Defensor diz que sofreu pressão de distritais investigados na Drácon
Em depoimento à CPI da Saúde nesta quinta (13/10), André de Moura revelou que Celina, Bispo Renato e Ribeiro encaminharam representação contra ele
atualizado
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Em depoimento à CPI da Saúde nesta quinta-feira (13/10), o defensor público André Moura revelou que três distritais suspeitos de integrarem um esquema de cobrança de propina em troca da liberação de recursos entraram com representação contra ele na Defensoria Pública (DPDF). Celina Leão (PPS), Raimundo Ribeiro (PPS) e Renato Andrade (PR) encaminharam representação em um documento assinado em nome da CPI. Moura disse ainda que ouviu comentários na DPDF que vetos a projetos que favorecem o órgão não seriam derrubados na Câmara Legislativa por “culpa” dele. As informações surpreenderam os distritais da CPI.
As declarações de Moura foram uma resposta a questionamento do deputado Wasny de Roure (PT), que perguntou se André Moura estava “sofrendo pressões” por causa do seu envolvimento na apuração das denúncias de corrupção na saúde.Ao comentar o esquema investigado na Operação Drácon, André Moura disse que intermediou o depoimento da deputada distrital Liliane Roriz (PTB) ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), com denúncias de um suposto esquema de pagamento de propina envolvendo distritais da Mesa Diretora afastada.
Segundo André Moura, o primeiro a lhe procurar para denunciar o suposto esquema foi o jornalista Caio Barbieri, que contou ao defensor público que a sindicalista Marli Rodrigues teria gravações denunciando um possível caso de corrupção dentro da pasta da Saúde. Moura contou que chegou a ler a degravação do material antes de ir ao Ministério Público de Contas do DF (MPC-DF).
Baibieri, de acordo com Moura, também foi responsável por fazer o contato entre o defensor e Liliane Roriz. Esse encontro ocorreu na casa da distrital, que garantiu a ele que a decisão de denunciar o possível esquema era “pessoal”. Liliane disse a ele que não queria que as informações e gravações vazassem. Por isso o procurou, para que a denúncia fosse feita via Ministério Público.
Moura disse ainda que apenas sete pessoas tinham a informação. Além dos já mencionados acima, os promotores Jairo Bisol e Cláudia Fernanda Pereira. Moura, entretanto, duvida que eles tenham vazado as denúncias à imprensa. O defensor revelou ainda que o conteúdo das gravações não foi levado ao defensor-geral, Ricardo Batista, que é muito próximo da deputada Celina Leão.
Assad
No depoimento, Moura contou ainda que o empresário Afonso Assad foi a única testemunha arrolada pela deputada Liliane Roriz. André Moura confirmou que Assad disse ter almoçado com os deputados Julio Cesar (PRB) e Bispo Renato Andrade (PR), que teriam pedido dinheiro. Com a negativa, a emenda que seria utilizada em obras de infraestrutura para a Secretaria de Educação acabou sendo retirada e revertida para a Secretaria de Saúde, que pagou empresas que prestam serviço para Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Barão das OSs
Pouco antes do início do depoimento de Moura, Wasny de Roure defendeu a necessidade de os distritais ouvirem o empresário Mohamed Mustafá, preso em Manaus por desvios milionários na saúde pública amazonense. Conforme o Metrópoles revelou, Mustafá, que é dono de ao menos cinco organizações sociais (OSs), foi um dos maiores doadores da campanha do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) em 2014. Nos últimos meses, Moustafá tentava conseguir a gestão de unidades de saúde do DF. O presidente da CPI, Wellington Luiz (PMDB), informou que tem tentado conseguir, junto aos órgãos federais, permissão para que possam colher o depoimento do empresário.