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Arquivos da vice-presidência foram deletados dias antes da Drácon

A pedido do gabinete de Liliane Roriz (PTB), área de informática da Câmara tenta recuperar as pastas apagadas da rede. Todos os arquivos do Gabinete 16, da petebista, desapareceram após servidores da vice-presidência serem exonerados. Quatro dias depois, PCDF e MPDFT cumpriram mandados de busca e apreensão na Casa

atualizado

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Kelly Almeida/Metrópoles
Gabinete Liliane Roriz
1 de 1 Gabinete Liliane Roriz - Foto: Kelly Almeida/Metrópoles

A suspeita de queima de arquivo na Câmara Legislativa para ocultar evidências do mega esquema de corrupção investigado na Operação Drácon ganhou corpo. Quatro dias antes de a Polícia Civil e o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) cumprirem mandados de busca e apreensão na Câmara Legislativa e na casa de distritais e servidores, os arquivos dos computadores de funcionários que atuavam na vice-presidência foram deletados.

Fotos, documentos, agendas. Tudo desapareceu das pastas que estavam compartilhadas na rede da Casa com a identificação do Gabinete 16, onde está lotada a deputada distrital Liliane Roriz (PTB).

Liliane renunciou ao cargo de vice-presidente em 17 de agosto, uma quarta-feira, horas antes de a imprensa divulgar os grampos que a distrital entregou ao MPDFT. Os áudios sugerem a existência de um esquema de pagamento de propina a parlamentares mediante a liberação de recursos para a saúde. Uma das grampeadas por Liliane foi Celina Leão (PPS), presidente afastada da Casa.

Dois dias após o início do escândalo, na sexta-feira dia 19, Celina mandou exonerar os cinco servidores comissionados da vice-presidência. Aparentemente, os arquivos foram deletados dos computadores depois de os funcionários deixarem a sala. Na tarde do dia 19, a reportagem esteve no gabinete e já não havia mais ninguém (foto principal).

Sob a condição de anonimato, um dos servidores exonerados conversou com o Metrópoles.

Olha, posso te contar o que aconteceu comigo. A Celina passou na vice-presidência, na sexta-feira (19), pedindo para todo mundo esvaziar as gavetas e levar os pertences, pois a exoneração sairia na segunda (22). Levei tudo. Mas, na segunda-feira, fui fazer um backup dos meus arquivos e estava tudo deletado

Ex-servidor da vice-presidência da CLDF, exonerado por Celina Leão em 19 de agosto

Quem deletou os arquivos não precisou fazer isso necessariamente na sala vice-presidência. Como os documentos estão em rede, a operação pode ter partido de qualquer gabinete. Ciente do que havia acontecido, integrantes do gabinete da ex-vice-presidente pediram uma investigação e a restauração dos arquivos deletados.

Um memorando foi encaminhado à Coordenadoria de Modernização e Informática (CMI) da Câmara Legislativa pedindo a recuperação do que desapareceu das máquinas. A intenção é também verificar de onde partiu a iniciativa de apagar os arquivos identificados como “Gabinete 16”. “O memorando já foi enviado à CMI e estamos aguardando retorno”, confirmou a assessoria de Liliane, por meio de nota. O cargo de coordenador da CMI é uma indicação da deputada Liliane Roriz. 

CLDF/Reprodução

 

Até a publicação desta reportagem, a Câmara Legislativa não havia se manifestado sobre o sumiço dos arquivos identificados como “Gabinete 16”.

Operação Drácon
Um dia depois de os funcionários perceberem que as pastas tinham sido apagadas, equipes da Polícia Civil cumpriram 14 mandados de busca e apreensão e oito de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a depor) na Câmara Legislativa e na casa de parlamentares, servidores e ex-servidores.

O alvo da ação foi a Mesa Diretora, composta por cinco parlamentares: Celina Leão (PPS), presidente; Raimundo Ribeiro (PPS), primeiro-secretário; Julio Cesar (PRB), segundo-secretário; e Bispo Renato Andrade (PR), terceiro-secretário. Todos foram afastados por medida cautelar dos cargos da mesa pela Justiça.

Queixa-crime contra Chico Vigilante
No mesmo dia, surgiu a denúncia de que um assessor de Celina Leão teria sido visto levando um computador da Casa na véspera da ação policial. Esse servidor era o secretário legislativo Sandro de Morais Vieira, que foi exonerado, a pedido, nesta terça-feira (30). Ele nega que tenha retirado equipamentos de informática da CLDF.

Ainda nesta terça (30), Sandro ingressou com uma queixa-crime contra o deputado Chico Vigilante (PT). Foi o distrital que denunciou Sandro Vieira, no dia da Operação Drácon. Segundo o petista, ele foi procurado por um servidor que contou ter visto Vieira levando um computador da Casa.

Manoela Alcântara/Metrópoles

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