Agnelo deixou servidores e PMs sem benefícios para construir estádio
Em planilha encontrada na casa do ex-governador pela PF, petista manda suspender reajustes e horas-extras para bancar obra no Mané
atualizado
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A construção do Estádio Mané Garrincha foi considerada, pelo governo de Agnelo Queiroz (PT), mais importante do que o reajuste salarial a 16 categorias de servidores públicos, o pagamento de horas extras a policiais militares e investimentos na cidade.
Ciente da dificuldade em pagar as despesas vinculadas à obra, o ex-governador elencou uma série de “estratégias” para quitar as dívidas da arena, considerada, em 2013, como a segunda maior demanda do orçamento do GDF, inferior apenas ao pagamento dos salários dos funcionários públicos locais.
Os dados foram encontrados pela Polícia Federal durante mandados de busca e apreensão realizados na casa de Agnelo Queiroz, no Jardim Botânico, em 23 de maio deste ano, no âmbito da Operação Panatenaico. Embora os trabalhadores tenham perdido benefícios, o relatório final da ação, encaminhado nesta sexta-feira (18/8) à 10ª Vara da Justiça Federal no DF, aponta um superfaturamento de R$ 559 milhões nas obras do estádio.
Com base em laudos, depoimentos e informações obtidas em buscas e apreensões, o documento, de quase 350 páginas, indicia 21 pessoas. Orçadas em cerca de R$ 600 milhões em 2010, as obras da arena custaram, em 2014, R$ 1,575 bilhão. Agnelo Queiroz está entre os indiciados, assim como o ex-governador do DF José Roberto Arruda (PR) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB).
Quem paga a conta?
Nas planilhas encontradas, o ex-governador também coloca como solução o endividamento da Terracap para pagar as despesas. No documento intitulado como “Soluções” está escrito: “Terracap assume o restante do estádio (R$ 150 milhões de operação de crédito com BRB + negociação do saldo remanescente de R$ 294,7 milhões)”.
Notoriamente posto como prioridade, após a conclusão do estádio, o governador decidiu então passar a fatura dos reajustes salariais a servidores para os próximos governos. Concedeu aumentos a 32 categorias, parcelados em três vezes. Sem dinheiro no caixa, o governo de Rodrigo Rollemberg (PSB) já declarou que não pagará a dívida com o funcionalismo.
Acionada pela reportagem, a defesa de Agnelo Queiroz afirmou que o ex-governador “se declara inocente das acusações e irá debater o caso no foro próprio, qual seja o Poder Judiciário. Qualquer manifestação será tratada apenas dentro dos autos”.