Com habeas corpus, ex-subsecretário fala pouco sobre grampos à CPI
Marco Júnior só respondeu a perguntas do seu interesse nesta sexta-feira (5/8). Contou como conheceu o ex-secretário Fábio Gondim e disse que não sabia que estava sendo gravado
atualizado
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O ex-subsecretário de Logística e Infraestrutura da Secretária de Saúde (Sulis) Marco Júnior compareceu nesta sexta-feira (5/8) à CPI da Saúde, mas pouco ajudou na apuração dos distritais. Munido de um habeas corpus (HC) não falou sobre as denúncias vazadas em conversas gravadas pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, em que falava sobre suposto esquema de corrupção no Governo do DF teria o envolvimento de figuras importantes do primeiro escalão distrital.
De acordo com a sindicalista, o ex-subsecretário seria o autor do desenho do “organograma da propina”. No diálogo, Marco Júnior se refere à existência de um grupo chamado de os “Três Reis Magos”, que foram identificados como Armando Raggio, ex-diretor executivo da Fundação de Pesquisa em Ciência da Saúde (Fepecs); o ex-diretor executivo do Fundo Nacional de Saúde (FNS) do Ministério da Saúde (MS) Sady Carnot Falcão Filho e Renilson Rehem. Eles responderiam ao secretário-chefe da Casa Civil e fariam parte do esquema.Com o HC concedido pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) Mario-Zam Belmiro, Marco Júnior falou sobre como foi convidado pelo ex-secretário Fábio Gondim e de sua relação turbulenta com o ex-secretário de Administração Geral da Saúde (Suag) Marcello Nóbrega, com quem ele teve desentendimentos que levaram à sua exoneração, por conta de divergências em procedimentos internos da pasta.
De acordo com Marco Júnior, ele só foi exonerado após divergências entre ele e Marcello Nóbrega, mas não pelo secretário de Saúde Humberto Fonseca, e sim pela Casa Civil. O ex-subsecretário afirmou que as denúncias apresentadas por ele nas gravações chegaram até ele por meio de blogs e notícias de “máfias” já conhecidas na cidade e que seriam de conhecimento dos próprios distritais.
Silêncio
Em seguida, disse que não se pronunciaria a partir daquele momento. O relator da CPI da Saúde, deputado Lira (PHS) até insistiu em perguntar, mas sempre que concluía as perguntas recebia a resposta: “Senhor deputado, eu me reservo ao direito de permanecer em silêncio”.
Wasny de Roure (PT) também fez vários questionamentos. Mas só conseguiu respostas sobre aquilo que interessava ao depoente. Marco Júnior contou, por exemplo, que conheceu Fábio Gondim quando ambos trabalharam no governo do Maranhão. Disse ainda que não sabia que estava sendo gravado por Marli.
Também estava previsto para esta sexta o depoimento de Caio Barbieri. Ele foi assessor da Casa Civil quando relatou ter sido procurado pela presidente do SindSaude, que relatou a ele supostas irregularidades dentro de órgãos do Governo de Brasília. Caio Barbieri foi exonerado quando o governador soube que o ex-assessor teria levado as denúncias, além da Casa Civil, para o Ministério Público. Porém, alegando estar fora de Brasília, ele não compareceu à CPI.
Reconvocação
Ao final da sessão, os deputados decidiram reconvocar para nova oitiva Marco Júnior para o dia 24 de agosto, um dia antes do ex-secretário Fábio Gondim. A intenção da presidência da CPI da Saúde é procurar, antes da sessão, os desembargadores do TJDFT para sensibiliza-los quanto a necessidade do ex-Sulis ser ouvido na Câmara Legislativa.
O depoimento do jornalista Caio Barbieri também foi remarcado, mas para o dia 17 de agosto. Os deputados não gostaram dos argumentos utilizados por ele em mensagem enviada a Casa, onde dizia, por ele não ser mais servidor do GDF não caberia a CPI da Saúde convoca-lo e que sua defesa seria feita por escrito.
Na próxima semana, por conta da viagem oficial de dois membros da comissão, não ocorreram oitivas, que retornam no dia 15 de agosto com a acareação entre o vice-governador Renato Santana (PSD) e a sindicalista Marli Rodrigues.