica. A audiência pública entre os moradores do Lago Sul e Lago Norte na Câmara Legislativa, na noite desta terça-feira (17/11), mostrou duas frentes de batalhas distintas. De um lado a comunidade atingida pelas derrubdas e, do outro, o governo.
Pelo lado da população, a principal cobrança é o descaso com a área que foi desocupada. Segundo a pesquisadora do Instituto Brasiliense de Direito Público Flávia Vera, faltam regras claras e transparentes no processo. Ainda de acordo com ela, o acesso aberto ao Lago leva a uma depredação do meio ambiente.
A também pesquisadora do instituto Adriana Ishihara endossou os argumentos.
“Todo esse problema pode ser resolvido desde que a comunidade seja ouvida”, pontuou a arquiteta Clice Almeida, 68 anos, moradora do Lago Sul. A população que esteve presente na reunião queixou-se da falta de diálogo do GDF e apontou o desejo de se sentar com o governo para discutir os projetos.A ampla utilização do local levará a um esgotamento dos recursos naturais da cidade
Adriana Ishihara
O professor de direito da Universidade de Montreal Ejan Mackaay, por exemplo, apontou a parceria público privada como uma opção razoável para a gestão da orla. Além disso, ele ressaltou a necessidade do Estado criar regras que dialoguem com os interesses dos envolvidos na questão.
O governo, por sua vez, afirmou que, apesar de entender as reclamações da população, discorda dos pontos levantados.
Encerrando a audiência, a presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), Jane Maria Vilas Bôas, lembrou que a desocupação da orla é um assunto que entrou em pauta há quase 10 anos e que o órgão cumpre, atualmente, uma decisão judicial. Ela também recordou que, durante a reocupação pública da orla, o governo fez quatro reuniões com os envolvidos no caso.
O GDF garante que ainda vai realizar três consultas públicas para discutir com a população planos de demarcação dos parques e das poligonais do Lago Sul e Norte. Uma delas será em 19 de dezembro.
