Depoimento de Durval Barbosa sobre formação de quadrilha na Pandora é anulado pela Justiça
Problema no equipamento de gravação do tribunal impediu que toda a fala do delator do esquema fosse registrada. Ele terá que testemunhar novamente no mês que vem
atualizado
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Um longo depoimento prestado por Durval Barbosa, no mês passado, terá que ser tomado novamente pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Um problema no equipamento de gravação de uma das audiências da Caixa de Pandora impediu que todas as falas do delator do esquema fossem registradas. O juiz da 7ª Vara Criminal de Brasília, Paulo Carmona, então, anulou o testemunho de Barbosa e marcou uma nova data para ouvir o ex-secretário de Relações Institucionais do DF.
A audiência em que ocorreu o depoimento foi a primeira de instrução da ação penal sobre formação de quadrilha no esquema e foi realizada no dia 18 de fevereiro. Na decisão em que anulou a oitiva, o magistrado ressaltou que foi comunicado da falha pela defesa de um dos réus.A empresa Kenta, responsável pelo sistema de gravação, elaborou um relatório, a pedido do juiz, informando que não seria possível recuperar a gravação completa de Barbosa. “Comuniquei o fato à Corregedoria de Justiça e ao Diretor-Geral do TJDFT, que determinaram abertura de processo administrativo para apuração dos fatos e que fossem trocados os equipamentos”, justificou Carmona na decisão.
Desta forma, o juiz determinou a anulação do depoimento de Barbosa e marcou uma nova data para ouvi-lo. Será no dia 27 de abril, às 14h.
Depoimento
Durante o depoimento agora anulado, Barbosa reafirmou detalhes do esquema, como o uso político do antigo Instituto Candango de Solidariedade (ICS) e o repasse de R$ 60 milhões diretamente ao ex-governador José Roberto Arruda ou a interlocutores de Arruda.
Sobre as contratações de empresas à época das investigações, afirmou que, a partir de 2003, algumas já entravam nas licitações com a certeza da vitória. “Colocavam outras só para figurar”, afirmou. Além de Barbosa, respondem à ação outras 18 pessoas, entre elas Arruda e o ex-vice-governador do DF Paulo Octávio.
Segundo a denúncia, entre 2006 e 2010, os réus “se associaram com o objetivo de cometer crimes contra a administração pública, com divisão de tarefas”. Para os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Distrito Federal e territórios (MPDFT), “a poderosa quadrilha implantou um esquema de corrupção com a finalidade de cometer crimes, crescer politicamente e ter enriquecimento dos integrantes”.