Policiais de Goiás que cercaram e mataram Lázaro dispararam 125 tiros
Segundo depoimento dos policiais, o grupo deu oportunidade para Lázaro Barbosa se entregar, mas ele teria continuado a atirar
atualizado
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Em relato feito após a morte de Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, os policiais de Goiás que trocaram tiros com o assassino e estuprador disseram ter disparado 125 vezes contra o criminoso nesta segunda-feira (28/6). Eles usavam pistolas 9mm e um deles tinha um fuzil calibre .556.
Eles contaram que durante a madrugada avistaram, na região de Águas Lindas (GO), Entorno do DF, um homem que teria se embrenhado na mata e, mesmo com o cerco montado, conseguiu transpor o rio. Já com o dia claro, Lázaro foi visto rio abaixo. “Dessa forma, duas equipes se deslocaram aproximadamente por 5 km abaixo da região de onde ele teria sido visto, e se dividiram para subir o rio”, declararam.
Cerca de 1,5 km de caminhada mata adentro, uma das equipes teria visualizado um indivíduo saindo do rio correndo, aparentemente se escondendo de um helicóptero que sobrevoava o local. “Nesse momento, abriu-se um leque de progressão, sendo que quase que de imediato, já nos vimos alvos de diversos disparos de arma de fogo, a princípio sem saber precisar de onde vinham. Após nos abrigarmos, foi possível identificar que de dentro de uma espécie de arbusto bem fechado, era de onde vinham os disparos, incessantemente”, diz o relato.
Segundo os policiais, “foi de imediato verbalizado que ele soltasse a arma e se entregasse, porém, os disparos não cessavam. Não se teve outra alternativa que não o revide armado. Foi uma intensa troca de tiros, devido à dificuldade de ver com precisão onde estava o indivíduo dentro do arbusto”.
Os policiais relataram que, em seguida, assim que os disparos cessaram, foi feita a aproximação de forma cautelosa e, já à beira do arbusto, eles viram um indivíduo e uma mochila. “Ao nos aproximar mais, vimos duas armas de fogo, uma do tipo pistola, que parou aberta com todas as munições deflagradas, e um revólver calibre .38 com 6 munições deflagradas”, explicaram.
Os policiais disseram que imediatamente acionaram o socorro. Lázaro Barbosa foi morto com pelo menos 38 disparos. A informação foi dada pelo secretário de Saúde do município, Rui Borges. “Quando ele chegou [ao hospital], já estava sem vida. Nós contamos 38 marcas de tiro. É um cálculo aproximado ainda”, ponderou.
Armas
Além das armas usadas por Lázaro (foto de destaque), foi encontrada com ele uma mochila. O material foi entregue às autoridades e será periciado. O conteúdo da sacola revela que Lázaro estava preparado para ficar mais dias escondido, além dos 20 em que esteve foragido.
Na mochila foram encontrados uma faca de cabo verde, um coldre de arma de fogo, carregador de pistola sobressalente, diversas munições, liga de borracha e fita plástica; jaqueta camuflada, balaclava, luva de pano, isqueiro, frasco branco com óleo, frasco branco com comprimidos, amoxicilina (antibiótico) e naproxen (analgésico), macarrão instantâneo, tempero pronto, uma cebola, bolachas e R$ 4,4 mil em espécie.
As informações foram prestadas em Registro de Atendimento Integrado, feito à Secretaria de Segurança Pública de Goiás.
Câmeras flagraram Lázaro nas imediações da casa da ex-sogra e da ex-companheira, pouco antes de ele ser morto. Veja vídeo abaixo:
Confira imagens da movimentação em Águas Lindas de Goiás após a captura de Lázaro:
Chacina
Lázaro é suspeito de matar Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Ele ainda sequestrou Cleonice Marques de Andrade, 43 anos, esposa de Cláudio e mãe das outras vítimas. O crime ocorreu na madrugada de 9 de junho, no Incra 9, em Ceilândia.
O corpo de Cleonice foi encontrado dias depois, em um matagal. O cadáver estava sem roupa e com um corte nas nádegas, em uma zona de mata perto da BR-070.
Desde que matou a família Vidal, Lázaro vem entrando e saindo de propriedades, fazendo novas vítimas. Ainda no Incra 9, em Ceilândia, ele invadiu outros dois locais, baleando três pessoas em um deles, além de um policial. Em Goiás, ele ficou escondido na região entre Girassol, Edilândia e Cocalzinho, Entorno do DF.
Família Vidal:
Ficha criminal
A vida criminal de Lázaro começou em 2008. Na época, ele foi preso por um duplo homicídio em Barra do Mendes, município baiano que fica a 540 km de Salvador. Ele é natural da cidade.
Segundo a Polícia Civil baiana, o criminoso foi indiciado pelos assassinatos de José Carlos Benício de Oliveira e Manoel Desidério Silva, no povoado de Melancia. O inquérito, concluído e enviado à Justiça, aponta que ele atingiu as vítimas com disparos de espingarda e depois fugiu, apresentando-se dias depois na unidade policial. Após a prisão, ele acabou fugindo para o Centro-Oeste.
No DF, chegou a ser condenado por roubo e estupro. Mas, também, conseguiu fugir do sistema penitenciário em 2016.
A capacidade de fuga de Lázaro já é velha conhecida da polícia e do sistema prisional goiano. Em julho de 2018, ao tentar escapar junto de outros cinco detentos do presídio de Águas Lindas (GO), no Entorno do Distrito Federal, ele foi o único que obteve êxito.
Lázaro foi preso no dia 8 de março de 2018, por suspeita de assassinatos ocorridos na Bahia, além de estupro, roubo e porte ilegal de armas no DF. Ele tinha, na época, três mandados de prisão em aberto.
A ausência dele entre os internos do presídio de Águas Lindas só foi sentida no momento de recontagem dos detentos, após a ação policial no local. No entanto, a essa altura, ele já estava longe.
A fuga ocorreu durante a madrugada, por volta das 2h, de 23 de julho de 2018, segundo a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária de Goiás (DGAP).
Personalidade violenta
Laudo psicológico feito no âmbito de um dos processos contra Lázaro Barbosa, em 2013, constatou que o homem tem características de personalidade violenta, como agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade e instabilidade emocional.
Ainda de acordo com os psicólogos que assinam o documento ao qual o Metrópoles teve acesso, o criminoso tem possibilidade de “ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia”.
O autor, segundo os especialistas, teve o desenvolvimento psicossocial prejudicado devido a agressões familiares, uso abusivo de álcool e drogas, falecimento familiar, abandono das atividades escolares, trabalho infantil e situação financeira precária.