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Denúncias de suborno que levaram Arruda à prisão em 2010 voltam à pauta do TJDFT

Entrega de uma sacola com R$ 200 mil ao jornalista Edson Sombra, em fevereiro de 2010, serviu como prova para que o STJ decretasse a prisão do então governador

atualizado

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Seis anos após o escândalo que se abateu sobre a vida política do Distrito Federal, o episódio que levou José Roberto Arruda à prisão, em fevereiro de 2010, começou a ter desdobramentos no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Testemunhas do processo em que o então governador aparece como mandante de uma tentativa de suborno ao jornalista Edson Sombra são ouvidas, desde segunda-feira (1°/2), por promotores do Ministério Público do DF e Territórios e pelo juiz da 7ª Vara Criminal de Brasília.

Primeiro a prestar depoimento nesta terça (2), Valdir José dos Santos é servidor do Banco de Brasília (BRB) desde 1991. Atualmente, é diretor-presidente da Corretora Seguros BRB. À época das investigações que resultaram na Operação Caixa de Pandora, era gerente da agência localizada no Palácio do Buriti. A instituição, segundo as denúncias, teria sido usada pelo governo para tentar subornar Sombra. Dirigentes participaram, a mando de Arruda, de uma tentativa de conceder a Sombra um crédito de R$ 450 mil, além de limpar o nome dele no banco, conforme as investigações.

Convocadas pelo Ministério Público do DF, as duas testemunhas ouvidas nesta terça falaram por pouco tempo. Valdir dos Santos disse que, na época da prisão de Arruda, estava de férias e soube das tentativas de suborno pela imprensa. O servidor do BRB, no entanto, afirmou que, em alguns momentos, esteve na casa de Sombra para “tratar de assuntos referentes à conta bancária” do jornalista. Confirmou que tocou no assunto do suborno, mas não deu detalhes sobre o caso.

Propina
Os benefícios que seriam concedidos pelo BRB fariam parte, segundo a denúncia, de uma tentativa de suborno a Sombra para que ele prestasse informações falsas em depoimentos à Polícia Federal e afirmasse que os vídeos feitos por Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção, haviam sido manipulados. O jornalista teria sido procurado por ser o responsável por convencer Barbosa a delatar o esquema.

Como parte do suborno, além da manipulação no BRB, Sombra recebeu R$ 200 mil embalados em um papel pardo e dentro de uma sacola plástica, em uma lanchonete na Quadra 303 do Sudoeste. A quantia seria apenas uma parte dos R$ 3 milhões que ele receberia. O episódio ocorreu em 4 de fevereiro de 2010, quase três meses depois de a Polícia Federal ter deflagrado a Caixa de Pandora. A proposta do suborno havia sido feita ao jornalista antes do encontro. Ele, então, procurou a PF no mês anterior e relatou a futura entrega do dinheiro.

No dia em que recebeu a sacola com o montante das mãos do então conselheiro do Metrô Antônio Bento da Silva, delegados e agentes da PF que acompanhavam o encontro prenderam Bento em flagrante. Além disso, Sombra passou aos investigadores gravações que registraram conversas e tentativas de suborno feitas por interlocutores de Arruda. Também entregou um bilhete escrito por Arruda onde estavam as frases “gosto dele”, “sei que tentou evitar”, “quero ajuda”, “sou grato”, “GDF OK” e “Geraldo está valendo”. Sombra recebeu o papel das mãos do então deputado distrital Geraldo Naves, aliado de Arruda na Câmara Legislativa.

Segundo a depor na audiência desta terça, o delegado da Polícia Federal Elzio Vicente da Silva foi quem prendeu Antônio Bento durante a entrega do dinheiro a Sombra. O investigador informou que foi convocado para acompanhar o episódio e prendeu Bento logo depois que ele passou a sacola.

Elzio contou ainda que, durante o caminho entre o Sudoeste e a Superintendência da PF, Bento informou que havia sido procurado por intermediários de Arruda para negociar a entrega do dinheiro. Uma semana depois do episódio, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decretou a prisão de Arruda e de outras quatro pessoas.

Além de Arruda, são réus nessa ação o ex-deputado Geraldo Naves; o ex-secretário de Comunicação do GDF Wellington Luiz Moraes; Antônio Bento; o ex-secretário particular de Arruda Rodrigo Diniz Arantes; e o ex-diretor da CEB Haroaldo Brasil de Carvalho. Eles respondem por corrupção de testemunha e falsidade ideológica.

Habeas corpus negado
Há duas semanas, o desembargador da 3ª Turma Criminal do TJDFT negou habeas corpus a Arruda. A defesa do ex-governador pedia que fossem consideradas nulas todas as ações penais relativas à Caixa de Pandora.

Até a publicação desta reportagem, o Metrópoles não conseguiu contato com os advogados dos acusados.

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