Policial civil que matou PM após esbarrão pagará R$ 75 mil a mulher baleada em troca de tiros
Caso que repercutiu em 2019 envolveu uma briga por esbarrão entre policiais dentro de boate. Mulher sem relação com discussão acabou baleada
atualizado
Compartilhar notícia
A Justiça do Distrito Federal condenou um policial civil a pagar mais de R$ 75 mil e pensão vitalícia para uma vítima atingida por disparos de uma briga que nem sequer tinha relação com a confusão. O caso ocorreu em 2019, na casa noturna Barril 66, às margens da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), quando o agente Péricles Marques Portela Junior, 39 anos, atirou e matou o tenente da Polícia Militar Herison Oliveira Bezerra, 38, após uma discussão motivada por um esbarrão.
Na briga, um disparo efetuado por Péricles Marques acertou a perna de uma mulher que estava pagando um energético no caixa. O projétil atravessou uma das coxas e acabou alojado em outra. Diagnosticada com uma lesão e dor crônica, convivendo com sequelas e sendo prejudicada no trabalho, ela processou Perícles.
A defesa do policial civil chegou a questionar se o tiro havia partido da arma dele, já que o PM, Herison, também estava armado. Mas uma perícia da Polícia Civil fez a reconstrução tridimensional da cena e concluiu que o disparo foi dado por Péricles. O desembargador avaliou a culpa do agente citando uma conduta de “máxima reprovabilidade”.
“O réu era policial civil e agiu de forma extremamente reprovável. Utilizou-se do artifício da ‘carteirada’ para ingressar em casa noturna, local destinado à diversão, e após um mero esbarrão sacou uma arma e efetuou diversos disparos. A reprovabilidade de sua conduta é máxima. Não considerou a elevada quantidade de pessoas no estabelecimento, a extensão de sua área e a previsibilidade de gerar vítimas inocentes, como a autora, ofendida na sua integridade física e psíquica.”
Péricles Marques foi condenado a pagar R$ 50 mil por danos morais, R$ 956,25 por danos materiais e R$ 25 mil por danos estéticos, além de pensão vitalícia no valor de 16% do salário bruto em 2019, quando houve o crime.
Relembre o caso
Em 15 de abril de 2019, um policial civil matou a tiros um PM na casa noturna Barril 66. A vítima foi o primeiro-tenente Herison Oliveira Bezerra, que era lotado no 10º Batalhão de Polícia Militar (Ceilândia). O oficial levou três tiros – dois no tórax e um no abdômen. Ele chegou a ser levado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), mas não resistiu aos ferimentos.
Câmeras de segurança da boate mostram o momento dos disparos. Nas imagens, é possível ver o policial militar passando em frente ao agente. Eles se esbarram e o policial civil saca a arma e atira. O PM chega a pegar a pistola, mas é alvejado antes. Aos delegados, o acusado alegou legítima defesa.
Os disparos foram feitos por uma arma calibre .40. A namorada do PM quase foi atingida. Nas imagens flagradas pelas câmeras de segurança, ela aparece tentando socorrer a vítima, que deixou um filho adolescente. No momento dos disparos, a boate estava lotada. O estabelecimento tem capacidade para 1,5 mil pessoas.