Candidatos ao GDF comem pastel, buchada e emagrecem. Conheça o segredo
O cardápio varia de acordo com a agenda de campanha. Quem levava lanches em bolsas térmicas desistiu e passou a comer na rua
atualizado
Compartilhar notícia
Cafezinho aqui, pastel com caldo de cana ali… Buchada na feira, galinhada no almoço, churrasco no jantar. Acrescente pão, feijoada, doce mineiro. A agenda de campanha dos 11 candidatos ao Governo do Distrito Federal é um desafio gastronômico. Eles têm experimentado os mais diversos quitutes durante conversas com a população à caça de votos. Mas, se o cardápio se mostra digno de aterrorizar qualquer cidadão em dieta, os políticos garantem: têm mantido o peso e até mesmo emagrecido.
O segredo? Gastar mais calorias do que as consumidas, não repetir refeições e fazer exercícios extras. Neste fim de semana, todos os postulantes ao Palácio do Buriti fizeram mobilizações em feiras ou comércios. A cada cidade, eles caminhavam entre duas e três horas seguidas. Nesse ritmo, se cada um tiver três compromissos de mobilização por dia, seriam nove horas de andanças.
Até o momento, o candidato que diz ter perdido mais peso foi Ibaneis Rocha (MDB). O advogado contou ter emagrecido 4kg desde o início da campanha, em 16 de agosto. “A gente anda o dia inteiro. Além disso, não dá tempo de comer. Hoje mesmo (domingo), eu tomei café às 6h e estou almoçando às 15h”, disse. Ibaneis atribui ainda a redução na balança ao cardápio de costume.
Sempre fui acostumado a comer em feira. Gosto de cozinhar, então levanto cedo para comprar ingredientes e sempre paro para comer algo. Sou nordestino: como buchada, dobradinha… Não houve uma mudança alimentar grande. O que há são poucas horas de sono e muita caminhada
Ibaneis Rocha, candidato ao GDF
O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) também diz estar com a silhueta mais fina. Embora tenha ganhado peso de 2015 a 2018, o postulante à reeleição assegura que começou a voltar à forma. Ele não recusa nada que lhe é oferecido durante as caminhadas de campanha, mas optou por não fazer outras refeições além das que come na rua. Por exemplo: se ele tem agenda marcada em algum lugar, deixa para comer no local, mesmo que tenha que antecipar ou adiar café da manhã, almoço ou jantar.
Marmita ficou na geladeira
No início da campanha oficial, Alberto Fraga (DEM) até fazia marmita para se alimentar bem, mas, com a correria dos compromissos, não consegue mais se organizar. Ele tem perdido peso com visitas a áreas rurais, caminhadas em fazendas e nas ruas.
A agenda começa às 6h e termina às 23h. No domingo (9/9), por exemplo, foi à Festa do Morango, em Brazlândia. Tomou vitamina da fruta, comeu doce de morango e caminhou para ouvir os convidados do evento.
Quem também não dispensa um quitute oferecido durante a campanha é Eliana Pedrosa (Pros). No sábado (8), ela foi à Feira do Produtor de Vicente Pires, comeu pamonha e, em seguida, experimentou uma galinhada. “Adoro galinhada. A minha fica bem molhadinha, e essa daqui dá água na boca”, disse a ex-deputada distrital, antes de pedir a receita à dona da banca.
Eliana disse ter mantido o peso. No caso dela, a tática é a moderação. Ela diz não gostar muito de comer em público por achar clichê de campanha. Então, experimenta algumas guloseimas, mas tenta não fazer disso uma prática.
Bicicleta e caminhada
Rogério Rosso (PSD) também não tem parado em casa. Embora não dispense um bom churrasco e visite feiras com “garantia” de almoço, ele transformou o traje de ciclista em vestimenta quase oficial da campanha. Rosso costuma pedalar em algumas agendas e também compartilha das andanças dos adversários. Assim, ele afirma que tem mantido os quilos com os quais começou a corrida pela cadeira máxima do Palácio do Buriti.
Júlio Miragaya (PT) também não teve variação de peso. “Apesar de comer nas feiras e comércios, a gente anda muito. Não engordei nem emagreci”, disse.
Já o candidato do Novo, Alexandre Guerra, admitiu ter desregulado a alimentação. “A gente come sem horário. Não tenho acompanhamento de nutricionista, não dá para organizar isso. Mas do tanto que estou rodando, não engordei nada”, afirmou.
Fátima Sousa (PSol) também tem visitado feiras e comércios, mas não atendeu as ligações da reportagem para comentar o assunto. O general Paulo Chagas (PRP), que participou neste domingo (9) de manifestação pró-Bolsonaro no Eixão Norte, Renan Rosa (PCO) e Antônio Guillen (PSTU) não retornaram os contatos para comentar a quantas anda o relacionamento com a balança.
Alerta
Apesar da falta de variação expressiva no peso, todos os candidatos levaram um puxão de orelhas do nutricionista esportivo funcional Kayo Benincasa. Segundo ele, os casos de emagrecimento ocorrem porque os buritizáveis consomem certas quantidades de quilocalorias no dia e acabam gastando mais, o que dá um balanço negativo. Porém, segundo o profissional, é preciso se preocupar com a saúde e os nutrientes consumidos.
“Mesmo com dias atribulados, é preciso seguir uma dieta com o mínimo de qualidade nutricional. Como eles andam muito, se hidratar é o primeiro passo. Como estão em feiras, podem consumir sucos e frutas: tem muitos produtos de qualidade. Buchada e pastel são alimentos pobres em nutrientes. Peso na balança não diz tudo”, alertou.
Caminhadas e promessas
A agenda de domingo (9) confirma as declarações dos políticos: eles não têm ficado parados. O corpo a corpo foi o principal investimento do fim de semana. E os quitutes do cardápio foram intercalados por promessas, como de costume.
Durante caminhada na Feira do Bicalho, em Taguatinga, Eliana Pedrosa prometeu fazer um trabalho de regularização de ambulantes no DF. “Pelo menos eles estão trabalhando. Sem renda, poderiam ir para o crime. A nossa missão é ir até eles e fazer as inscrições para que sejam microempreendedores”, afirmou.
Na Feira do Guará, Rollemberg foi questionado sobre os problemas na saúde vivenciados em Brasília. Ele justificou a falta de nomeações com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e anotou os nomes e os telefones dos clientes que estavam na feira e o interpelaram para dar respostas posteriormente.
Ibaneis Rocha fez campanha na Feira da QR 510 Sul, em Samambaia. Na oportunidade, ele cumprimentou a população e conversou com feirantes.
Menos de 24 horas depois de tentar visitar o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, Alberto Fraga retomou a campanha em Brasília. Ele caminhou pela Colônia Agrícola 26 de Setembro – assentamento entre as cidades de Taguatinga e Brazlândia – e gravou vídeos para suas redes sociais, nos quais falou sobre segurança e fez promessas às categorias policiais.
Lei do Silêncio
Em agenda na IX Jornada Portas Abertas do Seminário Dom Bosco, neste domingo (9), no Lago Sul, Rosso (PSD) falou sobre a Lei do Silêncio, parada na Câmara Legislativa devido a impasse. O buritizável – que é guitarrista – afirmou que, se for eleito e o tema não tiver sido votado ainda, vai estimular o debate, “mas com bom senso”. “A música muito alta atrapalha, mas muito baixa não ajuda também”, comentou.
Julio Miragaya participou de caminhada em Santa Maria. Alexandre Guerra (Novo) participou do “abraço cultural” ao Teatro Nacional e de roda de conversa com artistas para discutir políticas voltadas ao setor.
Durante as atividades de campanha de domingo (9), Fátima Sousa destacou os compromissos pela destinação de mais recursos para manter e recuperar os museus e parques do DF. Esses assuntos foram abordados em duas agendas: em caminhada no Parque Olhos D’Água, na 214 Norte; e no ato pela preservação do Museu Histórico e Artístico de Planaltina.