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Arruda é chamado a se explicar sobre suborno a jornalista

Ex-governador do DF falou por cerca de duas horas em processo decorrente da Operação Caixa de Pandora

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1 de 1 arruda - Foto: Wilson Dias/Abr

Ao longo de quase duas horas de interrogatório, o ex-governador do DF José Roberto Arruda atuou em duas frentes de defesa: atacar integrantes do Ministério Público e dizer que foi vítima de uma “arapuca”. O depoimento de Arruda foi prestado na tarde desta quinta-feira (17/3), na 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), sobre a ação em que ele responde por tentativa de suborno ao jornalista Edson Sombra. O episódio levou o ex-governador à prisão em fevereiro de 2010.

Sobre os crimes que foram denunciados por promotores do MPDFT, Arruda disse ter sido vítima de um golpe. “Fui humilhado. Fiquei depenado. E tenho absoluta convicção de que Sombra não agiu sozinho”, afirmou, ao se referir à Operação Caixa de Pandora, deflagrada em novembro de 2009, que revelou o maior escândalo político da capital federal.

Segundo Arruda, que é réu na ação, o “golpe” foi articulado por Durval Barbosa, delator do esquema, e por Sombra por terem tido “interesses contrariados”. “Essas fitas (divulgadas por Barbosa) são editadas e com gravações anteriores ao meu governo. Eu não aceitava chantagem”, disse o ex-governador. Arruda garantiu que as ameaças contra ele começaram assim que ele assumiu o mandato de governador, em janeiro de 2007. “Não permiti Durval no meu governo. Para fazer obras, contrariei interesses, enfrentei cartéis.”

Apesar de Arruda ter afirmado que não permitiu Durval no governo, o delator do esquema atuou como secretário de Relações Institucionais na gestão dele. Em justificativa, o ex-governador afirmou que atendeu a uma pressão política. “Houve, por parte de alguns deputados, uma pressão política para que algumas pessoas entrassem no governo. Não cometi nenhum dos crimes que me acusam, mas esse erro eu cometi”, completou Arruda.

Além das críticas a Sombra e a Durval, o ex-governador afirmou que foi chantageado por integrantes do Ministério Público. “Uma procuradora pediu um encontro na Residência Oficial de Águas Claras e lá falaram que recebiam mesada do lixo (da empresa que controlava a coleta) e do Durval, desde o governo Roriz. E falaram que queriam R$ 2 milhões. Mandei que saíssem”, afirmou.

Provas
Apesar de Arruda ter negado os crimes, os integrantes do MPDFT afirmam que as provas contra os réus são suficientes. “O que ele falou não condiz com a verdade que consta dos autos. Está claro que houve uma obstrução da Justiça e uma tentativa de suborno. Arruda era o líder da organização criminosa e usou outras pessoas para subornar Sombra para que ele intentasse outra versão da Caixa de Pandora e afastasse as provas apresentadas por Durval”, garantiu Clayton Germano, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPDFT.

Sobre as denúncias feitas por Arruda a integrantes do MPDFT, o promotor rebateu: Fez (os ataques) de forma gratuita. Falou, mas não provou e vai ser responsabilizado por isso. Arruda foi o primeiro a ser ouvido. Depois dele, os outros cinco réus prestaram depoimento nesta tarde. Todos negaram envolvimento nos crimes.

Suborno
A tentativa de suborno citada pelo promotor ocorreu em 4 de fevereiro de 2010. Na ocasião, Antônio Bento da Silva, interlocutor de Arruda, segundo a denúncia, entregou a Sombra R$ 200 mil embalados em um papel pardo e dentro de uma sacola plástica, em uma lanchonete do Sudoeste.

A quantia seria apenas uma parte do dinheiro que Sombra receberia para mudar o depoimento na Polícia Federal. Agentes e delegados da PF acompanhavam a ação e prenderam Antônio Bento em flagrante.

 

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