Polícia prende 5 e recolhe 1,7 tonelada de carne clandestina no DF
Carga vinha de Goiânia (GO) e foi apreendida na madrugada deste domingo (10/7). Na capital do país, estima-se que 30% do produto consumido não tenha a origem garantida, o que ameaça a vida dos brasilienses
atualizado
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Cinco pessoas foram presas na madrugada deste domingo (10/7) pela venda de carne clandestina no Distrito Federal. Quase 1,7 tonelada do produto foi apreendida. A ação, coordenada pela Divisão de Crimes Contra o Consumidor, da Polícia Civil, é um desdobramento da operação deflagrada em junho deste ano contra a comercialização do produto de forma irregular na capital do país. As investigações mostram que a mercadoria chega, é revendida para restaurantes, bares e hotéis da cidade e acaba sendo consumida pelos brasilienses. Como não tem origem certificada, é uma ameaça à saúde de quem a ingere.
Dos presos, três são da mesma família, sendo Altamir Alves Cavalcanti, 41 anos, mais conhecido por Ceará, o principal distribuidor de carnes clandestinas. Ele foi flagrado chegando com um grande carregamento em dois carros, uma camionete Hilux e um Honda Fit. E contou com a ajuda do sogro, Adelson Barbosa de Paiva, 54, e do irmão, Almery Alves Cavalcanti, 41, para fazer as entregas no DF. Eles saíram de Goiânia (GO).
As entregas, segundo a polícia, foram feitas na distribuidora Casa de Carnes Correa de Jesus Eireli, na QN 7 do Riacho Fundo 2. Lá, Altamir disse à polícia que deixou 190 quilos de filé. Quem recebeu a carga foi o próprio proprietário da distribuidora, que também foi preso. No local, a polícia encontrou 1.400 quilos de filé clandestino, mas também havia carnes regulares e certificadas. O dono do estabelecimento, Carlos Roberto de Jesus, foi preso.
O segundo ponto de entrega, informou a polícia, foi na churrascaria Fogo do Galpão, no Pistão Sul, em Taguatinga. Quando os policiais fizeram o flagrante no local, por volta das 6h30, um açougueiro da churrascaria estava recebendo 90 quilos de picanha. Ele também foi detido. As carnes, de acordo com os agentes que participaram da operação, foram transportadas sem refrigeração, não tinham data de validade nem o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Segundo o delegado Ataliba Neto, Altamir chegava a vir duas vezes por semana ao DF para fazer a entrega das carnes. “Eles pensaram que no fim de semana não tinha efetivo policial e que, por isso, não seriam pegos. Os distribuidores dessa carne clandestina se conhecem, são concorrentes, mas são amigos”, disse.
O Metrópoles não conseguiu contato com a churrascaria Fogo do Galpão nem com representantes da Casa de Carnes Correa de Jesus Eireli até a publicação dessa reportagem.
A família de Goiânia vai responder por crime contra a economia e as relações de consumo e associação criminosa. Já o açougueiro e o dono da distribuidora serão denunciados por sonegação fiscal e crime contra a economia e as relações de consumo. Eles podem pegar penas que variam de 3 a 8 anos.
Perigo à mesa
No DF, são consumidas pelo menos duas mil toneladas do produto por semana. Estima-se que 30% do produto, ou cerca de 650 toneladas, sejam sem garantia de qualidade e podem estar sendo comercializados na capital do país, principalmente em feiras, bares e restaurantes. O preço, que chega a ser 40% mais em conta, garante o sucesso do negócio.
Na carga clandestina, o risco de contaminação é muito grande, já que não há verificação do processo pelo qual a carne passa. Segundo o diretor de Inspeção de Produtos Animais e Vegetais (Dipova), Athaualpa Costa, as infecções podem causar problemas simples, como uma infecção intestinal, até casos mais graves, como aborto e morte. “Não há como garantir a segurança do consumidor”, alerta.
Para assegurar a procedência do alimento consumido, Costa recomenda muita atenção: “O mais importante é sempre procurar o selo de inspeção e ler as informações presentes no rótulo. Se houver alguma inconsistência nesses dados, o comprador deve desconfiar”. Em açougues, o diretor aconselha consumidores a procurar o selo da vigilância sanitária no estabelecimento, que faz inspeções periódicas para avaliar a qualidade dos produtos.
Alguns problemas que a carne contaminada pode causar:
Salmonela – Conhecida vulgarmente como salmonela, trata-se de um reino de bactérias que causa infecção. Sintomas podem variar de dor de cabeça à forte diarreia. A desidratação pode levar à morte.
Escherichia Coli – É uma bactéria presente no intestino dos humanos e alguns animais. Existem vários tipos desta bactéria e, se ingerido outro tipo deste micro-organismo, a saúde pode ser afetada negativamente. Podem aparecer sintomas como dor de estômago, vômito e até diarreia com presença de sangue.
Teníase – É uma doença causada por parasitas que habitam o estômago de animais. Quando contaminada a carne – e consumida mal passada ou crua – pode ser repassado para o ser humano. O parasita pode passar do intestino para a corrente sanguínea e se alojar no cérebro, olhos, pele ou músculos – inclusive do coração – podendo conferir ao portador quadro de cegueira definitiva, convulsão ou, até mesmo, óbito.
Dicas valiosas para a hora de comprar carne (fonte Bolsa de Mulher):
Carne bovina:
- – Deve ser vermelha, sem manchas ou pontos escuros, e com consistência firme.
- – Se estiver congelada e soltando água ou um pouco mole, não compre.
- – A carne deve ser moída na presença do comprador. Se for moída previamente, deve estar embalada com rótulo e carimbo de inspeção federal ou estadual. Se estiver sem registro, há o risco de ser uma mistura de sebo, pelancas e aditivos químicos que garantem a cor.
- – Observe sempre os dois lados da carne, pois pode estar bonita por cima e ruim do outro lado.
- – Preste atenção nas condições de limpeza da superfície onde a carne é cortada, pois o líquido que fica de um pedaço pode contaminar outro.
- – Nunca compre carne bovina em feiras-livres, pois geralmente são de procedência clandestina e podem transmitir doenças.
Carne suína:
- – Nunca compre se estiver com bolinhas brancas, popularmente chamadas de ‘canjiquinha’, pois isso indica que o animal estava infestado por cistos de Tênia, que podem contaminar o consumidor.
- – A carne deve estar com consistência firme, não amolecida nem pegajosa.
- – Assim como a carne bovina, não deve ser adquirida em feiras-livres.
Carne de aves:
- – Deve estar bem aderia aos ossos, com cor amarela pálida, um pouco rosada, e com consistência firme.
- – Só compre miúdos (fígado, coração, moelas) se estiverem conservados com sistema de refrigeração, pois, caso contrário, podem entrar em decomposição facilmente.
- – Não compre carne de aves congelada que apresente embalagem danificada e com água ou sangue.
Embutidos e frios:
- – Os produtos à base de carne, como salsichas, presunto, linguiças, mortadelas, e outros, são altamente perecíveis e devem ser mantidos sob refrigeração constante.
- – Nunca compre se estiverem amolecidos, soltando algum líquido, com superfície úmida ou qualquer tipo de mancha.
- – Os produtos enlatados, depois de abertos, devem ser guardados em outro recipiente; a lata deve ser jogada fora.
- – Quando vendidos já fatiados, nas embalagens devem constar informações sobre o fabricante, o estabelecimento onde foram fatiados, bem como data do fatiamento e prazo de validade.