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Polícia Civil deflagra nova fase de operação contra grilagem no DF

Segunda etapa da Operação Hórus cumpre 11 mandados de prisão. Tio de Michelle Bolsonaro foi preso em maio, suspeito de integrar o esquema

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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deflagraram, nas primeiras horas desta terça-feira (03/09/2019), a segunda fase da Operação Hórus, para desarticular o núcleo de uma organização criminosa acusada de invadir terras públicas, lotear e comercializar os parcelamentos no Setor Habitacional Sol Nascente, em Ceilândia.

Policiais militares são suspeitos de integrar o grupo e, na primeira etapa da ação, em maio, um dos detidos foi o primeiro-sargento João Batista Firmo Ferreira. O PM é tio da primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro, mulher do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL).

Policiais da Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e aos Crimes contra a Ordem Tributária (Cecor) saíram às ruas para cumprir 11 mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão nas cidades de Ceilândia, Samambaia, Taguatinga, Vicente Pires e Santo Antônio do Descoberto (GO), no Entorno do DF. O bando atuava há mais de 10 anos e grilava centenas de lotes. Do total, oito pessoas acabaram detidas.

A segunda fase da Operação Hórus é desdobramento da investigação iniciada na 19ª Delegacia de Polícia (P Norte) há oito anos. Ao longo da apuração, foi identificada, dentro da organização criminosa, um núcleo que atuava como braço armado para cometer crimes relacionados às invasões de terras. Entre os quais, ameaças e homicídios. Na primeira fase, deflagrada em 29 de maio, sete policiais militares foram presos preventivamente acusados de envolvimento com o esquema criminoso.

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Prisões feitas na segunda fase da Operação Hórus, em setembro de 2019
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Prisões feitas na segunda fase da Operação Hórus, em setembro de 2019

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Prisões feitas na segunda fase da Operação Hórus, em setembro de 2019

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A operação é fruto de parceria entre a Divisão de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Além do núcleo que agia como braço armado da quadrilha, desarticulado na primeira fase, foi identificado um segundo grupo, formado apenas por grileiros.

Os criminosos eram responsáveis por ocupar as terras depois que PMs expulsavam posseiros. Em seguida, por meio de um esquema supostamente mantido com servidores da Administração Regional de Ceilândia, conseguiam levar água, luz e abrir estradas favorecendo quem comprava os lotes.

“Os grileiros vendiam as propriedade por cerca de R$ 3 mil, mas depois que conseguiam as benfeitorias, passavam a cobrar mais R$ 30 mil dos moradores. Quem não pagava era expulso do lote”, explicou o delegado da Draco, Adriano Valente.

A suposta participação de policiais militares no parcelamento irregular do Sol Nascente, considerada uma das maiores favelas da América Latina, foi revelada pelo Metrópoles. Em 2017, uma reportagem especial mostrou que o medo e a grilagem dominavam o Sol Nascente.

Tio da primeira-dama

Acusado de participar de uma milícia responsável pelo esquema, o primeiro-sargento João Batista Firmo Ferreira é irmão de Maria Aparecida Firmo Ferreira, mãe de Michelle Bolsonaro.

A denúncia do MPDFT a qual o Metrópoles teve acesso descreve que Firmo, assim como outros investigados, “negocia lotes de ‘beco’ [áreas destinadas originalmente para passagens de pedestres] e outros terrenos de áreas públicas ‘griladas’”. Um dos diálogos, conforme a denúncia, confirma o modo de agir da organização criminosa, que se valia de violência para expulsar pessoas dos lotes de interesse.

Em uma das conversas grampeadas, de 31 de julho de 2015, o primeiro-sargento comenta “que tem um vagabundo querendo invadir a chácara de novo”. “João narra que falou para o cara ligar para ele cedo, porque ele vai ‘arruma’ (sic) uns pistoleiros. João diz que já mobilizou ‘uns polícias’ (sic) lá para ajudá-lo”, transcreve um trecho da denúncia.

Reprodução/MPDFT

A atuação de Firmo na venda de lotes é destacada em outras conversas. Em 16 de junho de 2015, ele disse que vendeu um barraco “na 115” por R$ 60 mil. O interlocutor questiona se o governo não demoliu e ele responde “que derrubou, mas já construiu novamente, murou e tem gente morando lá e que a pessoa que comprou vende por R$ 80 mil”.

“João diz que está terminando um outro barraco no outro setor”, completa o relato do grampo telefônico. Os investigadores afirmam, ainda, que a análise dos dados bancários de João Firmo reforçaram o vínculo dele com a organização criminosa.

 

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