Antigos aliados promovem “beija-mão” nos 80 anos de Joaquim Roriz
Festa de aniversário do ex-governador, que estava debilitado e em uma cadeira de rodas, foi improvisada por lideranças comunitárias, políticos e candidatos do Entorno em busca da bênção do ex-governador
atualizado
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O afastamento da política por problemas de saúde não diminuiu o tradicional beija-mão que se forma ao redor de Joaquim Roriz. Nesta quinta-feira (4/8), o séquito de rorizistas — entre aliados, autoridades e parentes — visitou a casa do ex-governador, no Park Way, para saudá-lo pelos 80 anos recém-completados. O Metrópoles acompanhou a movimentação.
Na ampla casa, aproximadamente 200 pessoas se aglomeravam em um pequeno espaço na varanda, onde Roriz estava, sempre acompanhado da ex-primeira-dama Weslian Roriz. Educadamente, ela ajudava a conter os simpatizantes mais efusivos.
A família decidiu não fazer nenhum evento oficial, mas lideranças comunitárias, aliados políticos e candidatos a cargos nas eleições municipais do Entorno resolveram bater à porta da casa do ex-governador, transformando o encontro em ato político.
Políticos
Entre os aliados que estiveram na comemoração, estavam Jofran Frejat, que foi secretário de Saúde durante o governo Roriz; o ex-deputado distrital Odilon Aires; e o conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) Manoel de Andrade, o Manoelzinho do Táxi, que foi indicado ao cargo vitalício pelo ex-governador.
Hemodiálise
Mesmo debilitado e sem se levantar da cadeira de rodas usada para se locomover, o homem que passou 14 anos no Palácio do Buriti atendeu a quem se aproximava para cumprimentá-lo. Cansado pelo tratamento de hemodiálise por conta de problemas renais, Joaquim Roriz permaneceu cerca de duas horas entre seus seguidores antes de retornar ao quarto para tomar as medicações, às 17h. Nas poucas vezes em que se pronunciou, foi econômico nas palavras.
“Estou muito feliz e emocionado. Essas pessoas todas que vieram aqui para me desejar felicidades demonstram o quanto Brasília é carinhosa comigo e reconhece o amor que sempre tive por essa cidade e pelas pessoas mais humildes. Tenho orgulho de comemorar 80 anos hoje ao lado das pessoas que me levaram quatro vezes ao governo”, disse o ex-governador, antes de se recolher ao quarto, onde apenas a família e poucos amigos puderam entrar.
Na sala da casa, algumas pessoas aguardavam ansiosas para poder entrar no quarto. Entre elas, uma senhora que contava ter ficado 15 dias em jejum para ir ungir com óleo as mãos e os pés do ex-governador. Depois de muito insistir e pedir para todos que passavam por ali e tinham acesso ao quarto, ela, enfim, conseguiu entrar no cômodo.
Com frequência, dona Weslian, lá de dentro, mandava chamar alguém, incluindo a filha e deputada distrital Liliane Roriz (PTB), a única da família que ainda ocupa um cargo eletivo. Inelegível, a ex-deputada federal Jaqueline Roriz não disputou as últimas eleições e não conseguiu emplacar o filho, Joaquim Roriz Neto, na Câmara dos Deputados.
Condenação
Outrora um poderoso clã na política local, os Roriz veem a influência minguar com o passar do tempo. O último cargo ocupado pelo patriarca foi o de senador, o qual renunciou, em 2007, para escapar da cassação. Desde então, não voltou a exercer mandato público e o poder do clã começou a se esvair. Hoje, alguns parentes disputam o espólio do homem que, ao mesmo tempo em que ergueu obras suntuosas na capital federal, como a Ponte JK, também tem uma grande parcela de responsabilidade pelos problemas que o DF enfrenta hoje. Muitos deles decorrentes do inchaço populacional promovido pelo então governador em troca de votos.
“Ninguém pode herdar o legado dele, a menos que ele mesmo passe sua herança política ou que tenha o sangue dele”, alfinetou a distrital Liliane Roriz na tarde desta quinta, cercada por primos que levam o mesmo sobrenome.