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Preso pela PF, dono de OS doou R$ 300 mil à campanha de Rollemberg

O médico e empresário Mouhamad Moustafa, detido em Manaus, é dono de duas organizações sociais que buscam se qualificar para assumir a gestão de parte da saúde pública do DF

atualizado

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1 de 1 salvare - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Operação Maus Caminhos, desencadeada pela Polícia Federal em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) na terça-feira (20/9) em cinco unidades da Federação, identificou tentáculos de uma organização criminosa que busca se instalar no Distrito Federal. Entre os alvos da ação, estão duas organizações sociais (OSs) — a Sociedade Integrada Médica do Amazonas (Simea) e a Salvare Serviços Médicos — que querem administrar hospitais públicos e unidades de pronto atendimento (UPAs) no DF. Ambas fizeram doações à campanha do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) em 2014.

As empresas pertencem ao médico e empresário Mouhamad Moustafa, preso em Manaus e apontado como líder de um esquema criminoso. Moustafa (foto abaixo) é um dos maiores defensores da terceirização da saúde no DF e tenta conseguir a qualificação de suas OSs na capital federal para começar a atuar na região.

Internet/ReproduçãoSegundo as investigações da PF, tanto a Simea quanto a Salvare integrariam um esquema para promover desvios no Sistema Único de Saúde (SUS).

Juntas, as duas empresas formam o Instituto Novos Caminhos (INC). É com esse nome que elas trabalham para conquistar fatias de mercado que podem surgir no DF com a instalação local das OSs, caso o Buriti consiga o aval da Câmara Legislativa.

Já há inclusive processo de qualificação protocolado na Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) em 27 de novembro de 2015, conforme mostra a foto abaixo.

Reprodução

 

Pensando em garantir a gestão dos hospitais por meio das OSs, as empresas investiram pesado no DF e se fixaram em uma área nobre. A Salvare tem sede localizada na 706 Norte, às margens da W3 Norte. Na fachada, a empresa mostra que trabalha com “gerenciamento de serviços de gestão de saúde, atendimento domiciliar e home care”.

Doações de campanha
Relatório de tomada de contas feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirma que tanto a Sociedade Integrada Médica do Amazonas quanto a Salvare depositaram, juntas, R$ 300 mil para as contas da campanha de Rollemberg na disputa pelo Buriti. O montante foi todo repassado em quatro transferências eletrônicas, feitas entre os dias 22 e 26 de setembro de 2014.

 

TSE/Reprodução

As duas empresas figuram no rol das entidades que fizeram as maiores doações para a campanha do socialista. O Metrópoles procurou a assessoria de imprensa do governador para saber qual seria a relação de Rollemberg com o médico preso e as duas empresas investigadas pela força-tarefa conduzida pela PF e pela CGU.

Por meio de nota, o GDF disse que “lança editais para a qualificação de organizações sociais (OSs) em várias áreas. A qualificação é realizada de forma técnica e impessoal e inclui análise de documentação, avaliação técnica e a comprovação de idoneidade da OS”.

Ainda segundo a nota, “o governador Rodrigo Rollemberg não possui qualquer vínculo com as empresas e pessoas citadas”.

Maus caminhos
As investigações constataram que o Instituto Novos Caminhos concentrava repasses vultosos feitos pelo Fundo Estadual de Saúde do Estado do Amazonas. De abril de 2014 a dezembro de 2015, foram repassados ao INC mais de R$ 276 milhões. A estimativa dos investigadores é que ao menos R$ 123 milhões acabaram desviados.

Foi identificada uma série de fraudes nos contratos de serviços de saúde, que ocorriam pela contratação de empresas comandadas direta ou indiretamente pelo médico e chefe da organização investigada, Mouhamad Mostafa. Ele controlava, ainda, a Total Saúde Serviços Médicos e Enfermagem Ltda.

Uma das pessoas presas na operação era ex-funcionária da Salvare e é sócia-administradora da Total Saúde. Uma cunhada do médico é sócia-administradora da Salvare, e uma irmã dele é sócia-administradora da Simea, o que, para a Polícia Federal, indica o controle de Moustafa sobre as entidades envolvidas no esquema criminoso.

Segundo os investigadores, Moustafa realizava articulações junto ao governo do Amazonas para obter acesso às verbas públicas de saúde e, assim, conseguir as liberações de pagamentos junto às secretarias de governo.

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