Polêmica da vez: câmara de ozônio é usada no DF contra a Covid-19
Infectologista afirma que procedimento só promove “falsa sensação de descontaminação”, mas até a Câmara Legislativa estuda implementação
atualizado
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Redes de supermercados atacadistas e varejistas do Distrito Federal estão desenvolvendo técnicas próprias para garantir a segurança de clientes e funcionários em meio ao risco de contágio pelo novo coronavírus.
Liberados para funcionar pelo Governo do DF (GDF) mesmo durante a pandemia, os estabelecimentos comerciais apostam em alternativas inovadoras para resguardar consumidores e colaboradores.
A rede Melhor Atacadista, por exemplo, instalou câmaras de descontaminação por ozônio para clientes na entrada das lojas. Segundo o mercado, basta que a pessoa fique dois minutos dentro do túnel para “descontaminação total de roupas, objetos pessoais, bolsas, carrinhos e calçados”.
Especialistas alertam, contudo, que não há eficácia comprovada na utilização do ozônio para combater o novo coronavírus.
“Não tem nada que comprove a relação positiva entre o ozônio e o novo coronavírus. Há dois estudos da Sociedade Brasileira de Infectologia e da Associação Brasileira de Ozonoterapia alertando para isso”, explicou a infectologista do Hospital da Asa Norte (Hran) e do Hospital de Águas Claras, Ana Helena Germoglio.
A médica reforça que os melhores métodos de descontaminação seguem os recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Nada na literatura científica comprova que ele tem eficácia contra o coronavírus. Esse uso promove uma falsa sensação de que a pessoa está descontaminada. Os procedimentos ainda continuam os mesmos: higienização das mãos, utilização de máscaras e, se possível, fique em casa”, finalizou a especialista.
Além do uso do agente para desinfecção, o estabelecimento está aferindo a temperatura corporal de quem entra no local.
Na última quarta-feira (06/05), a Mesa Diretora da Câmara Legislativa (CLDF) afirmou estudar a instalação de um túnel de ozônio para receber servidores e visitantes no retorno aos trabalhos. O equipamento, segundo a justificativa, serviria para matar microrganismo, como bactérias e vírus.
Cada túnel custa, em média, R$ 10 mil, dependendo do tamanho. O equipamento tem sido usado como alternativa para reduzir a contaminação de trabalhadores de plataformas de petróleo e pela prefeitura de Boituva (SP).
Medidas de prevenção
Na última semana, o GDF publicou decreto determinando que as redes de supermercados atacadistas e varejistas adotem medidas de proteção contra a Covid-19 para clientes e funcionários.
De acordo com o texto, os estabelecimentos comerciais ficam obrigados a higienizar mãos e punhos de clientes e funcionários, além de fazer a limpeza de carrinhos e cestos de compras.
O Executivo local determina, ainda, que os mercados disponibilizem sabão e álcool em gel nos sanitários e em pontos espalhados pelos estabelecimentos. Os caixas, por sua vez, deverão ser higienizados “a cada compra dos clientes”.
Por fim, o GDF pede que os empresários estimulem as compras solidárias entre os clientes, reduzindo o número de pessoas nos supermercados. A manutenção de distância de 2 metros entre funcionários e clientes é obrigatória.