metropoles.com

Distritais aprovam “acareação” entre Marli Rodrigues e Renato Santana

CPI da Saúde quer sessão conjunta com a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, e o vice-governador Renato Santana. Nesta quinta-feira (21/7), também foi aprovada a convocação do secretário de Fazenda

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
renato santana depõe na CPI
1 de 1 renato santana depõe na CPI - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Além da sindicalista Marli Rodrigues, presidente do SindSaúde, o vice-governador Renato Santana (PSD) também falou à comissão parlamentar de inquérito da Câmara Legislativa que investiga supostas irregularidades na Secretaria da Saúde. Após o vice prestar depoimento, os distritais aprovaram duas medidas: uma “reunião conjunta” entre Santana e Marli — que funcionará como uma espécie de acareação — e uma convocação para o secretário de Fazenda, João Fleury, prestar informações. No entanto, ainda não há data para a sessão. Nos grampos gravados pela sindicalista, ela e Santana falam na existência de um esquema de corrupção na Saúde que também passaria por contratos firmados pela pasta da Fazenda.

Santana negou que tivesse se reunido para “conspirar” contra o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e que não viu problema nos vazamentos das conversas gravadas por Marli. “Quando eu falo que tem uma pessoa que está fazendo cobrança de 10% eu não estou acusando o secretário de Fazenda, nem o governador, nem ninguém. Eu não sou denunciante. No dia seguinte, ou uns três dias depois, eu levei ao conhecimento do governador que um grupo de empresários me procurou para denunciar que estavam cobrando propina para o pagamento de dívidas”, disse Santana. Segundo ele, o material detalhando a cobrança foi entregue pelos próprios empresários. Depois, foi passado ao então secretário adjunto da Fazenda, João Fleury, que hoje é titular da pasta. Uma cópia foi entregue ao governador.

Renato Santana disse ainda que não tem receio sobre o vazamento de áudios e que não se sentiu traído por Marli, por não ter relação com a sindicalista. “Não tenho receio quanto à gravação. Tenho zero problema com isso. Querem transformar isso em um cenário de conspiração”, afirmou Santana, que completou: “Não marquei reunião com a Marli para conspirar contra ninguém”.

Questionamentos
O deputado Wasny de Roure (PT) questionou o trecho em que o vice-governador afirma que chegou a ele o fato de estarem cobrando 10% de propina — Marli Rodrigues diz ter ouvido falar em 30%. Apoiado por Reginaldo Veras (PDT), eles questionaram quem era o sujeito da frase: “Ele autorizou o pagamento de 10%”. Na oitiva da manhã, Marli disse que “ele” seria o governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

O vice-governador negou que estivesse se referindo ao chefe do Executivo e disse que isso foi uma interpretação da própria Marli Rodrigues. Santana lembrou ainda que foi ele quem levou as denúncias dos empresários sobre a cobrança de propina. “Eu repudio veementemente essa declaração dela”, disse.

Acusações
Marli Rodrigues acusou o governador Rollemberg (PSB) e a mulher dele, Márcia Rollemberg, de serem os mentores de um esquema de corrupção dentro da Secretaria da Saúde do DF. “Existem duas frentes: uma comandada pelo senhor Rodrigo Rollemberg e a outra pela primeira-dama”, afirmou.

Segundo a sindicalista, eles são os responsáveis por indicar os operadores do grupo dentro da pasta: Ricardo Cardoso, então funcionário do Ministério da Saúde; e Marcello Nóbrega, subsecretário de Logística e Infraestrutura de Saúde.

Marli contou que o esquema envolvia a quebra da ordem dos pagamentos feitos pelo ex-diretor do Fundo de Saúde do Distrito Federal Ricardo Cardoso, indicado pelo governador Rodrigo Rollemberg. Com a ajuda de um servidor – que a sindicalista identificou como Vanderlan Ribeiro -, eles apontavam defeitos, muitas vezes inexistentes, para que os processos tivessem de ser revistos e empresas ligadas ao esquema recebessem antes.

A presidente do sindicato afirmou ainda que Marcello Nóbrega, indicado pela primeira-dama Márcia Rollemberg, era quem segurava os processos e atrapalhava o trabalho dos secretários que passaram pela pasta. Ele também teria sido o responsável por rasgar uma nota de empenho da compra de marca-passos, que posteriormente acabaram sendo adquiridos com valor acima do mercado.

Organograma da corrupção
Um organograma do esquema foi apresentado pela sindicalista aos deputados. Veja:

organograma1

Resposta de Rollemberg
Em evento no fim da tarde, Rollemberg contestou as acusações de Marli Rodrigues, de que ele e a primeira-dama, Márcia Rollemberg, comandariam um suposto esquema de corrupção na Secretaria da Saúde. “É um absurdo a presidente de um sindicato, de forma leviana, sem apresentar nenhuma prova, sem apresentar nenhum fato concreto, fazer acusações contra pessoas que tenham uma vida honrada”, disse o socialista. Rollemberg disse ainda que acionará a Justiça contra a sindicalista, e que “ela vai pagar muito caro pelas informações difamatórias e caluniosas que fez hoje na CPI”, afirmou.

Ainda segundo Rollemberg, as denúncias contra ele são decorrência da atual gestão, que tem contrariado “interesses poderosos e milionários na saúde”. “Nós estamos realizando licitação na alimentação hospitalar, que há mais de 10 anos não tinha. Estamos realizando licitação na vigilância, que há mais de quatro anos não tinha”, destacou.

Casa Civil
À noite, foi a vez do secretário-chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, convocar uma entrevista coletiva para comentar as acusações da presidente do SindSaúde. Segundo Sampaio, as declarações de Marli Rodrigues não têm fundamento e podem ser uma tentativa de tumultuar a intenção de o GDF terceirizar parte da gestão da saúde pública, com a entrada das organizações sociais (OSs) no setor.

“É uma coincidência que essas denúncias venham à tona no momento que o governo lança na Câmara o modelo de OSs (organizações sociais, destinadas a gerir parte da saúde pública local). Se fosse descabido, não estaria em lei federal e funcionando em outros estados.”

Assim como o governador, Sampaio subiu o tom contra Marli Rodrigues. “Não tem nada de concreto. Cadê os nomes de quem pratica corrupção? Não venha com essa cortina de fumaça falando que o Ministério Público não permitiu falar. Quem pratica corrupção tem de ser preso, como também deve ser preso quem vai a uma CPI e falta com a verdade.”

O secretário também disse que “é um absurdo ela (Marli) alegar que está sendo ameaçada. Quem conhece o governador sabe que ele não tem esse tipo de prática. É uma história vergonhosa e caluniosa”.

Processo judicial
No entanto, Sampaio afirmou que também vai processar a sindicalista, que pôs o nome do secretário em um organograma no qual estariam os envolvidos no suposto esquema de corrupção denunciado por Marli.  “Não aceito meu nome envolvido nesse tipo de baixaria. É salutar que o MP faça uma investigação.”

Além dos grampos em que Marli e Renato Santana falam que existe um esquema de corrupção no GDF, no qual são cobradas propinas entre 10% e 30% sobre contratos da Saúde; ela e o ex-secretário da Saúde Fábio Gondim denunciam um “meio podre” na pasta, que seria comandado por pessoas indicadas pelo próprio Rollemberg. O Metrópoles divulgou os dois áudios na última sexta-feira (15) e no sábado (16).

Os episódios causaram uma crise no governo Rollemberg, motivando reuniões do governador com o primeiro escalão e até mesmo a interrupção do recesso parlamentar na Câmara Legislativa, que convocou sessão da CPI da Saúde para discutir o tema.

Nota da Secretaria da Saúde
Na noite desta quinta (21), a Secretaria da Saúde publicou nota para refutar as acusações de que há um esquema de corrupção na pasta e rebater denúncias de má-gestão. Entre uma série de declarações, a pasta disse que “não é verdade que haja qualquer preferência na ordem dos pagamentos realizados pela secretaria. Alguns são priorizados em função do interesse público na manutenção da prestação dos serviços contratado, devidamente justificado em todos os processos. Exemplos são a alimentação dos pacientes nos hospitais, pagamentos de UTI e a aquisição de medicamentos”.

A nota diz ainda que “não é verdade que a Secretaria da Saúde dispõe de um contrato, no valor de R$ 12 milhões anuais, para fazer a manutenção de 1,7 mil veículos. Este serviço é prestado por meio de um contrato corporativo do GDF por meio da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão com a Ticket Car. Trata-se de ata de registros de preços, cujo valor anual máximo é R$ 11.897.987,58. O gasto mensal máximo pode chegar a R$ 991.498,97. O governo de Brasília nunca chegou perto de atingir esses limites anual ou mensal”.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?