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Polícia Civil do DF prende médico Wesley Murakami em Goiânia

Ele é acusado de fazer procedimentos cirúrgicos malfeitos e está impedido de exercer a profissão

atualizado

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A Polícia Civil do DF prendeu na manhã desta sexta-feira (21/12), em Goiânia (GO), o médico Wesley Noryuki Murakami, em razão de procedimentos realizados pelo cirurgião que deformaram ao menos 15 pacientes brasilienses. A mãe do acusado e uma funcionária também foram detidas. Ambas administravam as clínicas em que ele atuava.

A operação, batizada de Dismorfia, foi deflagrada pela Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf). As prisões são temporárias e o trio será trazido ainda nesta sexta para Brasília.

O Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) impediu Murakami de exercer a profissão. O médico se tornou alvo de processo ético após mais de 30 pacientes denunciarem procedimentos cirúrgicos malfeitos.

A interdição vale para todo o território nacional. O prazo para apuração dos fatos é de seis meses, podendo ser estendido por igual período. A pena pode ir de uma simples advertência à cassação do registro médico. “Vamos avaliar a história contada por cada denunciante, checar as provas e, se for preciso, fazer perícias médicas”, disse o presidente, em coletiva realizada na tarde dessa quarta-feira (19).

Reprodução/PCDF
Policiais da Corf apreenderam uma série de materiais hospitalares nas clínicas de Murakami
Reprodução/PCDF
Prontuários médicos do pacientes também foram apreendidos

 

Segundo o presidente do CRM-DF, Farid Buitrago, caso não haja defesa até a data prevista, será nomeado um defensor. Segundo ele, o conselho decidiu interditar cautelarmente Murakami porque houve indícios de danos físicos irreparáveis nos pacientes e, também, para evitar que o mesmo acontecesse com outras pessoas.

O Ministério Público também investiga o caso. Os denunciantes foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML), após o registro das ocorrências, para a realização de exame de corpo de delito. Nas redes sociais, o médico se apresenta como especialista em cirurgias de bioplastia e harmonização facial.

Além das denúncias feitas no DF, outras seis foram registradas no 4º Distrito Policial do Estado de Goiás, segundo informou o advogado de Wesley Murakami, André Bueno.

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Wesley Murakami atendia em Goiânia e no Taguatinga Shopping
Em 2012, Alexandre Garzon procurou o profissional para o procedimento cirúrgico conhecido como harmonização facial e bioplastia
Alexandre conta que ficou com o rosto deformado, pois o médico teria aplicado “material em excesso e em locais que não era para aplicar”
A administradora Amanda Nepomuceno antes de realizar a bioplastia
Antes e depois de Amanda
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O médico é acusado de deformar o rosto de pacientes

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Wesley Murakami atendia em Goiânia e no Taguatinga Shopping

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Em 2012, Alexandre Garzon procurou o profissional para o procedimento cirúrgico conhecido como harmonização facial e bioplastia

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Alexandre conta que ficou com o rosto deformado, pois o médico teria aplicado “material em excesso e em locais que não era para aplicar”

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A administradora Amanda Nepomuceno antes de realizar a bioplastia

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Antes e depois de Amanda

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Amanda após o procedimento

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Denúncias
Os clientes de Wesley Murakami queixam-se do resultado do procedimento, que consiste na aplicação de PMMA (sigla para polimetilmetacrilato, um plástico apresentado no formato de microesferas). A suspeita é de que Wesley tenha injetado o produto em excesso e em locais nos quais não haveria necessidade.

Após o caso se tornar público, mais pessoas tomaram coragem para contar suas experiências traumáticas na mesa de cirurgia do médico. O “Dr. Murakami” – como o profissional se apresenta nas redes sociais – usava a estratégia de apontar defeitos na face de quem se interessava pelos seus serviços.

Tatiane Seles Pereira, 41 anos, quase caiu na lábia do suspeito. Há dois anos, ela procurou o consultório de Murakami no Taguatinga Shopping para tirar dúvidas sobre a remoção de uma mancha no rosto. Durante a conversa, conta ter sido convencida por ele a realizar outros procedimentos estéticos.

Eu me senti horrível. Fui para remover uma mancha e ele saiu prometendo muita coisa. Apresentou mil defeitos em mim. Saí de lá acabada

Tatiane Seles Pereira, paciente

Uma outra paciente, sob condição de anonimato, reconheceu o poder de persuasão do médico. “Não gostava muito do meu queixo e tinha mesmo de fazer uma cirurgia para corrigir um problema na mordida, mas ele me colocou em frente ao espelho e saiu apontando vários defeitos.”

Ameaça
O resultado, no entanto, não foi como o planejado, e a paciente passou a sentir vergonha de sair de casa. A mulher chegou a procurar o profissional após a cirurgia, descrita por ela como um “completo fiasco”. Murakami teria se comprometido a ressarcir os R$ 9 mil gastos, mas não cumpriu com a palavra.

“Fizemos um acordo. Inicialmente, ele me pagou R$ 1,5 mil e prometeu pagar o resto, mas está sempre adiando.” Após denunciá-lo, ela diz ter sido procurada pela equipe do médico, pressionando-a com tom ameaçador. “Hoje recebi uma mensagem que dizia: ‘Eu vi você na televisão, tá?’ Estamos todos com medo, esse cara nos dá muito medo. É aterrorizante.”

“Bumbum irregular”
Além de ser acusado de deformar o rosto de dezenas de pessoas, Wesley Murakami é apontado como autor de erro médico ao realizar bioplastia nos glúteos da enfermeira de Goiânia (GO) Kellyane Fonseca, 28. Ela procurou o profissional a fim de tornear o bumbum. Murakami garantiu que o procedimento seria feito com PMMA, mas uma outra substância usada provocou queimaduras de segundo grau na mulher.

Kellyane voltou a procurar o médico, que teria se prontificado a fazer uma segunda intervenção. “Meu bumbum ficou todo irregular. Fui atrás e ele prometeu fazer outra aplicação e corrigir. Nessa nova aplicação, reclamei de dor o tempo todo, ameacei desmaiar, e a todo instante ele me dava água com açúcar. No término, precisei usar oxigênio, pois apresentei insuficiência respiratória.”

Oito dias após a segunda cirurgia, o estado de saúde de Kellyane piorou. “Tive febre e precisei procurar um médico. Estava com infecção. Imediatamente, optaram pela minha internação, quando fiquei oito dias à base de antibióticos.”

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Procedimento
No início do mês, sem saber que estava sendo gravada, a secretária da clínica de Murakami em Goiânia explicou o procedimento “sem corte”. Segundo ela, cobra-se R$ 80 por um atendimento inicial. “A gente pede para fazer um levantamento. Tudo isso é analisado com nosso médico, e ele vai te falar direitinho o valor. Essa consulta é R$ 80, e o valor pode ser descontado caso você feche um procedimento.”

Questionada sobre os efeitos colaterais, a funcionária negou os riscos. “Não tem, porque esses produtos são autorizados pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e foram testados até mesmo para pessoas com diabetes. Não tem contraindicação. Assim, o doutor pede para o paciente não beber, dá os remédios direitinho e pede para ele fazer o retorno dentro de 10 dias”, explicou a funcionária.

Outro lado
Procurado pelo Metrópoles, o advogado do médico, André Bueno, disse por meio de nota que Wesley não estava fazendo novos atendimentos desde as primeiras denúncias e continua aguardando o desenrolar das investigações.

Ainda segundo Bueno, o profissional está em estado de grave de depressão, tomando medicamentos e sendo acompanhado por um psiquiatra.

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