Em 4 anos, deputados usaram R$ 13 mi para mandar 10 milhões de correspondências
Distritais gastaram, só em 2015, R$ 2,4 milhões para enviar cartas. A verba já é maior do que a usada em 2014
atualizado
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Você lembra a última vez que escreveu uma carta ou fez alguma postagem nos Correios? Acha que esse comportamento caiu em desuso com a chegada das redes sociais? Para os deputados distritais, não. Contabilizando as despesas de 2011 até agora com serviços da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, eles desembolsaram R$ 13.464.967,19. Somente este ano, de janeiro a 28 de agosto, a Câmara Legislativa gastou R$ 2.464.130,11 com serviços postais. O valor é maior do que foi gasto em todo o ano passado: R$ 2.331.967,00.
Levando em consideração que uma carta simples custa R$ 1,40, significa dizer que, no período, os parlamentares enviaram 9.617.833 correspondências. Ou seja, cada morador do DF recebeu pelo menos três delas.Essa verba é usada para que os distritais enviem, por exemplo, material de divulgação de suas atividades e cartões de aniversário para os eleitores. Enquanto isso, faltam medicamentos nos hospitais, professores em sala de aula e coletes à prova de bala para os policiais.
Os 24 distritais têm pelo menos uma página oficial em alguma rede social. Usam o espaço para comunicação com os brasilienses. Mesmo assim, cada um deles recebe, mensalmente, uma cota de R$ 14 mil para gastar com postagens de correios. Somados, os valores chegam a R$ 336 mil mensais para envio de correspondências. Por ano, são R$ 4.032.000.
Os recursos para serviços de postagem não fazem parte da verba indenizatória que cada deputado tem direito, de R$ 25.322,25 mensais. O contrato com a empresa é fechado com a Casa e os distritais não precisam nem sair da Câmara Legislativa para fazer as postagens. Há uma agência dos Correios lá. Os valores são acumulativos. Caso o deputado não gaste tudo em um mês, pode usar no próximo.
Fim da verba
Apesar do gasto, os parlamentares se dizem contrários à verba, Reginaldo Veras (PDT) define o gasto como “o mais imoral da Câmara”. Ele sugeriu, inclusive, que ela fosse reduzida ou extinta. “Em épocas de internet, com redes sociais e e-mails, é inútil ter esse gasto. O valor é tão alto que dá para mandar carta para o planeta inteiro”. O deputado usou 4% do valor que tinha disponível.
O discurso de contenção de gastos também é usado por Cláudio Abrantes (PT) para a sugerir a redução da verba de correspondência. Para ele, a internet possibilita a comunicação entre os parlamentares e os eleitores.
“Tem e-mail, redes sociais, os boletins eletrônicos. Minha opção é usar a correspondência apenas para regiões mais distantes, como as áreas rurais. Mas são casos específicos”, afirma. Abrantes assumiu o mandato no começo deste mês, depois que Dr. Michel assumiu a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do DF.
“Boa ação”
Mas a farra das cartas pode acabar. Pelo menos é o que prometem os distritais. Na tarde desta terça-feira (22/9), a presidência da Câmara anunciou que vai “devolver” ao Governo do Distrito Federal R$ 24 milhões para reforçar o caixa do Palácio do Buriti, que enfrenta uma crise financeira com rombo de R$ 5,25 bilhões nas contas. A garantia é que deputados cortem as despesas com correios, combustíveis e outras despesas.