metropoles.com

Com a gasolina usada em um mês, distrital poderia chegar à Alemanha

Deputado Julio Cesar teve despesa de R$ 3.371,49 com combustível apenas em março. Já Rafael Prudente usou R$ 2.269,41

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
Deputado Julio Cesar na Camara Legislativa
1 de 1 Deputado Julio Cesar na Camara Legislativa - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Mesmo com a grande pressão popular pelo fim da verba indenizatória na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), deputados fecharam o mês de março com pedidos de ressarcimento totalizando R$ 135.774,72 – uma média de R$ 5.657,28 por parlamentar. O montante diz respeito ao gasto de apenas 10 distritais, já que os outros 14 não recorreram à regalia para custear despesas no período com combustível, alimentação, aluguel de escritório e contratação de consultorias. O relatório consolidado do três primeiros meses de 2018 foi divulgado na quarta-feira (2/5), no Diário Oficial da CLDF.

Apenas em um mês, o deputado Rafael Prudente (MDB) gastou gasolina suficiente para ir de Brasília à África do Sul, caso houvesse uma estrada em linha reta conectando os dois locais. Na mesma analogia, o consumo de combustível registrado em março por Julio Cesar (foto em destaque), do PRB, poderia levá-lo do DF a Berlim, capital da Alemanha.

Da lista dos mandatários que mais usaram o reembolso previsto, o campeão de gastos foi Rafael Prudente. Ele utilizou R$ 23.669,41 dos R$ 25 mil permitidos somente para março. O segundo lugar ficou com Cláudio Abrantes (PDT), que apresentou fatura de R$ 19.850,09 para fins de reembolso. Em terceiro aparece o deputado Lira (PHS), com um gasto total de R$ 18.216,72 no mês.

Cristiano Araújo (PSD), Julio Cesar e Chico Vigilante (PT) vêm na sequência, com R$ 17.376,11, R$ 17.221,49 e R$ 14.456,38, respectivamente. O balanço mensal do uso da verba indenizatória neste ano está disponível no site da Câmara Legislativa.

O raio da Terra
Líder dos gastos, Prudente usou R$ 5 mil para aluguel de veículo, R$ 2.269.41 com combustível, R$ 5,4 mil para contratação de consultorias técnicas e R$ 11 mil com “divulgação de atividade parlamentar”.

Para se ter ideia, considerando o litro de gasolina a R$ 4,20, a distância percorrida com tal gasto de combustível por um carro que consome em média 12km/l seria a mesma do raio do planeta Terra: aproximadamente 6,4 mil quilômetros. A quilometragem equivale à que separa Brasília da Cidade do Cabo, na África do Sul.

Segundo colocado, o pedetista Cláudio Abrantes usou R$ 1.855,60 para combustível, R$ 5,5 mil com despesas jurídicas, R$ 8.586,00 para consultoria especializada, R$ 4 mil com divulgação de atividade parlamentar e R$ 173,35 para gastos de imóvel.

Terceiro da lista, o deputado distrital Lira recorreu a R$ 3,7 mil para aluguel de veículos, gastou R$ 1.855,60 em combustíveis e R$ 12.661,12 para contratação de consultoria técnica específica.

Em termos de gastos com combustível, o campeão de quilometragem é Julio Cesar, que usou R$ 3.371.49 em abastecimentos. O emedebista conseguiria sair de Brasília e chegar a Berlim, na Alemanha, caso houvesse uma estrada retilínea conectando as cidades. A distância entre as capitais é de aproximadamente 9,5 mil km.

O outro lado

Todos os políticos citados foram acionados pela reportagem. A assessoria de imprensa do distrital Rafael Prudente esclareceu que “o gabinete prepara um informativo com as atividades do deputado duas vezes por ano, sempre nos meses de março e novembro”. Diante disso, prossegue o texto, “gastos com a verba indenizatória em março chegaram a esse valor”. O parlamentar ressalva que “a média anual dos gastos do gabinete com a verba indenizatória chega a 50% do limite”.

Cláudio Abrantes afirmou, também por meio de assessores, que utiliza a verba indenizatória de forma transparente. “Todas as notas são auditadas e cumprem os requisitos da legalidade”, sustentou. Além disso, o gabinete ressalta que o distrital é “um deputado periférico, que mora distante do Plano Piloto e, entre outras coisas, acaba utilizando mais recursos de combustível”.

Apesar do uso elevado do benefício em março, a assessoria do parlamentar garante que Abrantes “sempre foi a favor de atender o clamor da sociedade e votaria a favor da extinção da verba indenizatória”.

Para Lira, “o mês em questão foi um caso isolado”. Segundo nota enviada à reportagem, “o gabinete fez um contrato a mais porque precisava de uma assessoria legislativa para a realização de alguns projetos”. A resposta enfatiza, no entanto: “É possível verificar, nos meses de janeiro, fevereiro e março, que o deputado foi um dos parlamentares que menos utilizou a verba indenizatória”.

Já o distrital Julio Cesar afirmou, em texto enviado por seus assessores, que “é um parlamentar extremamente ativo”. Ainda conforme a nota, “no mês de março, o valor gasto foi referente ao aumento das visitas e agendas em diversas regiões administrativas”.

A comunicação enviada pelo gabinete ressalta que “é possível conferir, por meio das redes sociais do deputado, que ele trabalha de segunda a segunda, incluindo feriados”. “O valor é destinado para atividades parlamentares, sendo utilizado para este fim”, esclarece.

Redução de gastos
Desde 1º de maio, um ato da Mesa Diretora da Casa reduziu em 40% o valor previsto para ressarcimento de gastos dos deputados distritais. Dos R$ 25 mil então vigentes, a nova verba indenizatória passou a ser de até R$ 15.193,35, valor que pode ser utilizado ou não por cada parlamentar. A decisão foi tomada após debates internos entre distritais pedindo a extinção do benefício e os que cobravam a manutenção da regalia.

Insatisfeito com a deliberação do comando da Câmara Legislativa, um grupo de brasilienses trabalha para tentar extinguir a verba indenizatória por conta própria. Com a campanha Câmara mais Barata, o Observatório Social de Brasília criou anteprojeto de iniciativa popular para acabar com o que consideram como “salário extra”. Desde janeiro, a proposta da entidade sem fins lucrativos já reuniu pelo menos 10 mil assinaturas, metade do número exigido por lei para a apresentação na Casa.

Em 2017, a Câmara Legislativa chegou a gastar R$ 3,2 milhões apenas com os recursos garantidos para os 24 deputados distritais. O valor seria suficiente para erguer pouco mais de 40 casas populares, nos moldes do programa Minha Casa, Minha Vida, a um custo de R$ 72 mil cada.

Defensor do fim do privilégio, o presidente da CLDF, Joe Valle (PDT), anunciou a redução da verba na última semana de abril deste ano. “Foi um processo duro e delicado. Mas o Legislativo é um poder colegiado, e o consenso conquistado foi de reduzir os gastos. Já é uma vitória”, disse o pedetista.

Veja os gastos detalhados de cada distrital apenas no mês de março:

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?