CPI da Saúde recebe denúncias contra empresas e ex-diretor do Samu
Distritais vão convocar servidor e companhias citados pelo presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Saúde
atualizado
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A Comissão Parlamentar de Inquérito da Saúde (CPI da Saúde) da Câmara Legislativa recebeu, nesta quinta-feira (9/6), denúncias contra três empresas e o ex-diretor do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) Rodrigo Caselli. Segundo o presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Saúde (Sindate), João Cardoso, que depôs no colegiado, as companhias não tem executado os serviços para os quais foram contratadas e Caselli enriqueceu ilicitamente enquanto estava à frente do Samu.
Apesar de as denúncias serem graves, na avaliação dos distritais, o dirigente sindical não apresentou provas e disse que cabe aos parlamentares comprovar a veracidade das acusações.“Nós sabemos de muitas coisas, mas temos poucas provas. O que temos visto é um grave problema de gestão. Falta dinheiro, por exemplo, para manutenção, mas observamos que o principal problema é de gestão”, afirmou João Cardoso.
Das três empresas citadas pelo Sindate, a Barros Automotiva deveria fazer a manutenção de veículos do Estado, mas tem exercido outras funções. Em notas fiscais apresentadas à CPI, Cardoso diz que a Barros comprou materiais de construção — segundo o sindicalista, a pedido do ex-diretor do Samu Rodrigo Caselli — para a reforma de um posto do Samu no Guará.
As outras duas empresas citadas por Cardoso foram a Inova, que presta serviços de informática para o Samu, mas estaria realizando manutenção de elevadores sem ter concorrido a licitação para tal finalidade; e a Zool, contratada para realizar a manutenção de desfibriladores, que não tem sido feita, também de acordo com João Cardoso.
As denúncias são graves e precisamos ouvir as pessoas envolvidas. A Inova, por exemplo, já foi citada mais de uma vez. Então vamos pedir os contratos das empresas com a Secretaria de Saúde e convocar as empresas e os executores dos contratos
Cristiano Araújo (PSD), deputado
Já o distrital Wasny de Roure (PT) foi cauteloso quanto às informações, mas achou positivas as denúncias feitas pelo dirigente do Sindate. “Você disse que tem muitas informações e, nesta fase preliminar, elas são muito importantes. Ainda que não haja o instrumento comprobatório, é importante que vocês possam trazê-las para que essa comissão possa correr atrás.”
As acusações não foram vistas com o mesmo entusiasmo pelo deputado governista Roosevelt Vilela (PSB), que alertou o presidente do colegiado sobre possíveis consequências legais das acusações feitas à CPI. Roosevelt voltou a apontar que a culpa dos problemas da saúde não é de gestão, mas do descompromisso de servidores. “Como, em uma folha que possui 35 mil pessoas, o problema é de gestão?”, questionou o parlamentar.
Efetivo
Os presidentes dos conselhos regionais de Odontologia, Samir Najjar, e de Saúde do Paranoá, João Gomes, apontaram a falta de profissionais na pasta como um dos principais problemas do setor. De acordo com Gomes, no Paranoá, o governo não possui controle da escala dos servidores e, em muitos casos, médicos de plantão não vão trabalhar. Ele acusou ainda profissionais de maltratarem pacientes e garantiu que alguns casos têm sido levados ao conhecimento da Polícia Civil.
Sub-relatorias
Os membros da CPI da Saúde definiram quem serão os responsáveis por cada uma das sub-relatorias que auxiliaram o relator, deputado Lira (PHS). A Gestão de Pessoal ficará por conta de Roosevelt Vilela; Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e Centros Cirúrgicos serão analisados por Robério Negreiros (PSDB); Órteses e Próteses ficaram a cargo de Bispo Renato Andrade (PR); Pessoal será investigado por Cristiano Araújo; e Orçamento e Finanças ficará com Wasny de Roure. Outras sub-relatorias serão decididas nas próximas semanas.