Distritais da oposição criticam Ibaneis após derrubadas na Estrutural
Durante a sessão desta quarta (20/3) na Câmara Legislativa, alguns oposicionistas chegaram a chamar o governador de mentiroso
atualizado
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A oposição ao governo na Câmara Legislativa (CLDF) criticou a operação da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (DF Legal) de derrubada de moradias na invasão da Chácara Santa Luzia, na Estrutural, realizada desde terça-feira (19/3). Durante a sessão desta quarta (20), alguns deputados distritais chegaram a chamar o emedebista de mentiroso.
O discurso mais duro foi do deputado Reginaldo Veras (PDT). Correligionário do líder do governo, Claudio Abrantes (PDT), Veras atacou o chefe do Executivo por promessas feitas ainda na campanha de 2018. “Durante as eleições, o então candidato Ibaneis Rocha prometeu que não derrubaria a moradia de pessoas pobres. Está gravado. É por isto que a classe política está em descrédito: porque as pessoas mentem para enganar a população”, disparou o pedetista.
Outro a usar o microfone para criticar o governador foi Leandro Grass (Rede). “Na campanha, a gente se preocupou muito com as promessas sobre os métodos de regularização feitas pelo governador. Boa parte da população, principalmente a mais pobre, acreditou que ele resolveria essa situação”, atacou.
Mais cedo, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, Fábio Felix (PSol), soltou nota criticando o fato de as pessoas não terem sido deslocadas para abrigos antes das derrubadas. “Em vários debates e entrevistas durante a campanha eleitoral, Ibaneis afirmou que não adotaria esse tipo de medida, considerada ‘desumana’ por ele; ao contrário: o governador fez declarações nada republicanas em que afirmou que reconstruiria casas em áreas desocupadas com recursos do próprio bolso”, lembrou.
Governistas
Procurados pelo Metrópoles, deputados da base governista, como Valdelino Barcelos (PP) e Martins Machado (PRB), não quiseram se manifestar sobre a ação do Governo do Distrito Federal (GDF). Por sua vez, a distrital Jaqueline Silva (PTB) afirmou que precisa se “fundamentar melhor” sobre o assunto. “A questão das invasões é um assunto difícil tanto para o governo quanto para as pessoas atingidas, mas existe uma responsabilidade do governo. Não podemos fechar os olhos para o que está acontecendo”, disse a deputada.
Cláudio Abrantes também afirmou não ter detalhes sobre a operação. “Mas é verdade que o governador tem dito que não aceitará novas invasões. O GDF tem de se esforçar para ajudar as pessoas a adquirirem suas moradias. Acho que o que puder ser legalizado é positivo, mas novas ocupações não devem ser toleradas”, afirmou o líder da base.
Operação
O vice-governador, Paco Britto (Avante), disse nesta quarta-feira (20/3) que o GDF não vai permitir a instalação de ocupações irregulares no território brasiliense. “Novas invasões serão combatidas”, assegurou ao ser questionado sobre ação do DF Legal no bairro de Santa Luzia. “É preciso deixar claro que essas invasões são recentes. Por isso, estão sendo retiradas”, completou Britto.
Na terça (19), foram removidas 60 unidades habitacionais, entre barracos de alvenaria, madeira e lona. A estimativa é que haja uma média de 300 novas construções na região para serem retiradas. Em janeiro, o governo removeu 900. As novas edificações, segundo o GDF, foram erguidas em área denominada de faixa de tamponamento, importante para a proteção de danos ambientais e que fica junto ao Parque Nacional de Brasília.
No início da manhã, cerca de 40 manifestantes bloquearam o trânsito na pista norte (reversa) da Estrutural, em protesto contra a derrubada. Uma barreira com fogo e pneus foi montada no Km 6, próximo ao viaduto do Jóquei. Depois, o grupo tentou impedir o trabalho de derrubada, atirando paus e pedras. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi acionado. Houve tumulto e os militares precisaram intervir. Foram usadas bombas de efeito moral e spray de pimenta.
Notas oficiais
Por meio de nota, o DF Legal disse que está fazendo desocupações em áreas públicas e de proteção ambiental na Chácara Santa Luzia, na Estrutural. A operação deve durar até esta quinta (21). Segundo o órgão, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) “deve fazer o encaminhamento assistencial dos invasores”.
A Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab) informou que residem em Santa Luzia cerca de 4,2 mil famílias, que habitam em lotes monitorados pelo GDF por meio de drones e fotos aéreas. “O controle foi realizado no ano passado através do processo de Selagem, em que os moradores foram cadastrados com fichas socioeconômicas, devidamente assinadas pelo responsável familiar, com registro em foto”, disse o DF Legal.
Por sua vez, a Polícia Militar informou que precisou intervir na operação de retirada de moradias irregulares na invasão Santa Luzia, “após longa negociação sem sucesso, para que os moradores desobstruíssem a entrada do local”. “Um grupo de manifestantes tentou impedir a operação atirando paus e pedras. Diante dessa resistência, a PMDF utilizou bombas de efeito moral e gás para dispersar o grupo. Não houve feridos.”