Polícia Militar apura denúncia de fraude em compra de TVs e telefones
Metrópoles teve acesso a relatório enviado para a corregedoria-geral da corporação que aponta compra de televisores de 50 polegadas para videoconferências. Aparelhos estariam sendo usados para assistir partidas de futebol e jogar videogames
atualizado
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Denúncias graves sobre supostos crimes envolvendo fraude em licitações e improbidade administrativa ocorridos dentro da Polícia Militar se tornaram alvos de apuração pela corregedoria-geral da corporação. As suspeitas recaem sobre a Diretoria de Telemática (Ditel), setor responsável pela área de telecomunicações. O relatório elaborado por um policial militar e obtido com exclusividade pelo Metrópoles aponta uma série de irregularidades, como o favorecimento de empresas e a compra de materiais subutilizados ou usados em benefício próprio.
De acordo com o levantamento, a Ditel teria adquirido – por meio de ata de registro de preços – equipamentos de videoconferência para todas as unidades da PM que nunca teriam sido usados. A denúncia relata que, para o projeto ser aceito, 50 televisores de 50 polegadas foram incluídos na compra sem menção na ata. “Em qualquer local na PM, as TVs estão sendo usadas para várias atividades, como assistir a jogos, videogames e como enfeite nas salas de comando. E, o pior, nem tombamento têm, pois não constam na ata nem na nota fiscal”, narra a denúncia recebida pela reportagem.O policial narra que a Ditel comprou um lote de telefones do tipo “VOip” para todas as unidades da PM espalhadas pelo DF. O problema é que muitos aparelhos foram destinados a batalhões que não existem. “Essas unidades só existem no organograma da PM, mas nunca funcionaram, basta solicitar cópia do projeto básico e verificar a atual quantidade de unidades da PM. Os equipamentos estão no almoxarifado sem uso”, ressalta o militar que fez a denúncia.
Orelhões
Outro fato exposto no relatório e que chama a atenção para o suposto desperdício de dinheiro público diz respeito à compra de telefones do modelo “orelhão”, usados por grandes empresas de telefonia que costumavam ser instalados em ruas de grande fluxo de pessoas. A denúncia afirma que os equipamentos foram comprados para serem fixados no interior dos batalhões da corporação, mas também estariam estocados no almoxarifado, sem uso.
A denúncia também dá conta de uma série de equipamentos de tecnologia como links de dados com capacidade muito superior ao que a corporação necessitaria. O militar cita a aquisição de um equipamento com tráfego de 1 gigabyte, sendo que a PM só utilizou 250 megas. Para que fosse feita a justificativa interna para o tamanho do link, foi solicitada à empresa que deixasse um link de 750 megas na Ditel e outro de 250 no Centro Administrativo do DF, o chamado Buritinga, em Taguatinga.
No entanto, esse equipamento nunca foi usado. “Esses são apenas alguns itens e serviços, fora softwares que foram adquiridos e nunca utilizados. Basta uma auditoria simples que vão constatar o desperdício de dinheiro público”, afirma o militar na denúncia.
De acordo com o comandante-geral da PM, coronel Marcos Nunes, o mesmo conteúdo da denúncia chegou ao seu conhecimento e o caso foi repassado imediatamente para a corregedoria da corporação. “Não importa qual seja a denúncia ou a suspeita de irregularidade. Nós apuramos cada uma delas com o maior rigor possível. Se tiver veracidade nessas informações, vamos identificar os responsáveis e as punições serão aplicadas”, garantiu.