Costuras nacionais fervem e bagunçam alianças de buritizáveis
O governador Rodrigo Rollemberg e o pré-candidato ao GDF Alberto Fraga sofreram diretamente os efeitos das movimentações dos presidenciáveis
atualizado
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A cada dia uma reviravolta atinge as alianças dos postulantes ao Governo do Distrito Federal (GDF). Nessa quarta-feira (1º/8), as costuras nacionais em torno dos presidenciáveis impactaram os planos dos buritizáveis. Mas, em uma eleição na qual o número de candidatos ao Palácio do Buriti pode chegar a 12, a flexibilidade é necessária para conquistar partidos na formação de alianças.
Os movimentos rumo ao Palácio do Planalto nessa quarta-feira (1º) ameaçaram os planos do governador e pré-candidato à reeleição, Rodrigo Rollemberg (PSB), e do deputado federal Alberto Fraga (DEM).
Ambos veem escorrer pelas mãos desejos de caminharem juntos com candidatos preferidos à Presidência da República. Fraga (foto em destaque) teve de abrir mão de dar palanque para Jair Bolsonaro (PSL). A intenção foi afastar a possibilidade de enfrentar mais uma ruptura na chapa, que já é dissidente da composição falida em torno do ex-pré-candidato Jofran Frejat (PR).
Nos bastidores, diziam que o pré-candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB) não estaria satisfeito com o tucano e também federal Izalci Lucas como postulante ao Senado na chapa de Fraga. Como o Centrão – grupo composto por DEM, PP, PR, PRB e SD – escolheu estar ao lado de Alckmin, Fraga também se viu pressionado a deixar de lado o apoio declarado a Jair Bolsonaro.
“Estamos abrindo o coração para o Alckmin. Ele estará no nosso palanque se o Izalci for candidato ao Senado. Se não, volto a apoiar o Bolsonaro”, afirmou Fraga ao Metrópoles. Izalci admite ser importante estar alinhando com o projeto do presidenciável tucano. “Não teria nesse grupo nenhum espaço se não tivesse esse alinhamento com a nacional”, declarou.
O fator PT em Pernambuco
Rollemberg está, neste momento, mais distante de possível união com o PDT no DF. Em troca da saída da candidatura de Marília Arraes (PT), neta de Miguel Arraes, da corrida ao governo pernambucano, o PSB ficaria neutro em nível nacional, isolando Ciro Gomes (PDT), a quem o socialista não poupa elogios.
O governador do DF não concorda com tal definição e se mantém na briga por uma coligação de esquerda progressista, mesmo sem a interferência direta e explícita das diretorias nacionais das siglas. “O PSB estava entre apoiar o Ciro e a neutralidade. Eu, pessoalmente, considero a neutralidade um erro, um equívoco”, disse Rollemberg ao Metrópoles.
O PDT-DF não sabe qual será o rumo nas eleições. A sigla aguarda uma decisão nacional que, no caso de fechar com o PSB, ficará difícil não cair no colo de Rollemberg. Enquanto não fecha questão, o PDT é sondado por várias coalizões. Izalci e o grupo encabeçado por Rogério Rosso (PSD) – composto por PRB, PPS, Podemos e Solidariedade – querem se encontrar com integrantes do partido, além do PCdoB e PPL, nesta quinta-feira (2).
Pulverização
Algumas chapas de Brasília cogitam fazer palanque para mais de um presidenciável. Ao se aliar a vários candidatos à Presidência da República, um postulante ao GDF vai, por exemplo, aparecer em distintos santinhos, observa o mestre em governança pela George Washington University Aurélio Maduro. Na visão do especialista, o DF ainda tem particularidades que exigem uma aproximação maior entre governador e presidente.
Sempre foi importante que o presidente eleito tivesse bom relacionamento com o governador, pois Brasília recebe, por exemplo, o Fundo Constitucional, além de outros recursos. Para um candidato que tem pé em várias canoas, se uma for eleita, o credencia a ter uma relação melhor com o futuro presidente
Na composição de Rollemberg com PV e Rede, por exemplo, há um acordo para apoiar Ciro Gomes (PDT), do lado do governador, e para compor com Marina Silva (PV), devido à preferência de Eduardo Brandão (PV), anunciado como vice na terça-feira (31). “Não há conflito. O Eduardo apoia Marina e, se o PCdoB entrar na chapa, apoiará Manuela D’Ávila”, ponderou o chefe do Executivo local.
Alckmin deve contar com o apoio de duas coalizões diferentes. Podem fazer palanque para o cacique tucano no DF o grupo liderado por Fraga e a formação liderada por Rosso. Além de Alckmin, a coligação de Rosso deve fazer campanha também para Álvaro Dias (Podemos).
Nesses cenários cambiantes a todo momento, é preciso ter jogo de cintura. Presidente regional do PPS, Chico Andrade avalia que a situação demanda cautela. “Nós temos que encontrar a necessária habilidade para e lidar com isso”, frisou.
De acordo com o consultor político e mestrando em administração Gabriel Amaral, a campanha presidencial precisa ter uma relação de troca de apoio com a local. Para o projeto partidário é importante e ainda pode ser interessante para aumentar o tempo de televisão e a exposição da imagem do candidato.
“Um sistema político com 12 candidaturas gera um cenário de imprevisibilidade que não é bom para ninguém. Se pegar 100% dos votos, por exemplo, e dividir por todos dá 8% para cada. Então, os partidos agora tendem a se aglomerar para aumentar a visão sobre como o jogo pode se desenrolar”, afirmou.