Casa da mãe de Rollemberg também é lugar de política
Desde o início do governo, o espaçoso apartamento de dona Teresa tem sido palco de uma série de reuniões do governador. Uma das mais recentes polêmicas do GDF — o pedido de demissão do secretário da Segurança Pública — teve desfecho justamente no imóvel da 206 Sul
atualizado
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São 220 metros quadrados, quatro quartos, dois banheiros, um lavabo, cozinha, salinha de televisão e uma sala espaçosa, tipo coração de mãe: sempre cabe mais um. Nos últimos meses, dezenas de integrantes do Executivo, do Legislativo e de sindicatos de servidores passaram a frequentar a casa de dona Teresa Sobral Rollemberg, 84 anos, a mãe do governador. Desde que assumiu o cargo, em 1° de janeiro deste ano, Rodrigo Rollemberg (PSB) marcou poucos encontros na Residência Oficial de Águas Claras. Ele prefere conversar na mesa de reuniões ou no sofá do apartamento da matriarca, que tem 15 filhos.
Vizinhos relatam que não é raro encontrar seguranças nas proximidades. “Eles estão sempre aqui. São quietos, ficam embaixo do prédio ou no gramado, mas não incomodam. São muito educados”, conta uma moradora da mesma prumada de dona Teresa, que pediu para não ser identificada.
“A família é muito grande e eles são muito unidos. O governador sempre vem tomar café com a mãe dele. Antes, vinha almoçar, mas acho que agora não dá mais tempo”, relata outra vizinha. “Eles são simples, ninguém tem carro de luxo. Nem vejo o governador entrar, só sei que está ai por causa dos seguranças”, conta outro morador.
Bom dia
Sindicalistas e secretários ouvidos pelo Metrópoles contaram que dona Teresa nunca participa dos encontros, e geralmente fica na sala de televisão enquanto o salão principal é tomado por discussões políticas. “De vez em quando ela abre a porta, dá bom dia ou boa tarde, sempre muito educada e muito discreta”, relata um ex-integrante do primeiro escalão que pediu para não ser identificado.
A aparência do apartamento, aliás, é bem diferente dos 20 mil metros quadrados de área construída da residência oficial. Os custos também. Para ser usada uma, duas ou três vezes na semana, o GDF mantém 110 funcionários em Águas Claras, entre os que cuidam da parte de manutenção e policiais. Só este ano, já foram gastos R$ 242,6 mil com serviços administrativos gerais.
Os recursos são usados para manter jardins, campo de futebol, piscina e uma casa de visitas com três quartos. Há ainda um cômodo de reuniões conhecido como “Sala da Justiça”, construído ainda no governo de Agnelo Queiroz (PT). Entre 2013 e 2014, na gestão do petista, a casa passou por uma reforma avaliada em R$ 1,5 milhão, com direito a heliporto que Rollemberg costuma usar nos deslocamentos para o imóvel.
Crise na segurança pública
Entretanto, a casa oficial é pouco utilizada, e reuniões importantes do GDF têm como palco a casa de Teresa. A última polêmica do GDF, por exemplo, entre o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Florisvaldo Cesar, e o agora ex-secretário da Segurança Pública e da Paz Social, Arthur Trindade, teve desfecho no apartamento da 206 Sul.
Foi ao lado dos pilotis do prédio que os jornalistas souberam da decisão do governador de manter Florisvaldo no cargo, o que, mais tarde culminou no pedido de exoneração de Trindade.
Nas últimas semanas, na sala espaçosa, com quatro sofás no centro, uma mesa quadrada e cadeiras confortáveis, também foram recebidos integrantes de sindicatos para realizar negociações que pudessem colocar um ponto final nas greves deflagradas no início de outubro.
Tradição
Não é de hoje que Rollemberg usa o apartamento na área central de Brasília para fazer reuniões, resolver problemas ou dar entrevistas. Fosse na época em que era senador, na campanha eleitoral ou durante a transição de governo, a casa de dona Teresa sempre recebeu políticos.
A diferença para hoje é que Rollemberg não gastava dinheiro público com um local específico para os encontros. No entanto, de acordo com a assessoria de imprensa do GDF, as reuniões na Asa Sul acarretam economia de despesas com gasolina.
Em todo caso, a estrutura da residência oficial que, em outros governos, era usada para festas, reuniões e churrascos, hoje está menos badalada. Em 2014, o orçamento para gastos com o local era de R$ 2,49 milhões. Este ano, a estimativa caiu para R$ 500 mil, uma redução de quase 80%. Há quem diga que, se as reuniões marcadas em Águas Claras começam a chegar perto do horário almoço, Rollemberg trata logo de encerrar. O motivo? Não ter que bancar o almoço. Quando tem brunch, a comida vira assunto da reunião. Tempos de austeridade…