Antônio Guillen: “Vou extinguir todos os cargos comissionados”
O postulante do PSTU é o primeiro entrevistado da tarde desta terça-feira (21/8). O candidato responderá a perguntas por 1 hora e 15 minutos
atualizado
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Mais um dos 11 candidatos ao Governo do Distrito Federal é sabatinado pelo Metrópoles nesta terça-feira (21/8). O professor Antônio Guillen, 57 anos, concorre pelo PSTU em uma chapa pura. O postulante ao Buriti responderá a perguntas de sindicatos de servidores do GDF, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Sindicato dos Bancários e de jornalistas do portal.
A candidatura de Guillen foi confirmada em 28 de julho, em convenção regional da legenda. Ao Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF), o professor declarou bens de R$ 380 mil, referentes a um carro e um imóvel.
Para Guillen, o evento é a chance de ele apresentar os números que provam as reais chances de suas propostas saírem do papel, caso eleito. “Muito candidato propõe, mas não explica como fazer. Meu partido se preparou. Nós estudamos o DF”, assegurou.
Acompanhe a sabatina
Propostas
Ao responder o primeiro questionamento, Guillen disse que o funcionalismo pode esperar “um governo que respeite os servidores”. E garantiu: “Nenhuma medida da minha gestão será autoritária”.
Logo após, o candidato fez uma declaração polêmica ao prometer “extinguir todos os cargos comissionados”. “Os trabalhadores têm condições técnicas de dar andamento à máquina pública”, assegurou.
Em seguida, Guillen falou a respeito da política relacionada ao Banco de Brasília. “O BRB será comandado pelos próprios servidores. Isso ajudará a desenvolver a economia local”, afirmou. Ainda de acordo com o postulante ao governo do GDF, não há chance de a instituição ser privatizada.
O buritizável também foi questionado quanto à postura do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado em relação ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “A posição do PSTU não foi apoiar o golpe. Defendemos eleições gerais”, rebateu.
Lula e a Lava Jato
A respeito da Operação Lava Jato, Guillen disse que não deve haver críticas acerca dos casos descobertos pelas ações policiais. “A corrupção é grave”, pontuou. “A Lava Jato não pode ser seletiva. Tem de prender políticos corruptos. Vale para o Lula, inclusive.”
“A Justiça não pode ser lenga lenga: tem de prender e devolver tudo o que foi roubado”, assinalou o postulante ao governo do DF.
Terceirização
Na esfera local, por exemplo, o candidato defende uma devassa nos compromissos firmados pelo Estado com a iniciativa privada. “Vou auditar todos os contratos terceirizados”, prometeu. “Vamos atacar firmemente a terceirização. No meu governo não haverá terceirização. Não haverá subsídio para empresários também.”
A privatização e a terceirização são o ralo do dinheiro público para a corrupção
Antônio Guillen
De acordo com Guillen, além do combate à corrupção, outra medida para reforçar os cofres públicos é cobrar débitos de empresas devedoras do Estado. Conforme salientou o candidato, um levantamento do PSTU apontou que “a dívida de empresários com o GDF é de R$ 31 bilhões, sendo que o orçamento geral é de quase R$ 42 bilhões”.
Para o docente, é necessário mudar o sistema e, por meio do Estado, gerar empregos. “Não precisa reinventar a roda”, disse.
Emprego e habitação
Na sequência dos questionamentos, o representante do PSTU na corrida ao Buriti afirmou que é preciso “valorizar a Novacap e gerar empregos para fazer obras e reformas”.
Um dos eixos de investimento para fomentar o trabalho na capital é, na avaliação de Guillen, a agricultura familiar: “A terra é do povo”.
Nesse contexto, prosseguiu, é necessário reservar parte do Produto Interno Bruto (PIB) para a habitação. “Queremos dedicar 5% do PIB do DF para moradia. O servidor não precisa pagar esses juros exorbitantes”, declarou Guillen.
“O povo tem de fazer uma rebelião. Parar de concentrar riqueza na mão do empresariado”, afirmou o candidato.
Segurança pública
Em relação ao tema segurança pública, o professor condena o trabalho ostensivo. “A polícia não pode ser usada para reprimir o povo”, pontuou.
O político vai além, e afirma que, em um eventual governo, usaria as forças para apurar irregularidades em pagamentos feitos pelo GDF a empresas privadas. “Podemos usar a inteligência da polícia para auditar os contratos terceirizados.”
Segunda parte
Com o término das perguntas elaboradas por entidades sindicais, Guillen passou a responder, na volta do intervalo, aos questionamentos de jornalistas do Metrópoles.
Indagado se o PSTU era contra o sistema eleitoral vigente, o candidato disse que a postura do partido é em defesa da mobilização social, que seria a única forma de promover mudanças efetivas na sociedade. “Quem gera riqueza é o trabalhador. O trabalhador consciente, organizado, pode fazer qualquer coisa.”
Guillen lembrou que, ao longo da carreira de docente, a categoria nunca conseguiu um aumento sequer sem muita luta. “Cada item do meu contracheque foi conquistado por meio de uma greve”, declarou.
Para o postulante ao GDF, os trabalhadores precisam ser convencidos de que há possibilidade de mudança. Conforme defendeu Guillen, é preciso inverter a lógica atual, que prioriza o empresariado em vez dos operários. E fez uma crítica ao atual governador, Rodrigo Rollemberg (PSB).
“O Rollemberg deu isenção de impostos para as empresas e a geração de emprego despencou. Esse tipo de ação é uma cantilena”, disparou.
Por essa razão, continuou, é contrário a uma parceria público-privada para a gestão do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Segundo Guillen, a arena deve ser usada em benefício da sociedade.
O candidato, no entanto, sabe que será difícil superar a concorrência na disputa eleitoral. “Mas se chegarmos ao segundo turno, venceremos de lavada, pois será a prova de que o povo abraçou nossa causa.”
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Antônio Guillen
Guillen voltou ao assunto do pente-fino nos contratos públicos, afirmando que a medida seria uma das primeiras a ser adotada no caso de um eventual governo. “Existe lei para tudo. Se uma empresa estiver devendo, pode confiscar os bens. Não pagou imposto? Roubou? Vai ter de devolver.”
Combate à grilagem de terras
Outro tema abordado pelo buritizável foi a questão fundiária. Para o candidato, é preciso atacar a proliferação dos condomínios irregulares na raiz do problema. “Por que o governo não vai atrás dos grileiros? Nós vamos atrás dos grileiros e a população vai ficar chocada. Vamos pegar só os grandões. Vão ver que não tem peão nessa história”, disse.
“Nosso problema não é que falta terra, mas que a terra tem sido destinada ao empresariado”, concluiu Guillen.
Dinâmica
A dinâmica da sabatina funciona da seguinte forma: primeiro, o candidato fará uso da palavra por um minuto para se apresentar. Em seguida, responderá perguntas elaboradas pelas entidades sindicais patrocinadoras do evento – os questionamentos, previamente gravados, são exibidos em um telão. Por fim, os jornalistas indagarão os postulantes ao Palácio do Buriti. No total, a conversa terá duração de 1 hora e 15 minutos.
Serão realizadas perguntas das seguintes entidades: Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde), Sindicato dos Professores do DF (Sinpro), Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol), Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindepo), Sindicato da Categoria dos Peritos Oficiais Criminais (SindiPerícia) e o Sindicato dos Bancários de Brasília, além da CUT.
No primeiro dia (20), foram sabatinados Alberto Fraga (DEM), Renan Arruda (PCO), Júlio Miragaya (PT), Ibaneis Rocha (MDB), Alexandre Guerra (Novo) e Fátima Sousa (PSol). No segundo, participou a postulante Eliana Pedrosa (Pros). O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não compareceu.
Cronograma das sabatinas restantes nesta terça-feira (21/8)
15h30 – Paulo Chagas (PRP)
19h – Rogério Rosso (PSD)