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Polícia investiga suposto caso de assédio moral em embaixada da Liga Árabe

Funcionários acusam embaixador por terem de trabalhar sem água, comida ou recebimento de hora extra. Diplomata nega

atualizado

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1 de 1 ligaarabe - Foto: Gabriel Luiz/Metrópoles

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga o embaixador da Liga Árabe, Nacer Alem, por suspeita de assédio moral no ambiente de trabalho. Segundo denúncias feitas por funcionários da embaixada, o diplomata obriga os servidores a trabalhar em sua residência e os impede de comer ou beber durante o expediente. O caso também é acompanhado pelo Itamaraty. No Brasil há dois meses, o embaixador argelino nega as acusações.

A copeira Rafaela Magalhães prestou serviços para a representação diplomática durante cinco anos e disse ter sido demitida por se recusar a trabalhar na casa pessoal do patrão. “Ele não queria pagar a mais por isso, então não aceitei”, afirmou a copeira, que recebia R$ 1,1 mil de salário. Um vídeo obtido pelo Metrópoles mostra o momento em que Rafaela foi mandada embora da embaixada, na Ql 26 do Lago Sul (veja imagens).

“O clima está muito pesado, muito tenso. A gente não podia nem sequer almoçar que ele reclamava do cheiro. Eu tentava esquentar (a comida) escondido, mas um dia ele viu e brigou muito comigo”, lembra Rafaela, que trabalhava das 9h30 às 15h30 sem direito a pausa para descanso. “Com certeza houve discriminação racial e por eu ser mulher. Ele tem que entender que aqui não é que nem o país dele”, opina.

Um outro funcionário, que preferiu não se identificar, confirma o assédio. “Todo mundo é destratado. Um dia cheguei a dormir lá (na embaixada) e ele não me pagou hora extra ou reembolsou o valor gasto com a gasolina”, conta o trabalhador, que presta serviços há sete anos na representação da Liga Árabe.

Segundo ele, os quatro funcionários que atuam no local se queixam do comportamento considerado “agressivo” do chefe. “A gente continua lá porque é melhor esperar ele ir embora do que pedir as contas”, diz. “Nem água ele aceita comprar para a gente. Ou levamos ou temos de beber da torneira”, relata. Um outro vídeo mostra o diplomata discutindo com uma funcionária (veja vídeo).

Diplomata nega
O embaixador Nacer Alem argumentou que a casa onde ele mora “faz parte da embaixada” e que os funcionários devem trabalhar nos dois locais. Ele negou que tenha impedido refeições na sede da Liga Árabe. “Eu proibi foi de cozinhar. A empregada cozinhava na embaixada, trazia cebola e tudo. Aqui não é um restaurante”, complementou.

“Eu compro minha água do meu próprio bolso. Esse gasto não está no orçamento”, declarou, explicando sobre a ausência de galões d’água na embaixada. O diplomata afirmou que admira o país, mesmo não entendendo algumas “características” do trabalhador brasileiro. “Gosto deste país e gosto das pessoas daqui. O que me surpreende é que elas pedem para ser demitidas, mas eu não vou demitir (a copeira). Foi ela quem abandonou o cargo. Problema dela”, conclui.

Ministério das Relações Exteriores
O Itamaraty informou que as denúncias contra o embaixador estão sendo apuradas internamente e adiantou que Nacer Alem pode responder à Justiça, já que a imunidade diplomática não é aplicada em atos de gestão. “A única diferença em relação a um processo judiciário comum é que cabe ao Ministério das Relações Exteriores fazer chegar às representações diplomáticas as comunicações da Justiça brasileira”, explica o ministério.

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