metropoles.com

Bessa chama Rollemberg de “imbecil, preguiçoso e incompetente” e o acusa de estar “perdido” na segurança pública

Em entrevista ao Metrópoles, o deputado federal disse que a falta de valorização das corporações tem reflexo direto na crise da segurança pública

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Ananda Borges/Câmara dos Deputados
laerte bessa
1 de 1 laerte bessa - Foto: Ananda Borges/Câmara dos Deputados

Crítico mordaz do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), o deputado federal Laerte Bessa (PR-DF) é conhecido pelo temperamento forte. E a crise deflagrada com a fuga de 10 detentos do Complexo Penitenciário da Papuda na madrugada de domingo (21/2) recarregou o cartucho do ex-diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal. Em um desabafo no Facebook, o parlamentar xingou o governador de “imbecil”. Ao Metrópoles, foi além: “Rollemberg é incompetente e preguiçoso”.

Na entrevista, Bessa deixou transbordar o ressentimento por nunca ter sido consultado nas escolhas do socialista para a Polícia Civil e, com a filosofia do “chumbo grosso”, decretou que o desafeto está “perdido” na condução da política de segurança pública.

Pela página no Facebook, o ex-delegado não mediu as palavras e disse que Rollemberg é um “imbecil” por “acusar o secretário de Justiça e o coordenador da Sesipe (Subsecretaria do Sistema Penitenciário do DF) de incompetência”.

SEGURANÇA PÚBLICA – CAOS NO DISTRITO FEDERALSabem de quem é a culpa da fuga do presídio do PDF-I no último domingo?É…

Publicado por Laerte Bessa em Terça, 23 de fevereiro de 2016

 

Em entrevista ao Metrópoles, Bessa entrou de sola. Cravou que o Executivo local está “desviando dinheiro do Fundo Constitucional” e “divulgando estatísticas falsas e mentirosas”. Criticou também o decreto criado por Rollemberg que autoriza “segurança pessoal e o transporte do governador e de seus familiares”.

Leia a entrevista:

Qual avaliação o senhor faz da crise deflagrada pela fuga de dez presos da Papuda?
Essa crise estava anunciada há muito tempo pelos próprios policiais que fazem relatórios informando a situação do presídio. Todo mundo sabe que esse governador não paga promoção, não contrata. É inerte e a crise vem. A PM não tem policial para colocar nos postos. Os agentes penitenciários estão altamente defasados. O governador não toma providência e, quando acontece alguma coisa assim, quer achar culpado. O culpado é ele, que não é gestor.

Quais são os principais problemas que a segurança enfrenta hoje?
O grande problema é a desmotivação dos policiais. A polícia está sem material humano. (O governador) Não contrata os policiais pela birra que tem com as polícias. Ele é o chefe, não pode ter esse tipo de procedência, não pode governar Brasília. A cidade está um caos e ele não reconhece a situação.

O senhor fala de “desvio no Fundo Constitucional”. O que isso significa?
Esse fundo foi criado para acudir a segurança e, subsidiariamente, a saúde e a educação, mas não com salário dessas áreas. Dos 100% da reserva, o governo está gastando só 43% com segurança. A consequência disso é a violência insuportável. A Secretaria de Segurança está maquiando estatísticas, mandando estatísticas falsas, mentirosas. Estão mentindo para o povo.

A Segurança Pública está falida?
Totalmente. Por culpa dele (do governador), que não usa os recursos disponíveis. Não posso aceitar. O primeiro investimento teria que ser a nomeação dos policiais que estão prontos e podem até perder o concurso. Outra coisa: os servidores estão desestimulados com os salários. Os PMs têm direito a promoção, mas não estão conseguindo ser promovidos.

O senhor diz ainda que o governador Rodrigo Rollemberg usa viaturas descaracterizadas para atender parentes. Tem provas?
Comecei a receber denúncias dos próprios policiais, que foram até o meu gabinete reclamando que faltam viaturas, e o governador usa, com a família, os carros para resolver problemas pessoais. Fui atrás e vi que é verdade. Ele usa o Decreto n° 36.236/2015 para cometer esse absurdo. É um desgoverno.

Qual a avaliação do senhor sobre o governo de Rodrigo Rollemberg?
Não tem como fazer avaliação. Ele não iniciou o governo até hoje, porque é incompetente e preguiçoso. Fui duas vezes no gabinete dele para discutir o assunto da Segurança Pública e ele nunca quis conversar. Vi que ele estava perdido e coloquei meu gabinete à disposição para ajudar, mas ele nunca quis. Ele nem sequer me comunicou ou me consultou — já que represento a Polícia Civil na Câmara — para escolher o diretor da Polícia Civil. Ele acha que não precisa dos deputados federais e dos senadores. Por isso que está essa bronca toda.

Histórico
O deputado de 61 anos entrou para a PCDF em 1986. Passou por várias unidades até, em 1999, sob as graças e a indicação do então governador Joaquim Roriz, ser indicado para assumir a direção da Polícia Civil. Passou oito anos no comando da corporação, o maior tempo de um diretor à frente do posto até hoje em Brasília. No mesmo ano que deixou o cargo, em 2006, foi eleito pela primeira vez para a Câmara dos Deputados, pelo PMDB.

Tentou a reeleição em 2010, já pelo PSC, mas não conseguiu a vitória. Nas eleições de 2014, Bessa, agora pelo PR, disputou a vaga de deputado federal pela coligação União e Força, na qual o ex-governador José Roberto Arruda tentou disputar novamente o Governo do Distrito Federal. Arruda acabou impedido pela Justiça e foi substituído por Jofran Frejat. O grupo recebeu o apoio do ex-governador Joaquim Roriz. Com 32.843 votos, Bessa conseguiu a última das oito vagas na Câmara dos Deputados.

Confusão
Conhecido pelas controvérsias, Laerte Bessa protagonizou uma série de polêmicas desde o começo do mandato. Em uma delas, jogou um copo d’água em convidados da CPI dos Crimes Cibernéticos. Na ocasião, em outubro do ano passado, o deputado defendia o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quando ouviu críticas à fala. Bessa, então, arremessou a água em um advogado.

Em outro episódio, em dezembro passado, Bessa foi acusado pelo deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) de ter lhe desferido um soco e uma cabeçada durante empurra-empurra em plenário, na votação da comissão especial que avaliará o arquivamento ou o prosseguimento do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O caso foi parar na Corregedoria Parlamentar da Casa.

Parte da “bancada da bala” — frente parlamentar composta por integrantes e ex-integrantes de forças de segurança do país —, Bessa é o relator do projeto da redução da maioridade penal. Apesar da atuação no Congresso, garante: “Nem gosto de política. Estou pela segurança pública, pela minha polícia”.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?