Arruda tinha uma relação “promíscua” com Bandarra, acusa Durval
O delator afirmou que um dos sócios da empresa participou ativamente do pagamento de mesada para políticos do DF
atualizado
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Delator da Operação Caixa de Pandora que desarticulou um esquema de propina no Governo do Distrito Federal que começou em 2003, o ex-diretor da Codeplan Durval Barbosa presta depoimento na tarde desta sexta-feira (6/5) na Sétima Vara Criminal de Brasília.
A audiência que ocorre no quinto andar do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios colhe esclarecimentos de Durval sobre a participação da empresa Linknet no esquema de pagamento de mesada a políticos e integrantes do Governo do DF, que culminou na cassação do ex-governador José Roberto Arruda.
Segundo o delator, o sócio da empresa Linknet Gilberto Batista Lucena participou ativamente do esquema de pagamento de propina. “Tinha vez que ele (Marcelo) ia à Codeplan três vezes por dia”, descreveu.
São réus nesta ação: José Roberto Arruda, Paulo Octávio, José Geraldo Maciel, Marcelo Carvalho de Oliveira, Ricardo Pinheiro Penna, Roberto Eduardo Ventura Giffoni e Gilberto Batista de Lucena, um dos sócios da Linknet. Todos são acusados de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Despojado, usando um paletó preto por cima de uma blusa cor de rosa, Durval chegou acompanhado de dois policiais federais. Ele contou ter repassado, entre os anos de 2003 e 2006, cerca de R$ 60 milhões de propina.
Sob os olhares de Paulo Octávio, Giffoni e José Geraldo Maciel, Durval contou que o ex-governador Arruda era o chefe do esquema e também beneficiário. Segundo ele, o ex-vice-governador tinha conhecimento do esquema e também recebeu propina. O repasse, porém, era feito a Marcelo Carvalho (ex-executivo do grupo PaulOOctavio)
Contratos emergenciais
Durval Barbosa disse que, de 2006 a 2009, arrecadou muito dinheiro com contratos emergenciais. Ele afirmou que, até 2006, a Linknet tinha direito uma fatura de R$ 22 a R$ 30 milhões do GDF. Ele não respondeu à defesa de José Roberto Arruda se a empresa continuou recebendo pagamentos do Governo do Distrito Federal a partir de 2007.
O delator descreveu como “promíscua” a relação de José Roberto Arruda com ex-procurador-geral de Justiça do DF Leonardo Bandarra. “’Bandarra, faz isso’. Ordenava o governador. Ele recebia R$ 100 mil reais por mês. Arruda dizia que esse dinheiro era a sobra do lixo”, concluiu.
Em dos momentos mais quentes da audiência, Durval ofendeu o ex-governador ao ficar irritado com as perguntas do advogado de defesa de Arruda. “Quem dava dinheiro para aquele canalha era ele”, desabafou Durval. “Quem”, perguntou o defensor. “Seu chefe, Arruda”, respondeu Durval.