Drácon: MP revela “grande sacada” no esquema de propina de distritais
Segundo denúncia, uma emenda aditiva aprovada pela Mesa Diretora da Câmara Legislativa permitiu o pagamento integral às empresas de UTIs
atualizado
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A denúncia do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) contra os cinco deputados distritais investigados pela Operação Drácon, por corrupção passiva, revelou detalhes do esquema criminoso engendrado pelos parlamentares brasilienses. E mostrou como eles se valeram de uma “grande sacada” para conseguir destinar R$ 30 milhões de sobras de emendas, em uma única parcela, para empresas com contratos no GDF em troca de um suposto pagamento de propina.
Nas gravações entregues pela deputada Liliane Roriz (PTB) aos promotores, quem explica “a grande sacada” é o então secretário-geral da Câmara Legislativa, Valério Neves, que acabou denunciado juntamente com os distritais Celina Leão (PPS), Raimundo Ribeiro (PPS), Julio Cesar (PRB), Bispo Renato (PR) e Cristiano Araújo (PSD).
Na época, todos os cinco integrantes da Mesa assinaram uma emenda aditiva anulando a norma no caso de sobras orçamentárias do Legislativo.
No grampo feito por Liliane, Valério Neves destaca que o pagamento das emendas às UTIs será feito rapidamente. “Bom, vamos tentar pagar este ano”, diz ele. Em seguida, explica: “O que que foi a grande sacada ali? Nós tiramos ele dessas parcelas, né?”
Os parlamentares foram denunciados duas vezes por corrupção passiva. A primeira por tentar negociar propina com Afonso Assad, da Associação Brasiliense de Construtores (Asbraco), e pelo suposto esquema na área de saúde envolvendo emenda de R$ 30 milhões. Se condenados, os deputados podem pegar até 24 anos de prisão.
Os promotores pediram também ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) o afastamento cautelar do mandato de todos os deputados alvos da ação, até o fim das investigações. Dos cinco, Bispo Renato, Raimundo Ribeiro e Julio Cesar fazem parte da Mesa Diretora.
O Metrópoles não conseguiu contato com Valério Neves. Sobre a denúncia do MPDFT, os distritais alegam ser inocentes.