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Gestão Rollemberg foi alvo de outras ações policiais, além da (12:26)

Operação na Casa Civil não foi a única a investigar desmandos do atual governo. Houve esquemas no transporte e nas administrações regionais

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Operação sobre trafico de influencias no governo Rollemberg
1 de 1 Operação sobre trafico de influencias no governo Rollemberg - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O escândalo que estourou no GDF com a Operação (12:26) às vésperas do início da campanha eleitoral não é o único episódio suspeito que atinge a gestão Rodrigo Rollemberg (PSB). Nesses três anos e meio ocupando a principal cadeira do Palácio do Buriti, o governador assistiu a uma série de investidas da Polícia Civil e do Ministério Público contra seus funcionários, assessores, titulares de administrações regionais, secretários e chefes de autarquias.

Ainda assim, ele lançou o slogan Brasília de Mãos Limpas como mote da tentativa de reeleição. No dia seguinte, a polícia bateu à porta do Palácio para cumprir mandados de busca e apreensão. Carlos Augusto Rollemberg, o Guto, advogado e irmão do governador, é apontado como ponto focal das apurações, que envolvem, nas palavras dos investigadores, suspeitas de “advocacia administrativa” e “tráfico de influência” operados por uma “organização criminosa”.

Antes da deflagração da (12:26), Rollemberg viu de seu gabinete, na área central de Brasília, as operações Checklist, em 2017, e Trickster, este ano. Ambas apuraram fraudes no transporte público da capital.

A primeira mirou servidores que estariam recebendo dinheiro por fora para fazer vista grossa e deixar de vistoriar e fiscalizar ônibus sem condições de circular. A segunda identificou um desvio de R$ 80 milhões com fraude no sistema de bilhetagem eletrônica.

Com os desdobramentos dos episódios, Rollemberg se viu obrigado a exonerar o então diretor do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), Léo Carlos Cruz, por suspeitas de envolvimento nas irregularidades.

Servidores grileiros
Outra dor de cabeça causada a Rollemberg pelos próprios subordinados diz respeito à questão fundiária. Uma série de ações policiais contra grilagem de terras ao longo dos últimos anos levou servidores à cadeia. Para se ter ideia, apenas em 2017, das 50 prisões por esse crime, 10 foram de integrantes do GDF.

Chama atenção que, entre os grileiros detidos, muitos deveriam justamente zelar pelo patrimônio do governo. Entre eles, havia fiscais da Agência de Fiscalização (Agefis), funcionários e até mesmo um diretor da Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap), além de servidores das administrações regionais.

Estas, aliás, representam um grande gargalo por onde escorre dinheiro público. Historicamente usadas para atender interesses políticos dos mandatários do DF, as administrações regionais sempre foram transformadas em cabides de emprego com fins eleitorais para acomodar aliados. A gestão Rollemberg repetiu esse padrão.

Tanto que, em julho deste ano, a Operação Monopólio revelou um esquema de fraudes em licitações promovidas pelo GDF. Entre os suspeitos, havia servidores lotados nas administrações do Gama e de Águas Claras, que acabaram presos.

As investigações da Polícia Civil mostraram que empresas teriam combinado a participação em concorrências públicas para vencer as disputas. O grupo abocanhou contratos de obras que somam R$ 55 milhões. Na ocasião, três servidores foram exonerados.

Da Drácon à (12:26)
Nos últimos anos, o sinal de alerta no Palácio do Buriti foi acendido com certa frequência. E um dos assessores mais influentes de Rollemberg teve o nome ligado a dois casos de grande repercussão negativa para o governo.

Marcello Nóbrega deixou os bastidores e ficou sob os holofotes na Operação Drácon, que, em 2016, começou a investigar a destinação de emendas parlamentares para empresas privadas atuantes na saúde publica. A suspeita é de que parlamentares tenham recebido propina para liberar os recursos.

Nóbrega seria um dos articuladores do suposto esquema engendrado para beneficiar companhias que gerenciam unidades de terapia intensiva (UTIs) em hospitais do Estado. Ele já foi subsecretário de Administração Geral da Secretaria de Saúde e subsecretário de Logística e Infraestrutura da pasta.

Mesmo após ser apontado como operador do esquema e de ter sido convocado para prestar depoimento na CPI da Saúde, na Câmara Legislativa, Nóbrega se manteve no GDF. Em 16 de setembro de 2016, menos de um mês após a deflagração da Drácon, ele foi transferido para a Secretaria das Cidades.

Entre outubro de 2017 e abril de 2018, Nóbrega teve passagem pelo Senado, onde foi lotado no setor administrativo do gabinete da Terceira Secretaria, comandada por um correligionário de Rollemberg, o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE).

Este ano, voltou a encontrar guarida no Palácio do Buriti: tornou-se assessor da Secretaria-Adjunta de Relações Institucionais e Sociais da Casa Civil. Nos corredores, servidores questionavam o motivo de Nóbrega estar na pasta estratégica, despachando ao lado de Rollemberg apesar de todas as confusões envolvendo o nome do servidor.

A carreira foi interrompida na última terça-feira (7/8), quando Marcello Nóbrega pediu exoneração, pouco após agentes revirarem o Buriti no cumprimento de mandados de busca e apreensão expedidos no âmbito da Operação (12:26).

Nóbrega é citado como participante de um suposto esquema de tráfico de influência e advocacia administrativa no Palácio do Buriti. Ele e outras nove pessoas são investigados por atuarem em uma possível organização criminosa que operava nas mais diferentes áreas do governo. Entre as quais, as secretarias de Saúde, Território e Habitação, Justiça, Casa Civil, além da Companhia Energética de Brasília (CEB) e das administrações regionais do Lago Norte e de Águas Claras.

“Acordinho” e apartamento em Miami
Dentro da Casa Civil, segundo a PCDF e o MPDFT, dois irmãos articulavam com Guto Rollemberg, irmão do governador, o pagamento de contratos, aluguéis e serviços por meio da influência que o grupo tinha com o chefe do Executivo.

O sócio-gerente da empresa Brasília Construtora e Incorporadora (BCI) Leonardo Rocha de Almeida Abreu e o chefe de gabinete da Casa Civil do GDF, Guilherme Rocha de Almeida Abreu, são suspeitos de participar das negociatas. Eles são filhos do desembargador aposentado Luiz Cláudio de Almeida Abreu, ex-presidente do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT).

Por meio de grampos em conversas telefônicas de investigados na Operação (12:26), a polícia flagrou um diálogo de tratativas envolvendo um apartamento em Miami. O Inquérito nº 386/2018, ao qual o Metrópoles teve acesso, descreve a negociação.

No telefonema, Leonardo Rocha contou ao ex-assessor do deputado distrital Rodrigo Delmasso (PRB) Luiz Fernando de Souza Messina detalhes de conversa com o irmão para “amarrar” uma negociação.

“Aí ele já veio com outra história, que ele me pediu o apartamento de Miami emprestado. Então, assim, veladamente, vamos dizer que acabou fazendo um acordinho”, disse Leonardo.

O inquérito não detalha o que seria o “acordinho” nem explica o episódio que envolve um imóvel nos Estados Unidos. No entanto, os investigadores falam que esse trecho deixa claro as “tratativas para futuras vantagens indevidas”.

O diálogo aconteceu, conforme o documento, após reunião ocorrida em 2015 a fim de providenciar o pagamento das empresas de Nabil Nazir El Haje, dono do Hospital Home. O empresário foi, segundo os investigadores, um dos beneficiados do esquema investigado na Operação (12:26).

Segundo o relatório, Messina diz que tratou com Guilherme “a maior parte do tempo”. O documento ressalta: “Fica evidente que, em 2015, Guilherme ocupava posição estratégica no órgão responsável pelo assessoramento administrativo e político ao governador. O que leva a concluir que ele ainda possui função primordial na organização, atuando em diversas ingerências”.

Reprodução

O outro lado
No mesmo dia em que a Operação (12:26) foi deflagrada, o GDF emitiu nota para esclarecer pontos específicos divulgados até então pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. No documento, o governo nega as acusações feitas pelos investigadores sobre a existência da prática de advocacia administrativa e tráfico de influência.

Sobre o repasse feito ao Hospital Home, de R$ 1 milhão, a gestão Rollemberg registra que “quando o atual governo assumiu, existiam serviços realizados por diversos fornecedores e não pagos, na ordem de R$ 600 milhões, sem contratos. Ao longo dos anos, foram regularizados os pagamentos, de acordo com a legislação. Hoje, esses serviços têm contratos”, segundo informa nota assinada pela Secretaria de Comunicação.

Ainda de acordo com o GDF, o servidor Marcello Nóbrega – um dos personagens investigados – pediu exoneração do cargo comissionado que ocupava na Secretaria da Casa Civil, Relações Institucionais e Sociais. Procurado, Nóbrega não quis se pronunciar.

Guto Rollemberg diz que “nunca recebeu nem jamais receberia vantagem de qualquer natureza pelas denominadas ‘interferências’ no GDF”, e considerou “as investidas” que está sofrendo como “um ardil político para tentar atingir o governador”.

Da mesma forma, o Hospital Home “nega com veemência qualquer pagamento indenizatório e sem cobertura contratual”. A unidade afirma ainda que os repasses feitos pela Secretaria de Saúde ao longo do contrato e seus aditivos foram antecedidos de solicitações da própria pasta, constando o valor na nota fiscal”.

Os demais citados nessa reportagem no âmbito da Operação (12:26) não foram localizados para comentar as acusações.

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