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Agnelo Queiroz recebeu R$ 1 mi para viabilizar Centrad, diz delator

De acordo com ex-executivos da Odebrecht, a empreiteira doou R$ 1 milhão, em seis vezes, para a campanha do petista para viabilizar Centrad

atualizado

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Denio Simões/GDF
Agnelo Queiroz
1 de 1 Agnelo Queiroz - Foto: Denio Simões/GDF

O ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) teria recebido R$ 1 milhão via caixa 2, em 2010, para viabilizar o Centro Administrativo do DF (Centrad), construído pela Odebrecht em parceria com a Via Engenharia. A quantia teria sido repassada como apoio à campanha eleitoral de “Comprido”, codinome do petista nas planilhas de pagamento da empreiteira, e em seis parcelas. A informação consta da delação premiada de João Antônio Pacífico Ferreira no âmbito da Operação Lava Jato.

O pagamento, segundo Pacífico e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, ambos ex-executivos da Odebrecht que firmaram acordos de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF), foi feito de forma fracionada por meio do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira, entre os meses de agosto e setembro de 2010. A íntegra das declarações foi divulgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (12/4).

“Nós fizemos essa doação porque tínhamos interesse que ele (Agnelo) mantivesse e desse prioridade à obra do Centro Administrativo de Brasília, que era um contrato de PPP, uma concessão, que precisava ser implementada e que foi ele que deu essas garantias para que o contrato fosse viabilizado”, diz João Pacífico, em um trecho do depoimento.

O empreendimento começou a ser construído em Taguatinga pelo governo de José Roberto Arruda (PR) e foi entregue na gestão de Agnelo. Até hoje, nunca foi ocupado.

Veja vídeo com o depoimento de João Pacífico:

Em depoimento, Ricardo Ferraz conta que participou de uma reunião, em 2010, com João Antônio Pacífico Ferreira na casa de Abdon Henrique de Araújo, no Lago Sul. Segundo o executivo, na ocasião, Pacífico teria tratado de apoio financeiro à campanha eleitoral de Agnelo ao cargo de governador do DF. Abdon era amigo pessoal do petista. O então candidato ao Executivo estaria, inclusive, presente no encontro. Entre os cargos que Abdon ocupou no GDF, estão o de presidente da Terracap e o de administrador do Lago Sul.

Assista ao vídeo com trecho do depoimento de Ricardo Ferraz:

Segundo o delator, ficou definido o valor de R$ 1 milhão para a contribuição eleitoral, que seria feita por meio de doação oficial e não oficial. As quantias não declaradas seriam pagas por ele mesmo – Ricardo – através da equipe de Hilberto Silva. Os locais de pagamento e senha eram entregues pessoalmente a Abdon em seu escritório, no Setor Hoteleiro Norte. Os pagamentos teriam sido feitos em Brasília e São Paulo.

Pela planilha apresentada por Ricardo, o valor foi entregue de forma fracionada. Em 11/08/2010, R$ 100 mil; 17/08/2010, R$ 100 mil; 01/09/2010, R$ 200 mil; 08/09/2010, R$ 100 mil; 28/09/2010, R$ 100 mil; e em 29/09/2010, R$ 400 mil.

Os pagamentos a Agnelo eram registrados sob o codinome “cumprido”, que aparece em diferentes documentos apresentados por Pacífico com duas grafias diferentes. “O codinome é ‘Cumprido’, só que aparece lá (na planilha), ‘Comprido’, com ‘o’, e ‘Cumprido’, com ‘u’. Mas se referem à mesmo pessoa (Agnelo)”, disse o ex-executivo aos procuradores.

Em trecho do depoimento incluído em outra petição, Pacífico foi interpelado a respeito do pagamento de propina também ao ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB). O ex-executivo da Odebrecht então disse que “o codinome utilizado para designar os pagamentos a Agnelo Queiroz e a Tadeu Filippelli era o mesmo: ‘Comprido/Cumprido’”.

Arte/Metrópoles

“Investimentos”
Segundo o delator, ainda no período eleitoral de 2010, ele teria participado de duas reuniões na casa de Fernando Queiroz, presidente da Via Engenharia. A avaliação do executivo é de que Fernando, a pedidos de Agnelo e Tadeu Filippelli, então candidato a vice, oferecia sua residência e reunia representantes das principais construtoras que atuavam no DF com o objetivo de tratar de apoio financeiro.

Divulgação
Fernando Galvão, presidente da Via Engenharia

Durante estes encontros, de acordo com Ricardo, os convidados falavam sobre projetos de interesse que já estavam em andamento desde o governo anterior. Também sugeriam outras propostas que poderiam ser implementadas no novo governo, caso fossem eleitos.

Além da concessão já contratada do Centrad, Ricardo demonstrou interesse, nestes encontros, na captação de água do Lago Paranoá para consumo humano e nas obras de uma eventual ampliação do metrô de Brasília. Em uma das reuniões, estavam os dois candidatos; na outra, apenas Filippelli teria comparecido, ainda de acordo com o delator.

Outros executivos que também estariam presentes nos encontros, segundo Ricardo, seriam Carlos José de Souza, da Andrade Gutierrez; Luiz Felipe Cardoso, da Via Engenharia; Rony Moura, da Mendes Junior; José Lunguinho, da OAS; Gustavo, Camargo Correa; Aloysio Cardoso, CR Almeida; e Aécio, da Delta Engenharia.

Ao Metrópoles, o advogado de Agnelo, Paulo Machado Guimarães, afirma que “enquanto não se tem conhecimento do inteiro teor das investigações, é impossível emitir qualquer opinião a respeito do que apenas a imprensa tem noticiado. Não obstante, o ex-governador Agnelo Queiroz mantém-se convicto e sereno quanto à regularidade de todos os atos por ele praticados em suas campanhas eleitorais e na administração do GDF”.

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