Polícia suspeita que sequestradora faz tráfico de crianças
Segundo a PM de Goiás, a mulher tinha uma nova Certidão de Nascimento para Valentina, que foi levada do Conic
atualizado
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A Polícia investiga se Cevilha Moreira dos Santos, 44 anos, faz parte de alguma quadrilha de tráfico de bebês. Isso porque, segundo apurou a PM de Goiás, a mulher tinha uma Certidão de Nascimento falsa para Valentina, o bebê de três meses que ela levou do Conic na manhã desta quinta-feira (29/6). A sequestradora, ainda de acordo com os policiais, planejava levar a criança para outro local.
Na certidão, registrada nesta quinta (29), Valentina virou Isabele dos Santos Silva. Na filiação, constam os nomes de Cevilha e Neilson Souza Silva, segundo o documento encontrado por policiais militares, ao qual o Metrópoles teve acesso.
Cevilha Moreira dos Santos foi presa por volta das 16h40 desta quinta em Planaltina de Goiás, cidade do Entorno localizada a cerca de 60km do DF. Ela está presa no Centro Integrado de Operação de Segurança (Ciops). A criança passa bem e, depois ter passado por avaliação médica no Hospital Santa Rita de Cássia, recebeu alta.
O sargento Etelvino Torres, da PM de Goiás, atuou na ocorrência. Ele disse que Cevilha foi abordada depois de seguir de táxi em direção a Planaltina do DF, por volta das 16h40. Ao perceber que ia ser cercada pelos militares, ela disse ao taxista que, se ele retornasse ou fizesse alguma manobra, iria matar o bebê.
Desde o momento da prisão Cevilha não disse uma só palavra aos policiais. Não explicou o motivo de ter sequestrado o bebê. Ela passou por exames e foi levada ao cárcere. “Em 25 anos de PM, essa foi uma ocorrência que mexeu muito. A sensação é de dever cumprido”, disse o sargento Torres.A sequestradora tem passagens por tentativa de homicídio, furto, apropriação indébita, lesão corporal, injúria e ameaça.
Por volta das 17h45, Arlete Bastos, a mãe, saiu da Delegacia de Repressão a Sequestro (DRS), onde prestava depoimento, para encontrar a filha que havia sido levada pela sequestradora. Ela foi encaminhada ao hospital e, depois, seguiu para o Ciops, onde a ocorrência foi registrada. Tranquila, Valentina não para de mamar.
Como foi o sequestro
Testemunhas contaram que, na manhã desta quinta, depois de levar o bebê, a mulher pegou um táxi no Conic e desceu na estação do metrô da 114 Sul. Policiais fizeram buscas em todos os vagões e nos terminais, mas não a encontraram.
A família da mãe do bebê acredita que a mulher planejou o crime. Um parente contou ao Metrópoles que a sequestradora conheceu Arlete no posto de saúde da Vila Rabelo, em Sobradinho, onde eles residem, na semana passada. Na ocasião, disse que estava precisando de emprego para sustentar os quatro filhos.
“Ela foi hoje à casa de Arlete e falou que tinha arrumado um emprego para ela ganhar R$ 1 mil. Chegando à empresa em que seria feito um exame admissional, as duas não conseguiram entrar com o bebê. Então, a mãe deixou a criança com a mulher e, quando voltou, ela havia sumido”, disse Jonathan Dias dos Santos, casado com a sobrinha da Arlete.
Segundo Madalena dos Santos Silva, cunhada de Arlete, antes de saírem juntas de casa, a suspeita chegou a fazer compras no valor de R$ 150 para ajudar a família. Imagens do sistema de segurança da empresa mostram a suposta sequestradora ao lado da mãe. Cevilha vestia um colete salmão e carregava uma bolsa. Elas ficaram lado a lado.
Sem restrições
De acordo com a proprietária da clínica Amigo Medicina do Trabalho, onde a mãe foi fazer o exame admissional, Ana Maria Rocha, a empresa não tem restrições para a entrada de mulheres com bebês nas consultas. “Ela preferiu deixar com a conhecida. Quando saiu do exame, perguntou para as funcionárias se alguém tinha visto a filha. Disseram que não e, então, ela saiu gritando e correndo”, explicou.
A empresa funciona no 1º andar do Edifício Boulevard Center, no Conic, e não tem câmeras de segurança. Todas as imagens foram feitas pelo sistema de vigilância do prédio.
O caso ocorre 23 dias depois do sequestro do pequeno Jhony dos Santos, levado pela estudante de enfermagem Gesianna de Oliveira Alencar de um quarto do Hospital Regional da Asa Norte (Hran).