Amado? Odiado? Veja como internautas reagem a Rollemberg no Facebook
Curtidas lideram cliques no perfil do governador. Mas entre os ícones que medem reações extremas, o “Amei” perde para o “Grr”
atualizado
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Com a proximidade da disputa eleitoral de 2018, Rodrigo Rollemberg (PSB) tem se esforçado para trabalhar a própria imagem e conquistar a simpatia do eleitorado. A investida do governador extrapola a presença física em eventos nas regiões administrativas do DF. Há uma atenção especial com as redes sociais. O campo virtual serve como termômetro para aferir o humor da população com o político.
A pedido do Metrópoles, o cientista de dados Vitor Duarte analisou as reações dos internautas a todas as 631 postagens feitas pela página de Rollemberg no Facebook entre 10 de janeiro e 11 de novembro deste ano, com o objetivo de determinar como a população interage com o governador na internet. No período, houve 135.233 curtidas, 71.834 comentários, 24.820 compartilhamentos e 18.383 reações.
Atualmente, cinco reações estão disponíveis no Facebook: “Amei”, “Haha”, “Uau”, “Triste” e “Grr”. Para os fins da pesquisa, cada uma delas significa uma postura do usuário diante do conteúdo publicado, de acordo com os sentimentos que costumam representar. Respectivamente, então, se tornaram expressões de: aprovação, comicidade, surpresa, comoção e contrariedade.Em números absolutos, as curtidas lideram em disparada o total de interações na página. Em relação às chamadas reações – ícones disponibilizados pela rede social em fevereiro do ano passado –, é possível perceber uma polarização.
Entre as 18.383 reações de usuários às 631 postagens feitas por Rollemberg nos últimos 11 meses, a maioria expressava desaprovação: foram 8.106 “Grr”, ou seja, 44% do total. Já as reações de “Amei” vêm em segundo lugar e somam 5.767 (31,3%) entre todas as publicações avaliadas.
As outras três opções de interação foram menos utilizadas durante o período avaliado. O “Haha” ficou em terceiro lugar, com 17% do total; seguido pelo “Uau” e pelo “Triste”, empatados na quarta posição, com 3,7% das reações cada.
Segundo declaração oficial do Facebook ao site Mashable, especializado em notícias do mundo da tecnologia, as reações já possuem mais peso que as curtidas na determinação do interesse dos usuários em assuntos específico e na ordenação do feed de notícias. Além disso, de acordo com a reportagem, levantamentos feitos pelo próprio Facebook apontam que o fato de uma pessoa reagir a um conteúdo em vez de apenas curti-lo indica maior engajamento com o tema.
Os resultados obtidos pela pesquisa demonstram ainda que a população do DF tem usado as redes sociais como um dos principais meios para fazer críticas ao governador. Além de representar 44% do total de reações, as interações de desaprovação abrem grande margem sobre as outras.
Durante oito dos 11 meses analisados, a reação “Grr” foi a mais utilizada por usuários nas postagens de Rollemberg. Em cinco desses meses – janeiro, fevereiro, março, abril e setembro –, as interações negativas foram, sozinhas, maiores que a soma das quatro outras opções.
Em contrapartida, as reações “Amei”, que denotam aprovação, lideraram apenas três dos 11 meses analisados – maio, junho e julho.
Pautas polêmicas
A análise também mostra que boa parte do público desaprovou medidas polêmicas tomadas pelo governador no último ano. Em junho, quando foi aprovado na Câmara Legislativa o projeto de lei que transformou o Hospital de Base em instituto, o chefe do Buriti fez uma postagem em comemoração. A reação mais usada pelos eleitores, no entanto, foi a de raiva, 145 vezes. Já a de aprovação apareceu em 37 ocasiões.
No mês seguinte, quando a proposta foi sancionada, as reações de desaprovação, mais uma vez, se impuseram diante das positivas. O “Grr” apareceu 284 vezes, enquanto o “Amei” foi utilizado por 74 usuários. Essa é inclusive, a postagem com mais impressões negativas entre todas analisadas pela reportagem.
Já em um post de Rollemberg em comemoração à aprovação, pela Câmara Legislativa, da Reforma da Previdência para servidores do GDF, 118 reações foram de desaprovação, enquanto 18 tiveram caráter positivo.
Em alguns casos, até quando o governador atende a pedidos da população, as interações negativas se destacam. Quando o chefe do Buriti anunciou, em outubro, a nomeação de 1.183 servidores para as secretarias de Cultura e Saúde, para o Procon-DF e para o Metrô-DF, 230 reações (65%) foram de desaprovação.
As interações positivas apareceram 83 vezes (23,7%). Nos comentários, os internautas reclamavam da falta de convocações para outras áreas, como a de segurança pública.
Reações positivas
Entre as 631 publicações do governador nos últimos 11 meses, a que recebeu maior apoio da população na internet foi o anúncio de que Rollemberg vetaria um projeto da deputada distrital Celina Leão (PPS) que obrigava profissionais de saúde a mostrar fotos do feto a gestantes vítimas de estupro, com o objetivo de desencorajar o aborto.
De um total de 413 interações, 369, ou 89%, foram “Amei”. Em segundo lugar vieram os “Grr”, com 32 aparições – 7% do total. Já as publicações que mais receberam a reação “Haha” se tratavam de postagens descontraídas, que apresentam o governador em situações cômicas do cotidiano.
O frio tira tudo do armário. Até casaco fora de moda! ???—–> https://twitter.com/BSBCAP/status/879485678756610048
Posted by Rodrigo Rollemberg on Tuesday, June 27, 2017
As publicações com mais carinhas no modo “Triste” geralmente dizem respeito à decretação de luto pela morte de figuras queridas na capital e casos específicos, como o grande incêndio que atingiu a Chapada dos Veadeiros.
Por fim, na postagem com o maior número de reações “Uau”, o governador presta uma homenagem ao cabo Theodoro, da Polícia Militar, que salvou 20 pessoas durante um incêndio em Samambaia, em maio deste ano.
Palavras mais usadas
O levantamento da reportagem também analisou as principais palavras utilizadas nas postagens do governador e nos comentários dos usuários durante os últimos 11 meses. Nas publicações, os termos mais recorrentes são: “Brasília, hoje, dia, boa, governo, aqui, pessoal, bom, agora, veja, semana, trabalho, mil, cidade, anos, vamos, vídeo, todos, população, obras, tarde e saúde”.
Já nos comentários de internautas, um tema se sobressai diante de todos os outros: a nomeação de servidores públicos para áreas com déficit de profissionais. Os termos mais repetidos pelos usuários foram: “Governador, aprovados, efetivo, ainda, concurso, nomeação, nomeações, cronograma, educação, todos e parabéns”.
Em meio ao grande número de críticas recebidas nas redes sociais, a equipe do governador Rodrigo Rollemberg tenta diminuir os danos. Como o Metrópoles mostrou em julho deste ano, o GDF possui uma Coordenação de Mobilização que tem, entre suas atribuições, a tarefa de valorizar a imagem do chefe do Buriti na internet. Composta por 15 pessoas, a equipe custa R$ 766 mil por ano aos cofre públicos.
Tendência
Para o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer, a internet tem dado cada vez mais espaço à opinião dos eleitores e é uma força a ser reconhecida. “Essa é uma tendência que tem crescido bastante e os políticos precisam ter a capacidade de perceber isso”, afirma.
Quanto ao caso específico de Rodrigo Rollemberg, o professor acredita que, além das questões polêmicas, a percepção negativa pode estar relacionada ao fim de alianças políticas. “No último ano, principalmente, várias figuras que anteriormente apareciam como aliadas dele passaram a criticá-lo, não só na internet mas também na imprensa. Isso pode ter influenciado essas reações”, afirma.
Acionada pela reportagem, a assessoria de imprensa de Rodrigo Rollemberg afirmou que não comentaria o levantamento.